O Niander Wallace está embriagado por seus poderes de “deus”. Nenhuma novidade aí. O que mais me surpreendeu nesse episódio, ainda que nem tanto, foi o que aconteceu com o J porque a luta da Elle com o novo “brinquedo” do vilão não foi nada inesperada. Nada mesmo.

Desde o princípio do anime eu gostei do J e via nele boa intenção ao lidar com a Elle. Se não tivesse conhecido a Serena no passado, dado o seu histórico como Blade Runner, duvido que ele teria toda essa boa-vontade e sem ela não teria sido preterido para a “função” como foi.

O problema é justamente esse, desde o começo tudo foi premeditado quase que nos mínimos detalhes, como se conceitualmente a Elle existisse só para queima de arquivo e facilitar a sucessão na empresa mesmo. e Isso coloca em cheque toda essa boa-vontade que eu via no J.

Além de ser idiota ele não ter sacado que quem estava por trás de tudo isso era o Wallace filho. Na verdade, é ele não ter sacado o óbvio que eu mais estranho, afinal, ele foi contratado pelo cara para ajudar a Elle em troca de algo que lhe interessava. Ele não melhorou muito mesmo.

Ao mesmo tempo, é de fato interessante ver o personagem ser pintado dessa forma mais cinza, até brutal. Ele até deixa a decisão do que fazer nas mãos da Elle, mas insistir tanto para um desfecho, e um conveniente para ele, não me convence de que não estava tentando só induzi-la.

Ainda gosto do J, acho que ele nunca quis o mal da Elle, mas falar isso é fácil quando se está fazendo justamente o mal para a garota. Ele entrar em contato com a Davis para pedir que prendesse a heroína, e com isso protegesse a garota, acabou sendo a menor de suas incoerências.

Acaba que eu não sei se o personagem foi pensado de forma equivocada ou se seu arco de redenção (que pode muito bem virar um misto entre isso e a condenação) vai resultar em algo diferente meio que a justificar toda a sua controvérsia, que existe e não é pouca.

E isso por mais que sua intenção tenha sido livra-la do vilão. Aliás, ele é burro mesmo, pois estava na cara que seu plano não daria certo. Exceto se tudo que fez foi apenas para aliviar a consciência e não exatamente pensando no que seria bom ou não no que se refere ao destino da Elle.

Depois de ter matado a mulher pela qual supostamente se apaixonou por entender que não poderia lutar contra forças maiores que ele é difícil de engolir seu plano falho e óbvio. J é um personagem riquíssimo de contextos, tanto que seu veredicto só vai dar para dar no final mesmo.

Algo nesse anime que não precisa disso é a ação, que mais uma vez entregou ótimas cenas, e dessa vez trazendo alguém para rivalizar em combate com a Elle, alguém cujo “atributo-base”, o que diferencia as possibilidades e personalidades de humanos e replicantes, difere do dela.

O Niander Wallace quer acabar com as provas de seus atos com muita extravagância, o tipo de coisa que super imagino vindo de alguém tão “peculiar” como ele. Peculiar e perigoso. Lembrando que a caracterização megalomaníaca dele é bem clichê, mas não é necessariamente ruim.

A corrupção pelo poder é algo intrínseco a ideia de conflito na ficção e a existência da sociedade como um todo, então é relativamente simples e fácil lançar mão de um vilão assim, ainda mais dentro do contexto no qual é desenvolvido a trama. Vilão, não dá para relativizar muito seus atos.

Eu só queria entender porque a Elle, que matou o chefe do cientista, conseguiu adentrar tão facilmente seu recinto de trabalho, anda que fosse um novo. Por que a polícia não está atrás dela e o caso foi abafado? É o que tudo indica. O vilão quer limpar sua sujeira tanto quanto possível.

E é por isso, e também porque sei que ele não vai morrer, que aposto tanto em uma tragédia para o final do anime. Se não isso, é certeza que a tal da “justiça” não será feita. Com sorte a Elle sobrevive e vive feliz para sempre, mas o quanto isso seria descaracterizar a própria personagem?

Ela passou a trama toda correndo atrás de reparação, acabar sem isso seria broxante. Não que só a alcançará matando o vilão também, o meio termo (ainda que eu não saiba qual) seria a chave para termos um final “ideal” mesmo sem gordinho simpático e com senpai muito do sacana.

Até a próxima!

P.S.: O que o Joseph quer com o Marlowe mesmo? Aliás, o J vai sair da história e pronto? Espero que não, pois ele pode ser um trunfo para a “salvação” da heroína e sua própria “redenção”. Em todo caso, o que restou foi ver o passarinho saindo da gaiola. Vamos ver se vai dar certo.

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