Hibike! Euphonium – ep 8 – Onde encontrar o amor
[sc:review nota=5]
Sabe uma coisa em que sou ruim? Bom, são várias, mas me refiro a uma que sou particularmente ruim e que tem tudo a ver com esse episódio. Com o anime inteiro, talvez. Enfim, aposto que você sabe do que estou falando. Está no título até. Sou péssimo com amor, com romance (e isso explica muito minha situação atual, mas isso não vem ao caso). Se não for algo óbvio e seguindo um conjunto de regras facilmente reconhecível (em geral aqueles que se aprende na TV), eu não vou perceber. Eu percebi com sucesso que a Hazuki estava apaixonada pelo Shuuichi, mas tanto o desenvolvimento do sentimento dela quanto seu encontro e sua rejeição seguiram regras de manual de romances adolescentes em anime do começo até o fim (apenas a declaração foi um ponto fora da curva, mas explicável). Escrevo tudo isso para dizer que eu não estava preparado para o que eu iria ver nesse episódio.
Desde o primeiro episódio, e sem nunca mudar, a Kumiko foi construída como uma personagem calma, que não se abala fácil. Desde o começo ela sempre foi também alguém que se deixa levar, no mal sentido da palavra, ela não tem muita certeza sobre o que quer ou não consegue se impôr e acaba sendo arrastada pelos outros e pelos fatos. Não que ela se incomode muito no final das contas: ela não se abala fácil. A única preocupação dela era ter chateado a Reina ainda no final do ginásio, após um concurso de bandas em que a escola delas perdeu. Compreensível. Nem mesmo a pessoa mais inabalável do mundo iria ficar feliz ou indiferente após chatear alguém mais ou menos próximo.
Assisti esse episódio, achei-o muito bonito e bem executado sim, com um enredo interessante, mas não vi nele nenhum significado mais profundo. Claro, um pouco de desenvolvimento de personagens, a Reina finalmente se aproximando mais da Kumiko, um episódio emotivo que merecia uma avaliação alta, mas mesmo assim só um episódio de ligação. Um episódio de ligação muito bem executado, mas só um episódio de ligação. Não vi nada demais. Então eu fui perguntar à internet qual a música que Kumiko e Reina tocaram no final do episódio. Em português provavelmente não porque quase ninguém está assistindo (o que é uma pena), mas em inglês esse episódio está bombando. E eu li artigos e fóruns. E nossa. Eu não percebo nada que não seja convencional mesmo.
Por exemplo, tudo bem, posso dizer que é normal alguém ficar incomodado por ter chateado alguém. Mas tanto quanto a Kumiko ficou? Nem a Reina parecia se importar com isso tanto assim mais, e mesmo depois disso ficar claro a Kumiko continuou constrangida perto (ou longe!) da Reina. Ela escuta a Reina, ela admira a Reina de longe. Ela até comparou o próprio corpo com o da Reina – ok, isso é comum em animes, mas teve um detalhe: não houve subtexto sugerindo ciúme ou inveja nessa cena. Foi mais um momento de admiração, seguido por uma certa sensação de inadequação. Nesse episódio não foi diferente.
Assim que viu a Reina toda arrumada para ir com ela ao festival, ela não conseguiu mais tirar os olhos dela. Até mesmo comparou a situação com a do mito japonês da Mulher da Neve, que atrai as pessoas com a sua beleza para a morte no frio. Ela se sentiu atraída, reconheceu se sentir atraída, e pensou como não se importaria em ser sugada e morrer. Antes seu amigo de infância a havia convidado para ensaiar fora da escola, e ela recusou imediatamente porque jamais iria querer carregar o bombardino para fora da escola, ele é muito pesado. Mas a Reina pediu que ela levasse o bombardino para um passeio em um festival e ela levou, sem questionar. A Reina disse para ela que iriam subir a montanha, e ela subiu sem achar ruim. Ela se preocupou foi com a Reina, que usava sapato de salto, perguntou se lhe doíam os pés. E ela disse que sim, mas que não se importava em sentir dor. Kumiko disse em voz alta que aquilo havia soado “sexy” (não houve erro na tradução ou duplo significado possível, em japonês ela fala literalmente “eroi”, que significa exatamente o que parece significar). A Reina não deu muitos rodeios para dizer que as críticas que fazia à personalidade da Kumiko eram uma “declaração de amor”. E teve isso:
A animação de encerramento desde sempre tem as duas ligadas pelo fio vermelho do destino, folclore japonês para uma linha invisível que conecta almas gêmeas destinadas a ficarem juntas. E eu vi tudo isso, assisti tudo isso, e nem por um instante pensei que talvez, pelo menos talvez, as duas possam estar apaixonadas uma pela outra, ainda que talvez não saibam disso (principalmente a Kumiko). Se esse for o foco do anime então estará explicado porque, por melhor que seja um enredo sobre uma banda marcial colegial que supera suas deficiências e chega (vencer? não aposto nisso) ao torneio nacional, a música está tão marginalizada no anime. Esse episódio pode ter sido o ponto de mudança – a escola até mudou de uniforme no meio do episódio. Eu sei, estou escrevendo sobre um anime do Kyoto Animation, e se eles decepcionam até mesmo com romances tradicionais, que dirá com um desses, não é? Mas sempre há insinuação, e até isso eu falhei em captar. Só percebi depois de ler sobre o episódio por aí porque pesquisava qual era a música que Kumiko e Reina tocaram juntas. O nome da música? Onde encontrei o amor.
Rodrigo Quaresma
Você realmente me assustou agora Fabio, estava claro, não, estava gritante que a Kumiko se importava com a Reina, muito mais do que como uma amiga, desde o primeiro episódio o anime se não for apenas uma armadilha para desviar o foco, é um Yuri envolvendo as duas.
A própria reação da Reina quando a Kumiko fez o comentário que a fez chorar, quanto ao resultado ruim da banda delas no ginásio, foi claramente de uma pessoa que recebeu o comentário de alguém que se importa muito, ou, seja, sempre foi reciproco, mas, ter entendido completamente isso, é outra historia, ainda mais quando se trata de mulheres nessa idade, confessar para sí mesma um sentimento gay (lésbico se preferir) é um pouco pesado e ela só confessou brevemente que não se importaria de se tragada até a morte, pelo momento, visto que Reina estava estonteante em seu vestido.
Eu não tenho dúvidas, um ser humano, pode “enfeitiçar” o outro, ao ponto de faze-lo perder a razão, há muitas pessoas que quando se dão conta, já estão na cama com outra por quem na verdade, nem tem um sentimento forte, apenas, se sentiu atraída, sentiu admiração e foi para armadilha, como um passarinho caminha em direção a uma cobra que a hipnotiza, e para seu destino fatal.
Banda, cotidiano escolar e outros elementos, são apenas o palco para essa história.
Não quero ignorar ainda, e comentar sobre o amigo dela de infância e que ela mantém em uma friendzone fortíssima, ela sente sim carinho por ele, e, quem sabe, amor, não tenho dúvidas, e, exatamente para não perder isso e para que ela continue nessa zona de conforto, que ela não dá chance alguma para ele, achei que com a declaração que ele recebeu da Hazuki poderia haver mudança, se ele começa a ficar com ela, a kumiko com certeza, sentiria ciumes mesmo, sendo agora, seu objetivo principal em termos de conquistas amorosas, a Reina e isso, porque o ser humano é egoísta e possessivo e a própria Reina percebeu isso, quando ela pergunta se ela está preocupada com ele, ela responde que não, mas, o semblante dela muda completamente, deixando claro para a Reina que havia sim preocupação, embora ela saiba claramente, que ela está atraída pela Reina e por isso diz:”Quero arranca essa mascar de boa moça que você tem” claro, se elas se envolverem romanticamente, não é algo que no japão, seja considerado próprio para uma “boa moça”.o que vem depois, não sei, só sei que esse anime trabalha com aquele tipo de sentimento que as vezes, não queremos confessar, nem para nós mesmos, ou, não tomamos consciência.
Fábio "Mexicano" Godoy
Eu sou ruim mesmo para perceber essas coisas, não tenho jeito =) Eles não desenvolveram essa relação usando clichês padrão para que eu entendesse desde o começo. O que eu acho bom, porque esses clichês existem para tornar a relação sexualmente atraente para o homem espectador, não realista, não o que realmente aconteceria. Eu não entendi, como não entenderia algo assim acontecendo de verdade do meu lado, mas perceber depois, descobrir depois, foi muito interessante.
Rodrigo Quaresma
Tudo bem, mas, seu artigo está ótimo, e sincero, isso que importa, e mais bacana no fim, é ver que animes podem acrescentar alumas coisas, diferente do que alguns preconceituosos pensam e ser surpreendido por uma ideia que aparece na ficção, é realmente interessante e nos faz refletir em muitas possibilidades, e por isso, é interessante.
Fábio "Mexicano" Godoy
Sem dúvida. Embora eu tema que não vá vingar muito (e vou ficar irritado se além de não vingar ela acabar ficando com o amigo de infância – mas isso é gosto pessoal =P). Sabe como é, depois de vários animes, aprendi a não esperar romances que se realizam de verdade em séries do KyoAni.
Fernanda
Sabe, eu percebi essa relação desde o primeiro episódio. Quando Kumiko pergunta pra Reina se ela realmente achava que a banda iria para as nacionais, e a reação da Reina ao ver aquela pergunta tão decepcionante, me abriu o olhos e me concluir: caramba não acredito, acho que eu to shippando as duas! E o ending com aquela afirmação só me fez ter certeza.
Fiquei surpresa ao ver que você não notou o episódio 5, quando a Kumiko falou sobre o sorriso da Reina, ali ficou uma coisa bem explicita.
O problema é o novel (KyoAni informou que não vai seguir o novel), que pelo que parece, demonstra essas relações são explicitas tanto quanto foi no anime(obs: nunca li o novel, só vejo artigo do pessoal que falou que soube através de alguém). Mas qual é o problema? O problema é que no 3º volume a Kumiko fica com Shuichi, e parece que no novel também a relação dos dois é mesma. Mesmo se ela gostasse um pouco do Shuichi, não há como ignorar a relação dela com a Reina, é impossível. Mas como o novel ainda tá em andamento, não sabe se a Kumiko continuara com Shuichi.
Ah, valeu por me passar a musica. Desde que eu as ouvi tocando, essa musica despertou um sentimento ótimo em mim, mas não sabia o que era, até saber o nome da musica. Se a KyoAni tentar colocar um final entre o Shuichi e Kumiko, será um disperdício para todo desenvolvimento que teve até agora entre Kumiko e Reina.
Fábio "Mexicano" Godoy
Depois do episódio 9, sobre o qual escreverei ainda, suponho que seja possível que a Kumiko acabe mesmo ficando com o Shuuichi, não por gostar de verdade dele, mas meio por pressão social, para atender as expectativas de outros ao redor dela. Ela já estava constrangida pelo Shuuichi desde que ele se declarou para ela, e ficou ainda mais depois que a Hazuki disse que “sabe” que ela está afim dele. Esse tipo de coisa acontece, pessoas ficam juntas porque outros ao redor esperam isso delas, as vezes acaba dando certo e as vezes é uma bosta. A Kumiko é o tipo de pessoa que se deixa levar pelos outros muito fácil, então eu realmente a vejo sucumbindo a essa pressão. E com tudo isso eu quero dizer que, nesse momento, não acho mais irritante, revoltante ou artificial que ela fique com o trombonista, mas concordo com você que seria uma pena se o anime terminasse com os dois juntos e a Reina de lado.
Fernanda
Você me fez ver toda essa história por um outro lado, e isso é legal. No meu subconsciente acha que Komiku só ficaria com Shuichi pra agradar alguém, e não por vontade própria, tanto que até nesse episódio nove, ela passou ver Shuichi com outros olhos, mas não um que tivesse apaixonada, mas que devia uma satisfação, que deveria conversar com ele sobre o ocorrido.
Essa relação dela com a Reina foi muito mágica, entende? Nem mesmo em mangais yuris, vemos uma relação crescer tão naturalmente ao ponto delas nem perceberem isso. Ao ponto do publico achar uma coisa, mesmo que o yuri não esteja no gênero do anime.
Adryan
Deve ser triste demais ver duas amigas próximas e achar q aquilo é interesse romântico