Sono Bisque Doll wa Koi wo Suru – ep 8 – Um casal iluminado
Diferente da Marin, a “criadora” da Juju não é ela mesma, mas sua irmã, Shinju, claramente a fã número um da cosplayer. O Gojo é o fã número um da Marin? Quem seria o fã número um desse anime? Não tenho todas as respostas, mas quero falar sobre Sono Bisque Doll agora, bora?
Smartphones fazem um pouco de tudo, são verdadeiros computadores de mão, mas como qualquer aparelho com várias funções, é esperado que não sejam especialistas em cada uma, como a câmera é quando se trata de tirar fotos ou gravar, afinal, foi criada somente com esse intuito.
Sendo assim, tanto é compreensível o preço salgado de uma câmera de alta resolução, entre outras especificações, quanto os pormenores de seu uso, que são ao menos introduzidos a nós pela Shinju. Isso traz ao anime algo do qual ele precisa, que é a caracterização da arte do cosplay.
Sono Bisque Doll fala sério quando se trata de cosplay e creio que isso sempre deva ser elogiado, pois é fácil se perder nos tropes comuns de comedia romântica e não dar o mínimo de tela a detalhes que também são importantes, mesmo que menos interessantes ou chamativos.
Sem perder tempo, a trama dá espaço para conhecermos mais das irmãs e nessa primeira parte do episódio destaco a Shinju, que ao hesitar para responder a pergunta sobre ela fazer cosplay dá margem a pensarmos que ela até quer, mas há razões que a impedem.
Quais seriam elas? Não sei, mas sua personalidade me faz pensar em timidez, medo de se frustrar por comparações com a irmã e até o foco em oferecer-lhe suporte. Ao mesmo tempo, talvez a razão seja mais simples e no fim das contas ela não acabe fazendo cosplay algum.
Em todo caso, isso são cenas para os próximos episódios, o que importa é o anime tentar ir aos poucos desenvolvendo as personagens, tendo isso sendo feito com a Juju na sequência do estúdio do hospital mal-assombrado, a qual deu vazão a outros destaques desse episódio.
É impressão minha ou a produção tem usado bastante rotoscopia e especificamente nesse episódio fez isso demais não só no estúdio, como também na praia? Não sei explicar tecnicamente, mas visualmente foi a impressão que me passou, o que ocorreu com qual propósito?
O anime chegou a 2/3 de sua totalidade e não deixou a qualidade da animação decair um segundo, o que dessa vez imagino ter sido facilitado pela rotoscopia, mas principalmente pela competência em usar essa e outras técnicas a fim de manter o padrão elevado.
Mesmo nos momentos de maior fluidez e menor obediência ao design não consigo dizer que a qualidade caiu (lembrando que não manjo tanto disso). Inclusive, acho que visualmente o encaixe dos recursos foi perfeito, provendo uma perspectiva diferente a um episódio que exigia isso.
Deixando o visual charmosíssimo um pouco de lado, o roteiro foi muito sagaz pela forma inteligente e natural como fez a Juju e o Gojo se conectarem, tudo isso sem cair no clichê que seria uma semelhança aberrante, afinal, as situações de ambos são bem diferentes.
Contudo, conceitualmente a “inveja” que os dois sentem se assemelha, e tudo isso sem deixar de envolver o cosplay na jogada. Enquanto a Juju externa seu desejo infantil ao encarnar os personagens que ama, o Gojo persegue a capacidade do avô de criar a beleza que ele tanto admira.
As circunstâncias deles são diferentes, mas é bem fácil de compreender porque se respeitam e se enxergam um pouco um no outro, com destaque para a cena muito bem dirigida em que o Gojo aperta a mão da Juju, um bônus cômico mais que excelente para fechar esse momento.
É em detalhes que a direção desse anime mais brilha pela quantidade de variações e cuidados que tomam ao quebrar o ritmo da narrativa quando isso se faz mais do que adequado ou só potencializar partes que nas mãos de uma direção comum perderiam em impacto e beleza.
Nisso entramos no terceiro grande ato desse episódio, que foi a repentina ida a praia da Marin com o Gojo. Mais uma vez a garota agiu na base do impulso, não que eu tenha algum problema com isso. Pelo contrário, diria até que estava faltando um momento dos dois “a sós”.
Mesmo que nosso herói esteja se aproximando de outras garotas, é fato que a Marin é a mais importante delas e, como bem sabemos, ela está apaixonada, então é mais do que natural que queira compartilhar ainda mais da companhia do garoto que gosta mesmo que sem se dar conta.
A ida a praia e a liberdade em sua forma de agir e pensar propiciaram uma sequência de cenas que se alternaram entre a comédia, o romance e o slice of life de forma muito prazerosa tanto por causa da animação e da trilha sonora excelentes, quanto devido a inteligência do roteiro.
A Marin não premeditou nada, mas sua espontaneidade a levou a mais uma conquista na relação com o Gojo, a promessa de compartilharem mais momentos juntos, só os dois, o tipo de intimidade que tende a dar vazão aos sentimentos crescentes de ambos? Ou seriam só dela?
Repito o que venho comentando já há alguns episódios, não acho que vislumbrar a calcinha da Marin seja o suficiente para fazer com que nós entendamos que o Gojo também está romanticamente envolvido com ela. Se tem algo em que a história tem pecado é justamente nisso.
Mas é só nisso também, pois no resto está tudo tão bem equacionado que não consigo apresentar outro ponto de incômodo com o anime. Até as dicas de iluminação que a Shinju passa a Marin são magistralmente aproveitadas na cena em que a heroína tira uma foto linda do Gojo.
Então sim, não tenho do que reclamar quando o episódio propõe um tema e trabalha com ele de maneira sucinta (por não ser tão interessante), mas com força o suficiente para se fazer necessário ao final da jornada. Ela deve querer repetir o close maravilhoso que pegou no cosplay, né?
Só com a experiência de ter tirado uma ótima foto, sem ser de cosplay e com iluminação natural, que a Marin pôde sentir na pele a importância da atenção a esses detalhes, algo que tende a maximizar para melhor a forma como ela se apresentará ao mundo de agora em diante.
Pelo próximo cosplay se dar em parceria com a Juju isso não parece urgente nesse momento, mas e para os próximos? A tentativa de expandir o universo dessa atividade focando nas técnicas e nos sentimentos que a cercam é uma forma muito proveitosa de ir evoluindo no tema.
Somemos isso a um desenvolvimento moderado, mas visível das coadjuvantes e dos protagonistas e temos um episódio iluminado sob uma luz diferente, mas certeira. A cada episódio Sono Bisque Doll vai reforçando acertos e mostrando novos valores. É possível não gostar desse anime?
Até a próxima!
felipe resende
O anime eh sensacional, marin perfeita e maravilhosa, pena esse exagero no fan service em alguns momentos apenas. Os personagens masculinos nos animes é que dao raiva tontos e parecem que sao lesados, mas enfim… vamos adiante.
Agora será que vai ser mais uma obra em que os personagens principais sequer dao um beijo?