[sc:review nota=3]

Nenhuma pista nova nesse episódio. Os detetives Moe e Souhei passaram o episódio discutindo sobre o que já sabem e sobre como proceder com relação à polícia. E além disso a Moe ficou andando pelo laboratório de biquíni e toalha também. Eles deduziram um ou dois pedaços de informação que, estando corretas, mudam a forma de encarar e tentar resolver o mistério, mas como são apenas conjecturas podem muito bem estar erradas. E nesse vazio de novas pistas, somado ao ruído ensurdecedor dos gritos dos suspeitos que não existem, uma hipótese antiga que eu já havia descartado porque não queria que estivesse correta pede para ser reexaminada.

O que aconteceu de objetivo nesse episódio: acho que o mais importante é a confirmação de que a Shiki de fato foi presa dentro daquele quarto. Sei lá né? É tudo tão misterioso que não pareceria loucura supôr que ela nunca esteve lá dentro. Sobre a Michiru que a Moe encontrou no programa de simulação e que suscitava tantas hipóteses esse episódio joga meio que um balde de água fria ao dizer que as máquinas são conectadas umas as outras, alguém pode sim ter se intrometido na simulação da Moe, e isso pode ter sido feito de qualquer computador do laboratório por qualquer pessoa que consiga manipular arquivos de áudio. Nem o fato da conversa entre a Moe e a Shiki ter sido citada pode ser considerado uma pista relevante, já que uma das primeiras coisas que a Moe descobriu, ainda a caminho do laboratório, foi que a conversa havia sido gravada e assistida por várias pessoas. Quanto ao “tudo muda aos quinze (fifteen)”, o professor Souhei sequer mencionou para a Moe que havia chegado a essa conclusão antes e ignorou, voltando a falar “F”, e está focando sua análise agora no “muda/transforma-se”. É chato quando um detetive não compartilha sua linha de raciocínio, mas Perfect Insider disfarça isso com a Moe pedindo para que o Souhei guarde suas conclusões para si próprio. Valeu, Moe! Filha da mãe.

Em um universo paralelo, Moe seria uma personagem yandere

Em um universo paralelo, Moe seria uma personagem yandere

Além disso, o laboratório trocou seu sistema operacional: sai Red Carpet e entra Unix. Bom, o Red Carpet era um sistema Unix e eles não dizem qual Unix começou a rodar, mas isso não importa, só estou sendo chato porque trabalho com isso. Dois dados notáveis sobre a mudança: o Red Carpet foi especificamente desenvolvido para gerenciar tudo no laboratório, então é possível que hardware especializado não funcione corretamente ou pare de funcionar, e como exemplo eles falaram das portas. Mas acrescento outros sistemas importantes que podem parar de funcionar: segurança (incluindo identificação de voz e palma da mão, além das câmeras), o simulador que a Moe utilizou, a iluminação, os carrinhos autônomos. O segundo dado notável sobre a mudança de sistema é que ele ocorreu muito antes do previsto: o vice-diretor Yamane é muito ruim em estimar tempo ou ele errou ou foi induzido ao erro deliberadamente. Considerando a posição que ele está e a experiência e conhecimento que deve ter acumulado, acho improvável que ele seja incapaz de estimar o tempo para essa troca. E um comentário que eu preciso fazer: a Shimada é do caos, né? O que foi ela dando em cima do Souhei deliberadamente naquela situação, com a Moe presente e nas circunstâncias em que o laboratório se encontra? Suponho que a vida deva ser muito solitária mesmo para quem trabalha em um laboratório isolado do mundo que realiza pesquisas confidenciais.

Eu já comentei noutro episódio como é comum os dois aparecerem fisicamente separados quando discutem o caso

Eu já comentei noutro episódio como é comum os dois aparecerem fisicamente separados quando discutem o caso

E como Souhei e Moe reagiram a tudo isso? Bom, a Moe superou o susto que levou na câmara e o ciúme flamejante causado pela Shimada e está feliz da vida com o professor. Feliz porque ele está ali com ela, e feliz porque se lembrou que ele sempre esteve com ela, desde quando seus pais morreram. Ela se desculpou por tê-lo ferido naquela ocasião, aliás. Diz até que nem se importa mais tanto com o caso, mas lógico que isso não é verdade, ela só falou no calor do momento – embora faça algum sentido que o interesse dela diminua sim, já que isso estava diretamente relacionado à morte dos pais dela, e ela já se lembrou do que aconteceu. Será que a Shiki teve algo a ver com o acidente dos pais da Moe? Isso aqui sou eu dando um chute de canela no escuro sem nem saber onde está a bola, hehe. O que dizer? Minha linha de raciocínio e forma de investigação é semelhante à da Moe. Imagino vários casos hipotéticos e ligações entre os dados que eu tenho e testo a verossimilhança dos cenários traçados mentalmente. O método do Souhei, ele fez questão de dizer, é diferente. Ele está mais preocupado com as razões do que com os fatos, e acho que foi só isso o que entendi de “diferente”. Por que o que mais ele faz? Delira com avestruzes? Ele precisa buscar pistas como todo mundo. Precisa pensar sobre elas da mesma forma. A diferença só pode estar nisso: ele não se importa tanto em descobrir o quê aconteceu quanto ele se preocupa em saber porque aconteceu. Daí ele que fique muito tempo fixado em alguma ideia, pensando e repensando nela. E nisso ele chegou a uma conclusão: a Moe nunca conversou com a Shiki. Eu já havia pensado nisso por várias razões, mas por que ele pensou nisso? Foi aí que a Moe disse que ele não precisa contar. E foi aí que eu fiquei com vontade de enfiar aquela faca na Moe ou usá-la para ameaçar o Souhei a dizer, sei lá.

A Moe está mais feliz do que pinto no lixo de estar ali sozinha com o Souhei

A Moe está mais feliz do que pinto no lixo de estar ali sozinha com o Souhei

Se não era a Shiki, era quem? Era a irmã dela, a Miki? A Moe diz que as duas eram diferentes. Quem não conhece bem não perceberia, mas a Moe garante que ela perceberia. Se a própria Moe diz isso, ela não pode ter conversado com a Miki em primeiro lugar, certo? Então terá sido uma simulação de computador? O episódio anterior mostrou uma boa simulação da voz da Shiki (mas não da aparência, que ficou com ruídos até o fim – evidência de um ataque?), e a Shimada garante que isso é fácil de forjar. Explicaria muito bem as duas conversas terem conteúdo semelhante e a segunda referenciar a primeira. Se não era a Shiki, nem a Miki, nem uma simulação, era outra pessoa? Quem?

Aqui sou forçado a revisitar uma teoria que citei no artigo do terceiro episódio apenas para refutá-la: aquela no vídeo bem como o cadáver poderia ser a filha da Shiki. E a Miki, nesse cenário, seria a própria Shiki. Eu não gosto da ideia porque transforma em vilã uma pré-adolescente e em vítima um homem adulto que deitou-se com ela. É um motivo mais ideológico do que técnico, admito. Mas continua sendo problemática a ideia de dar à luz trancada em uma sala excluída completamente de qualquer contato humano com um corpo tão jovem, e depois ainda criar essa criança. É o tipo de detalhe que um mistério não deveria ignorar, mas ficção em geral ignora coisas assim em favor do prosseguimento do enredo. O momento crítico é o parto e a recuperação a seguir, mas se a Shiki tiver conseguido superar isso sozinha (ou com ajuda direta ou indireta do diretor), criá-la em seguida pode ser complicado mas de forma alguma seria impossível. O fato do pai ser tio da mãe faria a criança ser mesmo bastante parecida com a Shiki. Os braços e pernas não necessariamente foram cortados dela depois de crescida … a Shiki pode ter achado cruelmente mais fácil lidar com uma criança amputada desde cedo. Talvez ela vivesse na cama, e talvez isso desse uma razão para a existência do robô abridor de portas Michiru. Depois de quinze anos lá dentro, ela planejou sua fuga, matou sua filha e, talvez isso não estivesse nos planos, o diretor na sequência. Enfim, isso é uma teoria bem maluca ainda e espero que esteja errada, mas ela ganha verossimilhança porque a essa altura a única “suspeita” é a própria Shiki, e não imagino como ela poderia ser culpada por tudo de outra forma. Chego a essa conclusão analisando pistas como a Moe e motivações como o Souhei.

  1. Eu entendo a maior parte, mas não entendo tudo esses animes que quase precisa ser um filósofo para entender, mas eu gosto muito deles, e lendo seus textos eu consigo entender tudo muito melhor, mesmo que quando sai um novo episódio eu já esqueci o que aconteceu, então valeu mesmo por fazer esses artigos tão perfeitos. Sobre o anime, eu acho que o cadáver pode ser a filha da Shiki, por isso seu corpo parece mais jovem e explicaria alguns outros fatos. Mas eu sou péssimo em adivinhar o que vai acontecer nos animes então nem levo fé.

    • Fábio "Mexicano" Godoy

      Mas nesses animes eu mais erro do que acerto =D

      Escrevo porque gosto, e fico feliz que goste também, obrigado! O benefício que tem para mim é que ao escrever eu me forço a pensar mais, eu fixo melhor a memória e faço mais ligações e especulações.

      E SPOILER do episódio 9: ~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~~ é isso aí mesmo que você falou.

      • Nossa, acertei, não acredito. Eu tinha comentado enquanto assistia o episódio 8 e ainda não havia lido seu artigo do ep 8, hoje que eu li, então vi que você também pensava isso ;-; haha. Eu ainda nem assisti o episódio 9, mas não quando li SPOILER não consegui resistir.

        Por favor, nunca pare de fazer seus artigos >o<

      • Fábio "Mexicano" Godoy

        Não pretendo parar de escrever tão cedo, obrigado por ler! =)

        Eu vi essa teoria pela primeira vez em um blog em inglês já no episódio 3. Como eu digo no artigo do episódio 9, desde que o caso começou já tinham desvendado ele inteiro, o que me leva a pensar se o desvendaram mesmo ou se foi só spoiler camuflado de quem já leu o livro.

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