Comédias sempre são um prato cheio para mim toda temporada, então o anúncio desse isekai – por mais repetitivo que o gênero soe -, já me despertou o interesse de ver até onde a história de um herói absurdo e sua deusa “meia boca”, poderia ir. Com personagens que se agarram a suas próprias bizarrices, Kono Yuusha já me conquistou de primeira e eu faço questão de mostrar como.

O anime é uma adaptação da light novel de Tuchichi – cujo primeiro volume foi resenhado pelo meu companheiro Kakeru -, que trabalha a dinâmica entre essas figuras num mundo de fantasia cheio de deuses, monstros e por aí vai. Pode parecer só mais uma história de um cara “overpower” se aventurando por aí, mas acredito que se somada as pequenas peculiaridades da obra, podem render uma combinação legal no final.

Ristarte vulgo Rista é uma deusa da cura, cujo objetivo é se tornar uma divindade de alto nível, famosa e respeitada por todos. Essa me ganhou sem muito esforço pela sua natureza cômica “incorreta”, se assemelhando bastante a Aqua de KonoSuba. Recebendo dos deuses maiores a missão de salvar Gaeabrande, ela se desespera pela dificuldade que terá para provar sua qualidade, e apela para um novo herói que possa lhe render a vitória que busca.

Gosto bastante de como ela joga com sua personalidade, mostrando uma fachada bonitinha de deusa decente e ao mesmo tempo liberando seu eu interior mesquinho e aloprado. Penso que personagens que se “jogam na lama” são os melhores e isso a moça faz com maestria, alavancando a comicidade da coisa, já que com ela “cada mergulho é um flash” e não tem espaço para uma cena parada.

Logo no comecinho achei interessante a explicação que ela dá sobre seus métodos para escolher heróis, porque isso faz uma certa crítica sobre a própria indústria da animação. Rista está acostumada a trazer pessoas do Japão, porque os isekais são populares e isso facilita seu trabalho de explicar as coisas e mecânicas daquele mundo.

Como extra, a deusa ainda levanta outra questão sobre o fato de mesmo com uma certa queda, o mercado permancer próspero para o gênero – o que nós vemos que é uma clara verdade, visto a quantidade imensa de obras lançadas a cada ano e temporada, incluindo essa.

Após ver o nome de Seiya e os seus bons status de combate – fora que era o único com algum diferencial nominal, já dando um up no currículo -, ela o traz a sua dimensão e é aqui que começam os melhores momentos do anime. O rapaz é ridiculamente cético e desconfiado, sendo até grosseiro por conta disso, o que deixa a deusa possessa, já que além do seu baixo status, ela agora ainda tem que lidar com o gênio impossível de um herói problemático – que tem o adendo de não saber nada de jogos ou coisas do tipo.

Tudo o que a maluca faz é visando a sua subida no rank divino, e se ludibriar Seiya é necessário, ela manda ver. A dificuldade aqui é que ele simplesmente não acompanha ou compra o que sua companheira diz, rendendo risadas pelas reações, caras e bocas que a mesma faz a cada deboche ou grosseria – que inclui a rejeição dele ao charme e simpatia únicos dela.

Se ela é egoísta por poder, o protagonista é bem pior, porque ele só pensa na sua integridade física e ela que se dane. Quando eles vão a Gaeabrande pra começar a aventura é que começamos a ver a extensão da perturbação mental, com um exagero que parte da escolha de três armaduras iguais e superpoderosas, até os golpes excessivos no pobre slime – que deve ter levado na base de uns 10 golpes especiais e nem deve renascer depois disso.

Passei mal de rir com a parte da batalha e fiquei morrendo de pena da Rista, porque o Seiya realmente não é fácil e ela vai cortar um dobrado para conseguir usá-lo. Ao final apareceu uma dos quatro reis malígnos e o poder dela é imenso, fazendo o Seiya recuar sem nem pensar duas vezes. Dada a perseguição que se iniciou e a diferença de habilidades, me pergunto como eles farão para escapar de alguém como ela no episódio seguinte.

Entrando um pouco nos detalhes, Kono Yuusha não foi didático em seu início e com isso ainda não temos uma explicação muito clara sobre aquele mundo e o seu funcionamento – como eu já esperava -, mas o pouco que expuseram já me deu uma situada básica que dá para cobrir a curiosidade inicial, vamos ver como isso se desenrola em meio a toda comédia espalhada. Alguns dos personagens secundários também já deram o ar da graça rapidamente, como a bela Aria que é mestra da deusa atrapalhada, agora só faltam chegar os outros.

O anime começou muito bem, usando de uma dupla carismática na verdade a Rista que é bem legal, o Seiya só complementa, diálogos divertidos e uma parte visual bacana que – além de entregar o necessário na ação – explora bem o potencial cômico que a obra tem a oferecer. Espero que os próximos sejam tão bons quanto essa estreia, porque ela definitivamente me convenceu.

 

  1. Concordo com quase tudo escrito no artigo, menos a parte do Seiya ser um personagem carismático (todo o santo episódio cada vez que o Seiya falava, só me lembrava do Goblin Slayer, ter o mesmo seiyuu dá nisto).

    Agora a Rista, ela para mim levou o episódio às costas, as expressividade dela é excelente, cada vez que ela fazia uma careta tive que pausar o episódio para rir (como citado no artigo, a Rista em alguns momentos parece a Aqua). O processo de selecção do herói foi das partes que mais gostei no episódio, o facto da Deusa da Cura Rista só escolher heróis vindos do Japão foi bem bobo, a Rista caiu no erro de acreditar que todo o japonês sabe o que fazer quando fosse transportado para outro mundo.

    Achei bem interessante, o facto dos deuses terem que fazer quests para elevarem o estatuto e as várias diferenças entre deuses veteranos e deuses novatos.

    Passando ao Seiya, desde quando dá para aumentar o XP só a fazer exercícios? Quero um sistema desses para os jogos RPG que jogo. Achei muito engraçado a parte em que a deusa Rista dá uma bolsa de moedas de ouro para o Seiya comprar o seu primeiro equipamento, ele ai se provou verdadeiramente precavido (desde quando se tenta comprar três armaduras idênticas, ele é louco). Não bastando esse momento engraçado, o ataque ao slime foi o ponto forte do episódio, a qualidade da animação ai esteve muito boa (coitado do slime, ao primeiro golpe ele já estava morto, mas para o Seiya isso não pareceu verdade).

    A parte final também foi muito boa, não esperava que logo de cara fosse aparecer um dos lacaios principais do Rei demónio, foi uma boa quebra de cliché (e melhor ainda foi ver o protagonista fugir que nem um louco, enquanto a Rista ia atrás dele só a fazer caretas de raiva e medo).

    Espero que este anime mantenha a qualidade do seu primeiro episódio.

    Excelente artigo de primeiras impressões JG.

    • Oi Kondou, obrigado pelo elogio!

      Rapaz, quando eu falei da dupla carismática, note que eu coloquei: “na verdade a Rista que é legal, ele só complementa”. Acho que eu devo ter escolhido mal as palavras, mas isso foi no sentido de dizer que ele só a acompanha e faz aflorar o que ela tem de “melhor”, com o jeitão grosseiro dele (porque na verdade ele é tão expressivo quanto uma parede de pedra né kkkkkk).

      Que bom que assim como eu você conseguiu curtir o estilo do anime, vamos torcer para que ele vá bem e só cresça com esse bom ritmo.

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