Jurava que o episódio cairia no erro de seguir uma abordagem linear, com um colega interagindo com o Deku após o outro, mas não, no meio da empreitada a dinâmica mudou um pouco, outros atores ganharam destaque e uma questão em aberto foi devidamente revisitada.

Em todo caso, o importante mesmo é o que esse momento simbolizou para o anime, que há algum tempo sinalizava a uma problemática da sociedade de heróis em contraposição a vilões “reflexivos,” mas, na boa, trata mesmo é de aspirantes a heróis, nossos protagonistas.

O Kohei não escreveu momentos singelos do Deku com todos os seus colegas de turma, mas não é como se isso fosse realmente necessário para passar a mensagem, que foi muito bem pincelada por momentos como os do Kaminari e do Iida, sumido há muito na trama.

Resgatá-lo agora, como um amigo próximo ao herói, ainda que não um de seus co-protagonistas, foi uma forma bem inteligente (ainda que tardia) de aproveitar um personagem importante para a história. Ainda que, friso, ele não seja como o Bakugo ou o Todoroki.

Além de seu momento sublime, com um cansado e emotivo Deku, tivemos a interferência positiva da Uraraka, que não demonstrou a ansiedade ou temeridade que imaginava e teve sinalizada (na sinopse do próximo episódio) uma participação ainda maior na “volta” do herói a U.A..

O autor parecia errar no começo do episódio, mas durante ele a coisa foi mudando de figura e gostei até da recusa dos civis em acolher o sucessor do Símbolo da Paz, dando brecha para que a Uraraka brilhe, mas também para que as coisas sejam postas as claras de uma vez.

Digo, na medida do possível, afinal, não vislumbro uma revelação total sobre os pormenores envolvendo os dois poderes, até porque alguém que poderia abrir a boca para falar besteira, o Bakugo, demonstrou uma maturidade nunca antes vista para o personagem.

O Deku ser abnegado, sempre olhar para frente e não guardar mágoa de quem um dia o machucou são características quase que inerentes de um herói que tem que ser “perfeito,” mas, felizmente, também foi pintado como frágil, instável, carente nesse episódio.

E nada melhor do que mexer com essa sensibilidade revisitando questões mal resolvidas do passado, talvez não mal resolvidas para o Deku (afinal, ele não guarda mágoa do Bakugo), mas com certeza mal resolvidas para o garoto das explosões. Por quê? A gente viu em tela.

Ainda questiono a caracterização irritante que o Bakugo teve por muito tempo, mas, por outro lado, cada vez mais penso que não teria como o Kohei fazer muito melhor. Digo, o Bakugo poderia ser menos babaca, mas isso talvez o tornasse menos intenso e complexo.

E é justamente a complexidade de sua “amizade” com o Deku que tornaram esse pedido de desculpas tão urgente, e como o arrependido mesmo aponta, não são apenas palavras que vão fechar as pontas soltas, mas começa por aí, ao admitir os próprios erros e fraquezas.

Ao se desnudar assim o Bakugo, assim como os outros colegas, deram a chance para o Deku se desnudar também, se despir de sua máscara de sucessor indomável e aceitar que existem pessoas ao lado dele e que ele não vai conseguir proteger a tudo e a todos sozinho.

E foi aí, ao conectar o ato do Deku no começo do anime com o ato do Bakugo no arco da luta contra o Shigaraki/All For One, que esse episódio mais acertou, pois alinhou passado e presente, presente e futuro, a fim de nos lembrar do que é mas importante: a Academia de Heróis.

Os estudantes são os protagonistas e devem, em algum nível, resolver a questão com o All For One, tomando a sociedade em suas mãos e moldando-a em algo diferente, e melhor. A Nossa Academia de Heróis imperfeitos, mas que nunca soltam a mão de quem precisa de ajuda.

Até a próxima!

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