Esse episódio fez o que deveria, pintou com ares de cinza a sociedade de heróis que o Deku defende, porém, não o fez esmaecer em suas convicções, visto que o garoto mostrou que é the real deal, alguém que consegue concatenar ideias e ações em prol do que acha certo.

Lady Nagant não era mesmo uma heroína rasa ou maligna, mas alguém que foi corrompida por um sistema podre. Minha única ressalva sobre isso é a montagem da situação, que pintou a comissão de segurança como deveria, mas centralizou tudo na figura do chefe.

Se era o sistema que estava corrompido, então por que todo o descontentamento da sniper foi direcionada a um único alvo? Pelo menos o acobertamento da mídia e a sobrevivência do modus operandi reaproveitaram pontos já utilizados há muito na trama.

Quer o Hawks seja um idealista inspirado por um pai omisso, e ele mesmo ascenda de uma família problemática, isso não minimiza a linha tênue sobre a qual ele andou por muito tempo, o que se por um lado é questionável, por outro mergulha a história em mais cinza.

E talvez seja justamente isso que ela precisava, de uma ex-vilã que faz um ex-vilão de refém e testa um herói jovem, testa não só sua habilidade, mas também seu coração, afinal, não foram só as individualidades dos predecessores que salvaram o Chiaki, mas…

A cena do Deku salvando o Overhaul explicada foi um dos grandes momentos desse episódio, que nos ofertou uma luta menos porradeira e mais estratégica, mas principalmente um embate de visões de mundo. Ela, desiludida com a sociedade de heróis. Ele, acreditando.

Seria fácil tirar a credibilidade o Deku na base da argumentação, mas suas atitudes se alinharam de tal forma ao seu discurso, levando em consideração seu próprio histórico, que não seria nada além de cruel não ceder a capacidade de proteger que o herói demonstrou.

Ele protegeu o inimigo de outrora, ajudou a inimiga do agora e intenta salvar um inimigo no futuro. Sim, chega a ser irritante tanta bondade. Contudo, convenhamos, se é bom que exista um Hawks e um Endeavor cinzentos, por que o Deku não pode ser diferente?

Diria até que essa é a briga do battle shonen, e isso nem se refere a matar ou não, mas aos ideias do protagonista, que o é não à toa, é porque no final a gente sabe que ele conseguirá realizar o que almeja. O pulo do gato reside no “como” e se esse como será convincente.

Ao menos de momento creio que BokuAca esteja no caminho certo, não desprezando o clichê, mas também não passando pano para uma sociedade doente, não sem “jeito.” Não existe mundo ideal, nem o OFA pode alcança-lo, mas um mundo melhor quem sabe?

Até a próxima!

Comentários