Sempre que chega a fase da competição em um anime, já ficamos ansiosos para ver que tipo de motivação haverá por trás de cada participante, aquilo que irão mostrar frente ao público dentro da sua arte, e como tudo isso vai ser conduzido, de modo que faça sentido na história que está sendo contada.

Os dois episódios concentram forças nas poderosas escolas Himesaka e Hakuto, uma conhecida pela sua técnica, trabalho em equipe e força, enquanto a última surpreende com os seus talentos naturais e a expressividade única de seu som. Ambas são rivais que demonstraram a capacidade de acabar fácil com qualquer sonho, ou determinação meia boca que nossos protagonistas pudessem ter – o que não é o caso aqui, felizmente.

O que eu mais gostei de ter visto, foi a forma como o anime trabalha essas duas equipes, como diferentes faces de uma moeda, sendo a equipe da Tokise uma espécie de representante do equilíbrio entre essas duas forças – e para quem notou, as duas apresentações e os panos de fundo de cada equipe, reforçam bem essa ideia.

A Himesaka representa um olhar mais maduro – talvez conservador – e ouso dizer que até pé no chão, em relação a música em si e aos seus concorrentes. As garotas tem consciência da própria posição e entendem o significado da sua derrota passada, no que acho curioso que mesmo centradas, ainda existe uma divergência mais interna.

As mais novas são impulsivas e principalmente ingênuas, quanto a coisa de serem as melhores da região há muitos anos. Já as veteranas tem um pensamento claro sobre como as coisas realmente funcionam na prática, não confiando na posição de invencibilidade que conquistaram até agora, reconhecendo que aquela queda era um mal necessário ao novo grupo que estava sendo formado.

Eu sempre achei a Kazusa interessante apesar dos “it’s” de menina rica dela, e aqui eu pude ver o quanto ela de fato aprendeu e de brinde vi seu lado mais humano. Ela expõe um lado que sabe dos erros cometidos contra si mesma, seus adversários e o koto ao qual tanto se dedica, procurando se corrigir com diligência e sinceridade de alma.

Somada a ela, o time inteiro tem muito conhecimento e garra – a coordenação delas é um dom e uma prova disso -, também acho que a professora delas é bem competente na forma como conduz seu grupo, pois ela realmente leva a sério o conjunto da obra, sendo rígida para realizar o que precisa, mas igualmente compreensiva nos demais momentos em que necessita ser branda.

Só lamentei bastante pela Hozumi – um amor de pessoa -, que na sua condição de mais velha, tinha muito para dar, mas pouco para trabalhar, ficando de fora. Ela serviu não apenas como uma fonte de inspiração para Kazusa e a Wakaba, mas se mostrou uma forte amiga e companheira de treinos.

Apesar do empenho, foi triste somente ela ter sido deixada de fora, e de primeira até fica parecendo que foi uma sacanagem aleatória, mas o diálogo dela com a professora evidencia que nem tudo é o que parece. Depois disso eu realmente passei a torcer pela Himesaka, porque o espírito de união e a força de vontade delas inspiram quem as acompanha.

O Chika fez uma observação interessante quando falou sobre não gostar da apresentação das garotas antes. Acredito que em função de sua mentallidade vitoriosa, a música que tocavam soava sem brilho e desprovida de sentimentos, então isso ficava traduzido em cada som – o que faz total sentido quando analisamos o atual desempenho delas.

Na apresentação dessa competição, a harmonia entre as garotas, a beleza do seu toque e o equilíbrio geral, ornam perfeitamente com a proposta refinada e rebuscada da música e acho que a professora captou isso quando a escolheu. Elas foram para ganhar e quem assistiu pode sentir o vigor do objetivo delas.

Saindo do quadrado para o redondo, a Hakuto é uma escola recente no cenário competitivo e os seus novos talentos, principalmente o enigmático Mio e o compositor – também conselheiro – do grupo, cederam a escola a vitória passada.

Simplesmente “detesto” como esse anime me faz ter pena de todos, e apesar de ser um clichê comum, digo que não é sempre que fico preso pela história de alguém, mas o professor merece a minha simpatia. Desde que foi apresentado, seu segredo me intrigava porque eu não entendia qual a sua conexão com a música e nem o porque daquela movimentação estranha em torno da vitória.

Considerei uma surpresa e algo fantástico, o fato de ele ser um prodígio inesperado usando seus talentos matemáticos, mas acho uma pena que ele tenha sobre si o fardo dos negócios familiares e a saúde frágil do pai para tirá-lo da sua realização de agora.

Tocando um pouco nesse tema dos negócios, é curioso esse ponto porque apesar de na prática ser algo bom – já que dá alguma garantia de estabilidade -, isso sempre é colocado de uma forma negativa, como se assumir uma outra atividade te impossibilitasse de viver qualquer outra experiência.

Entendo que a responsabilidade te limita em alguns aspectos, mas acho que as vezes existe um certo exagero em cima disso, no que o peso maior do drama dele, está realmente na necessidade de se afastar dos alunos e não de deixar a música – não que isso torne a situação menos importante, mas é só uma observação pessoal sobre o tema em si.

Yamamoto conquistou os alunos com sua gentileza, dedicação incondicional a música, persistência e todo o estudo que fez do zero, itens esses que resultaram num excelente trabalho e uma sólida equipe. Considerando isso, como não presentar um homem desse com mais uma vitória? É isso que todos eles almejam nesse exato momento – outro desejo nobre e que vem de uma luta coletiva.

A forma como ele conheceu seu melhor aluno também foi estranha e ao ocaso, mas funcionou para ambos, já que um queria a mão de obra para executar as canções, e o outro a inspiração para continuar tocando e enxergando a beleza dos sons que se perderam em algum momento da sua vida.

Mio tinha seus complexos em relação ao som único que procurava e sinceramente não consegui entender direito o que ele queria dizer, mas associo isso a uma transmissão de sentimentos e liberdade – coisa de gente super talentosa e que atinge um “ponto de estagnação” por pressão pessoal ou externa. Nesse quesito a Tokise parece ter deixado uma forte impressão nele, pois assim como o professor, eles eram o que ele procurava sem saber.

Durante a sua apresentação, diferente da Himesaka que usou as nuances para destacar sua força, a Hakuto expressa uma calmaria que tenta dar destaque a leveza do som, uma espécie de momento de imersão, de descobrimento da verdadeira música. O “Katakago” representa o que é a jornada daquela escola, mas principalmente a caminhada do rapaz e do professor.

Enfim, foram dois excelentes episódios e que deram uma boa estrutura para os rivais dos nossos protagonistas. Uma equipe forte vem no começo totalmente revitalizada e uma outra tão perigosa quanto aparece em seguida, como será que a Tokise vai lidar com tais adversários e motivações? Fico ansioso pelo que o décimo segundo episódio nos trará.

Agradeço a quem leu e até o próximo artigo!

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