Esse episódio teve ação, emoção e boa animação; mas o que eu destaco mesmo dele foi a coragem para abrir mão, dessa vez definitivamente, de uma personagem. Mortes com propósito na ficção são o que o público mais quer ver, ainda que fique triste como eu fiquei.

Por que ganhar tempo na situação em que a Hizuru se encontrava? Porque ela tinha companheiros na retaguarda que poderiam ajudá-la na luta, o que ela não contava é com a apelância convicta do Shide, um vilão mais perigoso do que alguns devem ter imaginado.

Mas antes de tratar disso, precisamos falar da Hizuru, dessa heroína que não é uma aliada da justiça, mas uma pessoa comum de princípios, como eu e você, que transformou seus arrependimentos em motivação para que a tragédia que a acometeu não se repetisse.

A Hizuru, mesmo ao proferir um discurso emotivo, conseguiu não ser nada piegas, pelo contrário, só angariou ainda mais minha simpatia, afinal, é do equilíbrio entre racionalidade e emotividade que os personagens mais consistentes ganham vida, mas não a perdem.

E por que digo isso? Porque nas tramas em que estão eles deixam um legado, o que a Hizuru deixou ao tanto confiar o irmão ao Shinpei (com a possibilidade dele assumir forma física e ajudar os outros), como instigá-lo a resolver a situação sob uma nova ótica.

Essa é uma possibilidade que já vislumbrava há tempos dada a inconsistência da Haine (por vezes uma vilã maquiavélica, por vezes uma garotinha assustada) e a forma como o Shide consegue se sobressair em todos os cenários, escancarando toda sua malícia.

Mas não se trata de buscar um perdão resoluto e indevido a uma vilã que não o merece e sim botar os pingos nos iis em uma situação muito mais complexa que apenas a dualidade entre o bem e o mal. Haine comporta ambos em seu pequeno corpo de fome e solidão insaciáveis.

Sendo assim, eu super abraço a ideia de “libertá-la” de seu calvário, ainda que sem entendê-lo por inteiro, como vejo na dissidência entre Haine e Shide uma oportunidade perfeita para implodir o bad end que se aproxima, o qual já começou a espalhar suas tragédias.

Mas a Ushio não vai voltar? Deve. A luz que brilhou e salvou os heróis de coisa pior foi um indício disso? Eu creio que sim. Tem algo na concha da Ushio, só nos falta saber se esse algo (que deve ser a consciência da Haine original) será capaz de trazer a heroína de volta.

De volta não para ficar, mas para salvar as pessoas que lhe são queridas, parecido com o que a Hizuru fez com seu sacrifício. Necessário? Sim. De outra forma, como ela poderia saber até onde o Shide seria capaz de ir? E como ela conseguiria passar seu legado para o Shinpei?

Okay, talvez ela não precisasse se sacrificar pelo segundo, mas ela não poderia deixar de tentar resolver tudo se colocando na linha de frente, né? E diferente da Mio, ela desembuchou tudo que era importante antes que fosse tarde demais para isso.

Por fim, o episódio acaba com a morte de uma heroína que até o último momento deu seu máximo em prol do bem de sua comunidade. Para quem parecia alheia aos outros, foi tão triste, quanto poético, que ela tenha sido alguém que tanto amou, quanto viveu, intensamente.

Até a próxima!

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