Chou Kadou Girl ⅙: Amazing Stanger – As bonecas que viraram mini gente
Produzido pelo Studio A-CAT, Chou Kadou Girl ⅙ foi ao ar nessa temporada de abril como um dos inúmeros curtas de comédia que lançaram. Bebendo de fontes diretas como os animes Busou Shinki e Frame Arms Girl, assim como outras indiretas feito Rozen Maiden e Chobits, a história se propõe a apresentar novamente aquele conto dos “brinquedos” que ganham vida, mas como será que se saíram nessa empreitada?
Particularmente, eu simpatizo muito com esse tipo de enredo imaginativo que envolve a relação entre humanos, robôs ou bonecos, e como tive uma boa experiência com as séries que citei acima, então nada mais lógico que curtir mais uma boa adaptação do tipo.
Gosto da ideia do protagonista ser de fato um otaku nível hard e que agora tem a chance de ter suas musas ao vivo e a cores, até porque nas outras histórias os garotos além de serem bem comuns, sempre tinham reações mais equilibradas para a situação que viviam. Aqui já funciona de forma diferente, tudo no protagonista é extremo e afoito, o que diverte mais e ainda cria uma maior identificação com a classe dos fanáticos.
Um positivo da série está em seus personagens estereotipados e malucos, com destaque para Haruto, que é o tipo otaku que vive pelo universo dos animes e a Nona, sua figure favorita e vinda do anime que ele mais gostou. O charme da boneca está exatamente em sua instabilidade. Ela é inteligente, fofinha e se adapta rápido, mas também é especialista em criar confusões do nada, enquanto também varia de alter ego – o que faz a história se movimentar até sem precisar.
Os secundários também cumprem o seu papel e complementam bem o grupo central, como Bellnoa, que é séria e responsável, o alien Ozma e a doida varrida, Subaru – que protagoniza algumas das melhores cenas. O anime em alguns momentos também se utiliza da irmã centrada de Haruto e seu melhor amigo Seijirou, que é tão desajustado quanto ele e meio antagonista, ironicamente.
Imaginei que com uma premissa simples, o conjunto da obra fosse ser bem despretensioso e talvez não funcionasse muito bem, resultando numa comédia fraca e sem muita coerência, mas em sua totalidade isso não ocorreu. A maior parte dos acontecimentos é bem bobinho e realmente não gera tanta variedade, no entanto aquilo que funciona se deve exatamente a esses personagens.
O fanservice costuma fazer uma visitinha em vários momentos e em graus diferentes, mas tem um encaixe certo nas cenas, servindo mais para alguns dos momentos de comédia e não surgindo do nada apenas porque sim – ainda que o fetiche possa continuar incomodando a muitos.
Utilizar 12 minutos como duração foi uma decisão bem acertada, já que pelo formato das esquetes e o pouco que acontece, o excesso de tempo poderia tornar a coisa mais maçante de ver. Apesar de gostar da ideia inicial, a trama peca por se resumir às crises existenciais e românticas de Nona e a aparição de novos personagens a cada episódio, não desenvolvendo muito para outros lados e nem focando em um eixo que pudesse conduzir o restante da história – mas já adianto que os pontos negativos não invalidam o entretenimento geral.
Falando em romance, esse não chega a níveis absurdos, já que mesmo sendo “casados legalmente”, os protagonistas possuem uma relação de companheirismo normal e se apoiam mutuamente – ainda que ela aja como uma esposa ciumenta e sem noção muitas vezes, até pegando guerra com suas outras personalidades.
O harém de figures é uma zona e Haruto tenta se manter fiel, considerando as outras como amiguinhas das quais ele é fã roxo, assim como é de Nona.
Quanto a parte técnica o anime é ok, não existe muito detalhamento e a animação não tem grandes momentos, mas o CG é bem feitinho dentro das possibilidades do estúdio e consegue se mesclar com a parte 2D no geral. As músicas utilizadas nas cenas são legais e remetem aos BGM’s dos jogos antigos o que dá mais identidade ao projeto.
Bom, para quem busca coisas trabalhadas ou mais profundas e que se valem de mais subtramas, sugiro dar a meia volta, mas se você é fã desse tipo de obra em sua simplicidade e sem muito pensamento, acho que vale a pena conferir porque o anime faz a sua parte direitinho.