Spy x Family – ep 2 – O melhor pedido de casamento da história
Gostei bastante da abertura do anime, mas nada se compara ao próprio anime, ainda mais quando ele começa com uma cena da Anya rejeitando o Franky de mamãe. Se o Loid fosse o James Bond uma parceira de espionagem não faltaria, mas isso aqui não é ficção, não é?
Brincadeirinha, é sim, tanto que só na ficção mesmo para um homem arrumar uma esposa em 48 horas e uma mulher uma família (marido e filha de brinde). Spy x Family é tão absurdo em vários momentos que a gente não tem mais o que fazer a não ser relevar pela diversão.
E dá para relevar tranquilamente, ainda mais quando pelo menos o básico é bem feito, como a apresentação da Yor e da pressão que a sufoca rumo ao casamento, pois ainda que as colegas dela sejam caricatas por demais, eu consigo entender a situação em que ela se encontra.
E pior, no país deles as mulheres mais velhas e solteiras são pressas como espiãs. Segundo o que o Loid diz mais tarde, algumas delas realmente são isso, mas é difícil imaginar que seja o caso de todas, assim como é fácil imaginar a sociedade exercendo essa pressão ridícula nelas.
O interessante aqui é que no caso da Yor essa sequer é sua grande preocupação. Inclusive, acho que por ela não há urgência alguma em arrumar alguém, tanto que quando ela arruma é de mentirinha. Yor faz isso para tranquilizar o irmão e evitar as más línguas.
A mulher é uma santa, mas sabe o que é legal nisso? O contraste, pois ao mesmo tempo em que a Yor é cheia de virtudes, a maneira que ela achou para sustentar essas virtudes é incomum. Yor é uma assassina e foi justamente esse ofício que a ajudou a criar o irmão mais novo.
Por mais que eu ainda a ache boazinha demais, é inegável que suas circunstâncias justificam sua personalidade e situação e que, por mais que tenha um toque de caricato em sua apresentação como assassina (codinome: Rosa Selvagem), ela é bem legal sim.
Yor é o tipo de heroína que cai como uma luva nessa história, tanto que não tem como chamar o encontro dela com o Loid de outra coisa senão “predestinado”. Aliás, sabia que os dubladores de ambos já fizeram os protagonistas de Oregairu? Se foi bom merece um repeteco, né?
A cena dele a notando devido a voz me pegou muito por isso, pelo quanto encaixou com essa história dos dubladores serem velhos parceiros. E o melhor nem foi isso, mas como um se impressiona com a forma de aproximação do outro e como vão se entendendo a partir disso.
O mal-entendido teria matado a coisa não fosse a intervenção da Anya. Sim, ela ler mentes é para não ficar atrás dos outros dois (pai espião, mãe assassina), mas também é uma baita ferramenta de roteiro justamente para destrinchar esses momentos mais facilmente.
Além disso, não é legal a Anya, justamente a criança, ser a única pessoa completamente consciente da situação da família? Somemos isso ao carisma arrebatador da criança (que se fosse vendida não teria preço) e nós temos o grande defeito do episódio: ela apareceu pouco.
Mas eu entendo a falta de tempo da Anya, foi algo necessário a fim de introduzir a Yor e o que a compete, o que encaixa perfeitamente nas demandas do Loid (e da Anya por tabela), mas não deixa de ter uma vida própria, até porque ela ainda tem um irmão “inédito”, né?
Além disso, a festa a qual ela convida o Loid para ir explora um pouco mais da sua situação, com um baita exagero nas ações mesquinhas da colega de trabalho, mas sem perder de vista o que era mais importante, que era a pressão em cima dela e porque ela é assim.
Antes do Loid chegar, tem uma cena breve e muito boa em que ela externa toda a sua desconexão com o que as pessoas ao seu redor falam e fazem, o que se não justifica por inteiro sua solteirice, com certeza só a torna ainda mais compreensível pelo que teve que fazer para viver.
Não que ela não pudesse fazer outra coisa além de matar, não sei, ainda não sabemos, mas o fato é que ela aprendeu a matar e usou essas habilidades para criar o irmão quando ambos se tornaram órfãos. Seria leviano demais exigir dela que vivesse uma outra vida.
O Loid, mesmo sem saber dos pormenores, entende isso perfeitamente e rouba a atenção na festa com suas belas palavras, mas, convenhamos, ele rouba os holofotes mesmo é pela forma como se apresenta a todos e, principalmente, a impressão que sua aparência passa.
Isso foi o suficiente para apaziguar os temores do irmão? Eu imagino que sim. Mas o Loid é tão “perfeito” que seria um desperdício não explorar o irmão da Yor preocupado com ela, mas claro, de uma forma diferente do que fizeram as colegas dela, principalmente a dona da festa.
Aliás, tirando esses momentos em que Spy x Family força a barra nas ações dos personagens (o que por um lado torna a coisa mais cômica, mas potencialmente caricata também), a trama segue de vento em popa, tendo na sequência final um clímax tão inusitado quanto criativo.
Foi um pouco como a solidificação do laço familiar entre o Loid e a Anya, mas dessa vez a coisa encaixou ainda melhor porque ambos queriam esse casamento arranjado e ambos sabem que ele tem prazo de validade. Mas qual exatamente é esse prazo? Ele será realmente cumprido?
Acredito que não, pois o destino natural das coisas é eles se apaixonarem durante o processo de criação da Anya e acabarem se tornando um casal de verdade. Inclusive, os dois se encontrarem em lados opostos em algum momento seria uma forma interessante de chegar a isso.
Mas claro, a tendência não é isso acontecer tão cedo. Por ora, o importante é que eles criem a Anya, e eu nem quero pensar em como ela vai “engolir” as desculpas esfarrapadas dele sobre o “trabalho”, assim como ela também deve dar das suas quando tiver que fazer “massagens”.
Por um lado, acho que o fato de nenhum dos dois querer se meter na vida do outro justifica aceitarem esses absurdos, por outro fico pensando se é mesmo o suficiente e no fim das contas acho que isso não importa muito, pois a trama ainda se sustenta mesmo assim.
Muito porque o anime é muito divertido, o que vemos tão bem na sequência final em que os dois acabam se entendendo na luta e no amor. Melhor dizendo, nos negócios, afinal, o que fazem é firmar um acordo que beneficia a ambos, não à toa a própria Yor o propõe antes.
Com isso temos a família formada por um pai espião, uma mãe assassina e uma filha telepata; em que, de forma bombástica, o pai não cansa de ser foda e sela o casamento com um anel feito de pino de granada. O melhor casamento da história a gente vê por aqui.
Até a próxima!