Escondida nos porões da Netflix estava a segunda leva de episódios da sexta parte de Jojo, a qual, ao ser lançada em primeiro de setembro de 2022, nos agraciou com mais momentos intensos de ação e drama, muitas bizarrices e indícios de que a coisa pode sair de controle.

Mas antes de chegar lá, vou comentar o que achei de cada um dos momentos chave desse cour, que foi proeminente em aprofundar secundários e a própria heroína, Jolyne, mas também em pincelar mais quem é Pucchi e o que o vilão – cria do Dio – quer de verdade.

Começamos com Ermes, a “Sisjo” de maior destaque e que nos dois primeiros episódios desse lançamento nos joga em sua história de vida e vingança, envolvendo uma irmã maternal, um mafioso mórbido e um Stand que reflete muito bem sua personalidade.

Aqui destaco a criatividade do Araki ao caracterizar o Stand, ainda mais por ter efeito no próprio usuário, e morto. É o tipo de Stand que não é comum sob nenhum aspecto, mas que, mesmo sem ser objetivamente forte, dá muito trabalho devido a demora para compreendê-lo.

Aliás, mesmo entendendo não foi fácil lidar com ele, o que acaba sendo outro mérito do autor, afinal, é inconfundível sua engenhosidade para fazer os personagens usarem poderes que parecem fracos – e com muitos ônus – de forma criativa e útil em batalha.

O arco da Ermes não é nada novo em Jojo, mas entregou tudo o que poderia, e destaco que mesmo chorando após findar sua missão, não é como se a Ermes demonstrasse arrependimentos. Ela precisava se vingar, precisa virar essa página para poder seguir em frente.

Eis que a trama avança rapidamente e sem fazer qualquer cerimônia o Araki une o útil ao agradável ao jogar a Jolyne na solitária e com isso fazer o caminho da heroína cruzar com o do osso de Dio, uma figura relativamente importante na construção do vilão, Pucchi.

Um aspecto que merece bastante elogio desse trecho é os Stands, que exploram ainda mais dessa criatividade aflorada do autor, misturando diversos elementos e condições bastante detalhadas a fim de prover lutas que vão muito além da pura e simples pancadaria.

Com isso a estratégia que os personagens precisam adotar para vencer toma uma parte ainda maior na luta, o que de quebra proporciona certa praticidade quanto a ideia de desenvolver mais e melhor a heroína, que passa a entender o pai na “prática” ao viver suas aventuras.

Ainda que tenha achado um pouco abrupta, compreendo a mudança da Jolyne com relação ao pai levando em consideração os perigos que ela passa a enfrentar e que a fazem se colocar no lugar dele, como alguém que não se envolvia demais até para proteger.

Não acho que isso exima o Jotaro de culpa por sua ausência na criação da filha, mas se pensarmos que ele já é alguém com dificuldade para se abrir com os outros, alguém talhado nas dificuldades, consigo entender esse distanciamento entre pai e filha.

O disco vem para uni-los, mesmo que apenas em ideia, pois duvido que o Jotaro volte a lutar nessa parte. O ideal para mim seria que a Jolyne e seus amigos que resolvessem a treta com o Pucchi, o que me parece mais plausível após a inserção de um certo personagem.

A paixonite do Anasui pela Jolyne eu levo na zoeira, meu destaque para o personagem vai para seu Stand, em como ele pode ser útil e é peculiar, além de sua personalidade para lá de excêntrica. Vai que o Anasui não é essencial para desmantelar o esquema do Pucchi?

Eu penso em algo assim levando em consideração as características do poder dele, que em alguma medida parece com o do Josuke, só não é tão apelão por não ter capacidade de cura. Aliás, se o Jotaro tivesse ligado para o Giorno esse arco sequer existiria?

Que bom que ele não ligou, agradeço por isso, senão não teríamos as belas passagens de conversas entre Dio e Pucchi, seu seguidor fanático e que, se eu entendi direito, pretende alcançar o Céu, mas só conseguirá fazer isso com o “herdeiro” de seu mestre.

E quem é esse “herdeiro”? O bebê Green Day, uma criatura deveras peculiar que parece um alien, mas tem um Stand – o que nem seria novidade em Jojo, né – para lá de bizarro e compõe o propósito sinistro do Pucchi. Foi demais ver a Jolyne e o Anasui atrás dele.

Mas claro que não foi melhor do que ver o desenvolvimento de personagem da Foo Fighters, que ganhou dignidade ao andar ao lado da Jolyne, passando a se reconhecer como um ser inteligente capaz de tomar decisões conscientes e significativas para ela e quem ela ama.

A ascensão e morte da F.F. foi muito recompensadora, tanto que a personagem parte sem que – creio eu – ninguém tenha deixado de sofrer por ela mesmo depois de todas as viradas de death flags que a envolveram. Isso eu já não curti tanto no anime.

Essa leva de Stone Ocean pediu muito da minha suspensão de descrença em algumas momentos, foi tão dinâmica que chegou a ser confusa em outros e usou e abusou de conveniências. Mas é Jojo, né? Só não sei se passou um pouco da media da franquia.

Em todo caso, o importante é que o cour acaba de maneira ainda muito estratégica, me refiro ao arco maluco do Stand Jailhouse Rock, mas um pouco mais objetiva no final. Jolyne decide o que fazer e fará. Doa a quem doer ela vai fugir para estragar os planos do vilão.

Como o Pucchi vai alcançar o Céu sem o Whitesnake, mas agora com o poder de acelerar o tempo? Veremos quando a Netflix deixar… Até lá você pode ver a live que fiz com o Daniel e a Camila do canal Toca da Kyuubi em que falamos mais sobe outro ótimo cour de Stone Ocean.

Até a próxima!

 

Live que fizemos no meu canal sobre os novos episódios de Stone Ocean

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