A Nasse salvou o Mirai, o que foi antevisto há algum tempo. Isso provocou seu rebaixamento e abriu parâmetro para sua readmissão a classe especial posteriormente, um artifício de roteiro safado se pensarmos que a desvantagem momentânea podia ser só isso mesmo.

O melhor foi tudo ter acontecido de acordo com o keikaku do Dr. Yoneda, mas isso não ter sido o ponto de partida para a vilanização do personagem. Quando ele tem seu tapete puxado ele aceita a derrota e o que vemos é o final da disputa. Platinum End is End!

Se tem uma coisa que gostei nesse episódio foi a forma como o Nakaumi foi convencido a não colaborar mais com o Yoneda. Me surpreenderia muito se com argumentos duas mulheres adultas e uma garota mais velha não fossem capazes de convencer o garoto.

Claro, isso levando em consideração a sua índole. No fim, a forma de pensar do Nakaumi acabou se provando a mais equilibrada de todos se pensarmos que ele trabalhava em prol de aliviar a dor alheia sempre em busca de não infligir dor a quem não quer o suicídio.

Respeitar as decisões dos outros e proporcioná-las, dentro de suas possibilidades, pode sim ser encarado como um sinal de gentileza, mesmo que você mate a pessoa para tanto. Temos que levar em conta a visão diferente que o suicídio tem no oriente em comparação ao ocidente.

Não que ela seja radicalmente diferente, mas é o suficiente para abrir margem a um Nakaumi capaz de matar suicidas, mas incapaz de matar quem quer viver, incapaz de carregar essa culpa, algo que só foi possível pela permissividade da flecha, o que vem sendo mostrado faz tempo.

Quanto ao Mirai, a colocação que ele faz sobre o peso de suas infelicidades foi bem simplório por um aspecto, mas por outro crível. É melhor para ele ariscar o próprio pescoço que aquela que ele quer bem. Isso é irracional, mas extremamente humano, passional.

No outro lado da equação, a Saki tem seu primeiro momento de brilho em algum tempo, e dessa vez de uma forma que não me surpreendeu tanto, pois era o único jeito de salvar o Mirai uma segunda vez. Se tinha alguém que poderia ceder, este era o Nakaumi.

O episódio segue e do nada a Yuri tenta matar o Yoneda, proporcionando a conveniência de roteiro que se por um lado nem se fazia necessária se pensarmos que o Mirai não queria mais as asas e flechas brancas, por outro ajudou o Yoneda a sobreviver, o que foi bom.

Por quê? Não exatamente porque ele concordou com a Yuri de maneira inusitadamente inesperada em algumas passagens, mas sim porque ele seguiu vivo não tendo seu desejo realizado exatamente como desejava, ao mesmo tempo em que amadureceu sua forma de pensar.

E nisso acaba que, mesmo sem ter sido esse o objetivo, foi bom ver ele concordando com a Yuri, que é bem diferente dele, pois humanizou mais o personagem e não fez julgamento de valor sobre intelecto ou experiências de vida, até porque no segundo ele era um bebê.

O Yoneda errou ao teorizar demais e achar que entendia de coisas que não viveu, tentando dominar a mente humana sem ter contato com as pessoas de verdade, sem capacidade de empatia e dimensão do que elas fazem quando são postas contra a parede na realidade.

Nisso o desfecho do Yoneda foi bom, afinal, ele não abriu mão de sua curiosidade, mas entendeu que poderia descobrir o que queria de outra forma e não deveria impor sua forma de pensar para todos, que não tinha o direito de brincar com as vidas das pessoas.

Quanto a Yuri, ela foi cara de pau e não fez cerimônia em perder as memórias e ser sustentada pelo homem que tentou matar. Que mulherzinha safada, hein? Ainda assim, não é como se a personagem não tivesse sido coerente desde o início e não tivesse brilhado um pouco.

Com isso sobrou o casalzinho, que obviamente não queria se tornar deus, e o Nakaumi, que aceitou o trabalho de bom grado e foi absorvido pela presença divina. Dentre os cinco ele é quem tinha o entorno e a mentalidade que encaixavam melhor com a função mesmo.

Isso não significa necessariamente que o suicídio vai correr solto, mas que o deus escolhido é alguém que entende a ideia de que a felicidade só pode ser alcançada através de outras pessoas, afinal, vivemos em uma sociedade… em que dependemos uns dos outros.

Enfim, a Nasse foi embora sem se despedir e, apesar de não achá-la uma personagem tão legal ou bem aproveitada assim, não acharia ruim se ela se despedisse com emoção do Mirai. Será que ainda vão explicar por que ela era tão especial? Vou ver no último episódio.

Quanto as suas intenções, ela se prendeu mais a ideia de fazer seu candidato feliz que torná-lo deus, entendendo que uma coisa não estava obrigatoriamente ligada a outra, diferente de alguns outros anjos que priorizavam interesses pessoais aos dos candidatos ou o da disputa.

Por fim, o título do próximo episódio dá a entender que a Saki e o Mirai vão se casar e não poderia haver final mais clichê. O epílogo vai explorar a transformação do Nakaumi em deus, que passou a ideia de que o cargo estava o parasitando? Isso é algo ruim? Não é? Ou foi só jogado?

O que eu sei é que a disputa acabou, restaram mais que os protagonistas vivos e o Yoneda se provou um antagonista bem interessante, que ajudou a levantar a questão da sensibilidade pertinente sobre o futuro das pessoas e a própria ideia de felicidade em si.

Até a próxima!

P.S.: Sim, sei que esse artigo atrasou, logo mais sai o último. Nele e em uma eventual resenha devo comentar mais a fundo o que achei do anime e desse “final”, mas posso adiantar que sim, gostei do desfecho da disputa, só espero que o epílogo não estrague tudo.

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