Jurava que já havia soltado esse artigo há meses, mas não o fiz, o que não tem desculpa, apesar de, inegavelmente, esse ter sido um episódio tipo final feliz de novela, ainda que tenha ficado claro que a guerra não acabou, pelo contrário, só avançou para um novo estágio.

De toda forma, peço desculpas por meu atraso enorme e, em se tratando do ocorrido nesse episódio derradeiro, vou ser até um pouco chato de tanto elogiar, pois gostei bastante de sua simplicidade e precisão em explorar pontos chave da trama até esse clímax.

O primeira, e mais legal deles, foi o (re)encontro entre Lena e seus primeiros comandados Eighty Six, o grupo de cinco que saiu desbravando o além fronteiras da República de San Magnolia e sobreviveu para cruzar caminho de novo com sua respeitada Handler One.

Lena, em paralelo, seguiu lutando e avançando pelo campo de batalha até o dia em que pudesse reencontrá-los para finalmente poder lutar ao lado deles de maneira plena, não mais como alguém em uma posição de superioridade, mas alguém igual e companheira.

Mas antes de tecer mais comentários sobre isso, não poderia deixar de elogiar a resolução do Shin sobre o caminho que ele deve traçar na vida. Shin não luta por nada tão nobre ou claro como fazia seu colega Eugene, mas nem por isso sua luta tem menos relevância.

Ele descobriu porque segue em frente apesar de tudo, para dar a essa guerra um desfecho digno no qual as pessoas que ele ama possam se libertar das coisas ruins. É um motivo nobre e que ficou bem claro para nós nesse episódio, ainda que não pareça tão pessoal assim.

Mas ele é se pensarmos no quanto esse garoto perdeu na guerra, mas também no quanto ele ganhou. Shin não está sozinho e reconhece isso, e se o peso que carregava antes poderia ser interpretado como um fardo, mas não é mais, isso se deve a paz de espírito que ele alcançou.

Tudo isso depois que viu a Lena? É, esse foi o gatilho para ele organizar a própria bagunça, e ver pessoas como o Marcel e a pequena Nina se libertarem das amarras do rancor; decidindo perdoar, sorrir e seguir com a própria vida só fortaleceu esse ciclo de rearranjos e acertos.

A “penitência” de Shin não é mais seu fardo, mas sua força, o lastro de seus feitos e sua responsabilidade, afinal, ele prometeu levar seus companheiros de guerra com ele até que possam encontrar o mar, para se libertarem do horror das injustiças da vida e da guerra dilacerante.

E nisso, sem zoeira, Shin é diferente do Eren de Ataque dos Titãs, pois ele não faz questão de ver o mar, mas quer proporcionar isso para os entes queridos não através de uma vingança e sim de um objetivo singelo que ele só soube definir muito tempo após o início de sua jornada.

Além disso, ele não virou aquilo que jurou destruiu (não se tornou um robô) e é um sujeito muito mais decente, além, é claro, de ser um personagem mais afável e mais bem escrito que o protagonista do anime dos Titãs. É, o Shin tá com a bola toda e tenho dito.

Sabe quem está seguindo seus passos? A Lena, que em palavras, mas também em ações, está cada vez mais se assemelhando ao Ceifador. Ela jurou levar os companheiros de guerra consigo até aquele lugar especial que vai desbravar na base de tiro, porrada e bomba ao lado dos cinco.

E é assim que o anime se finda, com o (re)encontro dos protagonistas após uma bela, e poética, sequências de novas entrevistas do perspicaz Fido. Foi uma forma de remeter a primeira temporada, mas dessa vez não só olhando para o que passou, mas também para o futuro.

Um futuro no qual esses seis caminharão e lutarão lado a lado, para conquistar algo que definiram para si juntos, e para dar uma satisfação aqueles que perderam ao longo do caminho e são as cicatrizes que edificaram guerreiros tão dignos e merecedores do mundo além guerra.

E esse encontro, o primeiro presencial dos seis, foi marcado por lágrimas, risos, agradecimentos e cumprimentos; de uma forma nostálgica, gostosa, especial, mas sagazmente rápida, a fim de não nos tomar a preciosidade de tal ato, monstruosamente sutil e sutilmente monstruoso.

Por fim, 86 Eighty-Six encerra seu anime de 23 episódios magistralmente, fechando um arco narrativo sofrido, mas muito bem escrito e belo, o qual foi essencial para sentirmos que esses personagens estão no caminho certo. Caminho este que espero poder ver animado um dia.

Até a próxima!

P.S.: Nem falei dos Albas, mas a história e o tempo hão de reparar seus crimes e a queda da nação já iniciou esse processo. O importante é que, mesmo que os Eighty Six ainda lutem, o estão fazendo por opção, não escravidão. O inimigo agora é apenas um, mas é uma legião…

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