Clione no Akari – Primeiras impressões
A primeira coisa que chama atenção em Clione, mas que definitivamente não é a mais importante, é que esse se trata de um projeto de baixo orçamento e isso fica evidente na (falta de) animação. Traços super-simplificados, pouquíssimo movimento. O character design é como já havia aparecido no material promocional, um pouco incomum, por assim dizer. Não diria que é feio, mas é, sim, simplificado também. Nada disso chega a atrapalhar porque o anime adota um tom reflexivo, quase como se eu estivesse vendo-o ser narrado pelos pensamentos de seus dois protagonistas. E eles não narram quase nada, porque eles próprios só estão assistindo.
Esse é o ponto principal de Clione no Akari: Kyouko e Takashi assistem inertes enquanto a turma toda zomba e maltrata Minori. A coisa é feia, quase inacreditável que algo desse nível possa existir (e eu aposto que existe e que não é tão raro assim). É a turma inteira e ninguém parece se importar nem um pouco, querem provocar o maior dano emocional possível na garota que por alguma razão, em algum momento, escolheram para ser a vítima da sala. O anime é curto, mas mesmo assim parecia que não ia acabar nunca enquanto eu me sentia angustiado com tanta zombaria, tanta crueldade. É pesado, e não culpo quem achar que talvez o anime esteja exagerando a situação só para fazer valer a sua crítica, mas eu penso diferente. Mesmo que não houvesse uma só pessoa no mundo (ou no Japão…) sendo maltratada daquela forma, ainda assim existem as que são maltratadas em níveis menores ou sei lá, muito menores, não é? A partir de qual nível você acha que a zombaria deixa de ser crueldade e se torna apenas “brincadeira”? É quem zomba que tem que definir isso? São terceiros, são os outros que decidem o quanto você pode tolerar de dor?
Clione no Akari vai longe para contar a sua história, mas talvez exista alguém perto de você que, quem sabe, nem é tão desgraçada da vida quanto a Minori, mas cada um sabe de suas próprias dores e mais ninguém, então a mensagem para que você não seja como Kyouko ou como Takashi é universal. Eles devem aprender a estender a mão ao longo da jornada que empreenderão no curso do anime, e que bom será se pudermos aprender com o sofrimento apenas de personagens fictícios.