Vários aspectos cercam a decisão de adicionar quatro novas integrantes ao Liella! e talvez o mais pungente deles seja a variação (o fato novo) que isso dá não só a segunda temporada do anime, mas também ao projeto como um todo. Além da grana, não podemos esquecer disso.

Então o quinteto estava dando prejuízo? Duvido muito. Não parei para pesquisar o número de vendas, mas vi as altas posições dos singles na parada da Oricon, além da realização de um PV com as seiyuus e shows cada vez maiores e BDs cada vez mais proeminentes e vendáveis.

A questão aqui me pareceu mais artística que comercial, visto que, por mais que as cinco tenham se virado muito bem enquanto grupo, é inegável que nove integrantes maximizam as possibilidades da franquia, até mesmo pensando em angariar novos fãs para as novatas.

Além disso, e aí que acontece a inovação de fato, isso nunca aconteceu entre temporadas, o que aqui em Superstar! foi integrado a ideia de expandir o grupo a fim de competir ainda mais e melhor pela vitória no concurso. Seguir por esse caminho me parece muito maduro.

E não só maduro, mas inteligente. Na verdade, até ousado se pensarmos que agora há uma possibilidade factível de terceira temporada, pois as senpais estão no segundo ano e as kouhais no primeiro. Nada impede que o anime invista ainda mais na história, não é mesmo?

Sim, sei que é cedo para pensar nisso, o importante agora é debater o que a estreia trouxe, que foi o fortalecimento do grupo original através dessa ideia de seguir os princípios do clube escolar ao adicionar novas integrantes, como clubes escolares normalmente fazem mesmo.

E fazer isso repetindo algumas dinâmicas de personagens, mas trazendo outras, foi muito legal, pois, por exemplo, enquanto a Kinako lembra muito a Kanon, a Mei lembra a Keke, e a Natsumi lembra a Sumire (pelo menos um pouco), não havia nada como a Shiki antes.

A Shiki faz mais o perfil kuudere e é uma Shikientista (esse trocadilho é maravilhoso, vai negar?) que, ao menos nessa estreia, contrastou um pouco com a Mei (a especialista em idols) e foi bem fria no geral, mas não na hora em que a Kinako precisou de um “empurrãozinho”.

Aliás, esse momento foi muito legal pela ajuda que ambas, Shiki e Natsumi, deram a Kinako, com uma levando a menina ao terraço e a outra dando o conselho certo para quem já estava propensa a aceitar, carecia apenas de coragem para fazê-lo, para ao menos tentar.

Mas rebobinando um pouco mais no episódio, como havia escrito mais acima, a Kinako teve uma introdução que me lembrou um pouco a Kanon, a diferença foi o fato dela vir do interior e ser desinteressada (meio que ignorante mesmo) em assuntos de música ou idols.

E nisso ficou muito bem encaixado o breve complexo de inferioridade que ela demonstra em relação as suas senpais, algo trabalhado de forma mais geral a fim de explicar o temor de entrar e atrapalhar das primeiranistas; como a Kinako, a Mei e as outras.

Por quê? Porque Kinako nunca pensou em ser uma idol, um exemplo a ser amado por ninguém, e era natural que se sentisse pressionada pelas qualidades de suas senpais. Contudo, foi até surpreendente tudo ter sido resolvido (pelo menos na primeira camada) tão rápido.

Se ninguém tivesse a coragem que a Kinako teve a Liella! ficaria estagnada, mas não por as cinco não se darem bem ou confiarem no próprio taco, e sim porque esse desafio (de adicionar novas integrantes e expandir o grupo) foi algo abraçado por todas elas ao mesmo tempo.

A abertura, WE WILL, já deu uma palinha do potencial do grupo completo e, apesar de eu amar as cinco e ter adorado a apresentação do final desse episódio, admito que expandir o grupo potencializa sua capacidade de entreter, contar histórias e até mesmo entregar musicalmente.

Agora são possíveis mais variações, pois os novos perfis de garotas podem se combinar com as já existentes e criar dinâmicas diferentes, ainda que não necessariamente inovadoras. O importante é que com isso a Liella! se torne mais intensa enquanto grupo de idols escolares.

Eu só fico me perguntando como a Sunny Passions, que tem apenas duas integrantes, pode competir com a fofura, o agito e a musicalidade de nove garotas. É uma pena que Love Live! não invista tanto nas idols adversárias, pois faria mais sentido para passar a ideia de competição.

Em todo caso, o mais importante dessa estreia foram os detalhes, a apresentação das novas garotas e como elas, ainda que algumas de forma bem embrionária, se ligam a trama das idols escolares e com elas compartilham a ambição de brilhar nos palcos.

A Kinako, uma garota simples (ainda que linda e fofa) do interior, se deslumbrou com esse mundo e resolveu arriscar, mas a Mei, por exemplo, já é apaixonada e com certeza é uma das que ainda não deu o próximo passo justamente pelo medo de não estar a altura das senpais.

A Shiki e a Natsumi ajudaram a Kinako, mas elas em si não demonstraram interesse por esse universo. Contudo, elas certamente vão demonstrar, e motivos para isso ficaram claros já pela estreia. Uma tem uma amiga viciada, a outra já é uma influencer digital adolescente, então…

É por isso que a Natsumi se assemelha mais a Sumire, pois é alguém que deve usar a carreira de idols escolares meio que como uma extensão do que já fazia como LTuber (a Youtuber do mundo de Love Live!) a fim de se promover mais, de virar uma artista/estrela em outro nível.

Enquanto isso, a Shiki, suponho eu, deve ser influenciada pela amiga de infância, principalmente por ela em si não ter demonstrado interesse. Isso pode ter parecido desagradável para uma estreia, mas ao meu ver só reforçou o perfil que tentam emplacar com a personagem.

Um perfil que faltava a Liella! mais do que os outros, que são um pouco mais, como eu mesmo pontuei aqui, comuns. Além disso, imagina o potencial cômico e dramático que essa personagem traz? Cômico pelo contraste e o fato dela ser cientista, dramático por sua “indiferença”.

Por fim, outra coisa que me agradou demais foi a reutilização das dinâmicas de interação comuns do quinteto, principalmente da implicância da Keke com a Sumire (que agora tem como pano de fundo o ultimato familiar da Keke) e a temeridade da Kanon com as coisas.

Por mais que agora ela seja uma senpai (e se derreta toda por isso), não é estranho que a líder ainda hesite e sinta medo, mas é factível (e até esperado) que demonstre coragem, principalmente quando é apoiada por suas companheiras de clube e grupo.

Clube e grupo esses que ficaram mais fortes com a “mãozinha” da Sunny Passions e o culto criado em torno de suas imagens. Esse será mais um desafio que elas deverão superar a fim de ganhar o Love Live! desse novo ano? Acredito que sim e isso é simplesmente excelente.

Elas não precisam ser completos underdogs (nem o contrário, obviamente) para a narrativa funcionar. Dá para equilibrar as coisas com desenvolvimento de novas personagens e uma dinâmica de grupo expandida, que tem nas novatas um fator agregador preponderante.

Kinako, Mei, Natsumi e Shiki são mais que bem-vindas e falaremos mais delas e de suas presepadas, além de qualidades, nos próximos episódios, os quais, torço, estarão tão bem animados quando esta estreia esteve. Love Live! Superstar voltou com tudo e mais um pouco!

Até a próxima!

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