Gundam: The Witch from Mercury – A noiva da duelista – Primeiras impressões
Gundam: The Witch from Mercury é o mais novo anime da franquia. Produzido pelo estúdio Sunrise (como sempre) o anime promete um cour para a temporada de outono de 2022 e um outro para a temporada de primavera de 2023. Segue abaixo a sinopse extraída e adaptada da Crunchyroll (o streaming oficial do anime).
“A.S. (Ad Stella) 122 – Uma era onde diversas corporações construíram um novo e importante sistema econômico no espaço. Suletta Mercury, uma garota solitária do remoto planeta Mercúrio se muda para o Instituto Asticassia de Tecnologia, gerido pelo Grupo Beneritt, que domina a indústria de mobile suits. Com uma luz escarlate brilhando em seu coração puro, esta garota dá o primeiro passo rumo a um novo mundo.”
O prólogo do anime contou a história da mãe da protagonista, Elnora, que fugiu com a filha e seu Gundam para sobreviver a barbaridade humana, passando a impressão de que a trama poderia puxar para o lado da vingança, o que não é bem incomum em Gundam.
Contudo, a estreia nos trouxe uma perspectiva diferente ao apresentar a heroína em meio ao seu início em uma “nova” escola. Contudo, não é como se o anime tivesse mudado de gênero também e as lutas muito bem animadas de robôs gigantes vêm para nos lembrar disso.
Suletta é uma garota muito fofa e tímida que “não parece” uma ás em lutas de mobile suits, mas as aparências “enganarem” não torna a coisa toda mais divertida? Além disso, se foi ensinada em casa, então deve ter tido pouco contato com pessoas, não é mesmo?
Isso talvez justifique seu nervosismo ao falar com outras pessoas, que transparece em seu gaguejar vacilante, e com certeza tem relação com seu caráter, afinal, quantas garotas bateriam em um rapaz maior e mais forte para defender uma quase desconhecida? Suletta tem fibra.
Apesar disso, devo admitir que não vi com bons olhos essa inserção tão intensa do plot da co-heroína na história, mas isso apenas em um primeiro momento já que notei que toda a situação trabalhou bem a favor de nos mostrar quem a protagonista é de verdade.
Ela ser insegura ao falar não a torna fraca, longe disso, e nem me refiro só as lutas de robôs gigantes, mas a uma questão de atitude, o que inclusive a fez se meter nessa problemática toda. Não foi ela que fez questão de salvar a pessoa que avistou a deriva?
Mesmo sem premeditar ela foi atrás da grandeza e a acolheu com as próprias mãos, mas não sem um plot twist um tanto quanto pitoresco como foi o da Miorine ter roubado o Gundam da Suletta para vencer e se livrar do próprio noivo, e que diz algo sobre ela também.
Miorine é uma garota de muita personalidade e que, como Suletta, parece carregar muito da mãe, sendo esse um ponto em potencial de afinidade entre as duas? Creio que sim. Além disso, o movimento da Suletta não lembra um pouco o que a Miorine quer fazer?
Ela deseja ir para a terra, cuidar de suas plantinhas, fazer alguma outra coisa também. Miorine tem a vontade e a coragem para seguir seus sonhos, ela só precisa ter controle sobre a própria vida e esse episódio trata disso, de sua busca pela “libertação.”
Uma libertação que em teoria não veio já que a vitória da Suletta apenas passou o noivado de mãos, mas se você pensar que a piloto não deve tentar amarrar a Miorine com esse compromisso, acredito que esse enlace a beneficie e não o contrário.
Além disso, o quão subversivo é para uma sociedade que mascara machismo com honra de guerreiro ver uma mulher confrontando um homem e outra o derrotando? Mesmo que só como subtexto adorei o desenrolar dessa situação estapafúrdia.
E isso não significa que a Miorine seja fraca e que a Suletta que seja forte, só que elas têm tipos de forças diferentes e que, após esse evento, devem criar uma forte amizade. Não ficou claro como o lance do noivado vai se desenrolar, mas espero que seja para melhor.
Digo, elas são muito jovens, mas imagino que isso não seja um impeditivo, como espero que serem mulheres também não seja. Eu acharia muito daora ver um casal lésbico protagonizando um Gundam, e com uma química que já de cara me pareceu bacana.
Suletta e Miorine são bem diferentes e ambas protagonizarão o anime explorando suas valências em campos de atuação diferentes, suponho eu. Qual será exatamente o tom (mais ou menos sério) eu não sei, mas qualquer que seja com certeza eu comprei a ideia.
Por fim, me interessou muito a conspiração para matar o chefe da Beneritt, espero que isso seja melhor explorado nos próximos episódios, como também gostaria se não esquecessem da história da mãe e do legado das pessoas que deram a vida para a Suletta ter sobrevivido.
Gundam é uma franquia marcada por sangue e tragédias, quero ver como esses temas viscerais serão trabalhados em meio a um dia a dia escolar (na medida do possível) de duas princesas que não precisam de príncipe (nem sapo) nenhum para ter um final feliz.
Até a próxima!