Saikin Yatotta Maid ga Ayashii (The Maid I Hired Recently Is Mysterious) é um anime de comédia, slice of life e romance dos estúdios SILVER LINK e Blade que adapta o mangá de Wakame Konbu. Segue abaixo a sinopse extraída da Crunchyroll (o streaming oficial do anime).

 

“Yuuri precisa tomar conta de sua casa sozinho, mas, por motivos econômicos, ele precisou dispensar seus empregados. As dificuldades para lidar com os afazeres domésticos só aumentavam, quando uma garota aparece para oferecer seus serviços domésticos.”

 

Se tem uma coisa que gostei nesse anime foi da sacada de fazer o protagonista provocar a heroína sem querer, muda o que vem sendo um padrão na indústria para esse tipo de obra, que é a garota provocar o garoto, o colocando em uma saia justa premeditadamente.

Além disso, para quem esperava problematizar uma maid shotacon a decepção deve ter sido grande. Lilith até tenta provocar Yuuri em alguns momentos, mas não age de forma sedutora ou atirada com o garoto, parece mais uma onee-san que deseja seu bem, não à toa…

Não à toa ela aparece misteriosamente na mansão para trabalhar de graça para ele, o que por si só já é forçado, mas se pensarmos que para começo de conversa toda a história dele viver sozinho em uma mansão não faz sentido, não me surpreende essa ideia “pitoresca” dela.

Saikin pede essa suspensão de descrença do público e, honestamente, dada a natureza da história, uma comédia slice of life com umas pitadinhas de romance, acho razoável dá-la. De outra forma, a coisa só parece absurda e problemática, mesmo sem ter parecido.

Digo a Lilith parece maior de idade, cuida muito bem dele e não demonstra ser uma shotacon. Na verdade, o porque dela fazer o que faz foi uma das coisas que mais me instigou nessa estreia, apesar de não ser tão difícil pensar em uma razão, ainda mais com a cena final.

Lilith saiu de onde trabalhava para cuidar do Yuuri. Ela não deve precisar de salário, pois ainda recebe de onde trabalhava e só fez isso porque tem uma dívida com a família do Yuuri, alguém que ela conheceu antes, mas ele não se lembra porque era muito pequeno na época.

Dificilmente deve sair muito disso. Esse “mistério” me instigou porque realmente não faz nenhum sentido o que ela faz, é muito do nada, então acabou sendo mais notável para mim a forma como ela age com ele, que, repito, não teve metade dos problemas que poderiam ter tido.

Foi bem o contrário, é ele quem constrange a moça e arranca as caras mais fofas dela, de uma forma que funcionou perfeitamente em um primeiro momento e depois ficou repetitivo, mas se recuperou muito bem na cena em que ela, convenientemente, o chama pelo nome.

Por quê? Porque a forma de chamar as pessoas é uma questão cultural no Japão, então isso meio que justifica a reação do Yuuri e o que se sucedeu, que foi ele indo mais a fundo em suas investigações da empregada perfeita, e com isso se aproximando de fato mais dela.

É muito fofo o que o Yuuri faz de admitir a atração que sente, mas claro, só funciona tão bem porque a Lilith não é uma shotacon maluca (digo, só não é problemático por isso) e ele, mesmo que ainda desconfiado, segue a depender de seus cuidados, bem a cara de um bocchama.

Inclusive, muito da personalidade dele, e de sua falta de tino para as tarefas domésticas, deve ser decorrente da criação que teve, a qual, em uma situação de orfandade tende a criar um contraponto dramático interesse a trama, o que já vimos um pouco nessa estreia mesmo.

Sendo assim, acaba que as coisas casam bem. Porém, ficou um tanto quanto flagrante a repetitividade da proposta, principalmente na variedade decrescente dos elogios, coisa que até entendo por ele ser criança, mas, ainda assim, não deixa de prejudicar o entretenimento.

Coisas que compensam? A empregada perfeita, Lilith, é realmente muita fofa, principalmente nos closes de quando ela tenta provocar o Yuuri e, geralmente, o tiro sai pela culatra. Além disso, ela chega a fugir dele e inventar coisas sobre si nas quais ele, inocentemente, acredita.

A interação dos dois é muito gostosa, tendo na penúltima cena, quando ele evoca o peso de intimidade que é chamar um ao outro pelo nome, um momento clássico de cena que parece que vai desembocar em algo ruim, mas na verdade é um investimento para o futuro.

Digo, o desfecho passa a ideia de que ele intenciona conhecê-la melhor (e vice versa) para, só assim, os dois poderem se chamar por seus nomes, o que sim, tem uma conotação de casal, mas, repito, não é um problema quando essa ideia romântica parte praticamente só dele.

O Yuuri é no máximo um pré-adolescente, enquanto a Lilith é uma onee-san que o trata bem demais e veste um uniforme, que homem não a amaria? Sou homem e sei que a maioria de nós tem fetiche por empregada (eu incluso), então entendo toda a “emoção” dele.

E ela, por que guarda segredo? Deve ser porque conhece a personalidade dele e sabe que ele não quer ajuda, ainda que indireta. Outra coisa, eles não terem trocado nomes ao se conhecerem foi conveniente demais, mas seus olhos de Capitu são uma justificativa que eu compro.

Gostei demais do peso que os olhos dela têm na “sedução involuntária”, mas a paranoia infantil dele me incomodou. Contudo, ele é criança, né? Não podemos exigir maturidade, só boa comédia, afinal, é da autora de Jahy-sama wa Kujikenai! (tem até easter egg e tudo).

Entre erros e acertos, acho que essa estreia se saiu bem, pois conseguiu sair um pouco do lugar comum para a premissa e não foi problemática em praticamente nenhum nível além da exigência de suspensão de descrença para a história trocar a primeira marcha e dar a partida.

A sacada poderia ter sido explorada com ainda mais criatividade e variedade, mas vamos dar uma chance aos próximos episódios, né? Acho que a direção (que não foi mal nessa estreia, mas também não se sobressaiu) tem o desafio de não ficar muito engessada no mangá.

A transição de esquetes denunciou a adaptação de um capítulo de mangá por vez, além de não terem tido o bom senso de dar uma mexida no roteiro das interações entre eles, que são boas, mas foram repetitivas já na estreia, um ponto de preocupação real para a trama.

Felizmente, há potencial de melhora, seja pela início da criação de intimidade entre os dois, o “mistério” que cerca ela ser a empregada dele ou os dramas inerentes a um órfão que morava sozinho até conhecer a Tohru sem super poderes e com um pouco mais de noção.

Por fim, só por não investir na dinâmica já manjada da garota provocando e envergonhando o garoto Saikin vale pelo menos o teste dos três primeiros eps. Não é nenhum primor, mas funciona para um anime que se propõe a ser uma comédia slice of life com pitadas de romance.

Até a próxima!

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