No episódio 3 o Yakumo descobriu o que realmente queria fazer e tomou a decisão da sua vida – às vezes a decisão de continuar o que já se vinha fazendo é tão difícil e importante quanto uma decisão de mudança. No episódio 4 ele já estava firme no caminho que escolheu, mas começava a acumular frustrações e incertezas. Não sobre sua escolha. Ele ainda queria fazer rakugo. Mas o que estava faltando? Ele estava se esforçando tanto, isso não deveria ser o suficiente?

E apareceu a Miyokichi também. Tecnicamente ela não tem nada a ver com rakugo, exceto no sentido amplo dos dois fazerem parte da indústria local de entretenimento. Só que, tirando o fato dele ter arranjado mais alguém com quem conversar sobre sua carreira, não é essa a importância dela. Ainda não sei se ela o ama e vice-versa, mas os dois certamente formam um casal e para todos os efeitos e de acordo com as regras daquele curioso mundo que habitam, é o que eles são. Com todas as implicações emocionais e sociais disso.

Yakumo quer fazer rakugo, ele gosta de fazer rakugo. Mas o que ele espera em troca? O que vai deixá-lo feliz?

O que rola entre os dois?

O que rola entre os dois?

A resposta é bem simples mas era isso mesmo o que faltava para ele, como é o que falta para jovens profissionais no mundo inteiro: ele só quer reconhecimento. Na maioria dos casos é difícil saber se uma pessoa gosta de fazer alguma coisa para ser reconhecida ou se apenas quer ser reconhecida fazendo aquilo que gosta, mas Rakugo Shinjuu coloca o espectador em posição privilegiada. Eu vi o Yakumo crescendo (bom, momentos-chave de seu crescimento), eu vi quando ele decidiu fazer rakugo e a arte estava, como o Japão, arrasada na época. Eu sei que ele gosta de rakugo.

Mesmo assim ele via o desmazelado do Sukeroku entrar no palco e meio que de qualquer jeito (mas de um jeito engraçado!) agradar a plateia, enquanto ele, que se esforçava, achava que não estava tendo o reconhecimento devido. E nisso só posso acreditar no anime, porque infelizmente nenhuma apresentação do Yakumo foi mostrada. De todo modo, é ou não é de ficar com raiva? Qualquer um na situação do Yakumo ficaria com raiva, mas além disso o Yakumo é o Yakumo, um perfeccionista que fica com ainda mais raiva que qualquer outra pessoa. Se o Sukeroku não fosse seu grande irmão de criação ele passaria noites bebendo e falando mal dele. Bom, não, ele passaria noites em claro treinando para suas apresentações e estudando novas peças, mas se ele fosse do tipo que passa a noite bebendo ele passaria a noite bebendo falando mal do Sukeroku.

Quando seu colega de quarto que não paga aluguel chega em casa com duas prostitutas

Quando seu colega de quarto que não paga aluguel chega em casa com duas prostitutas

Nesse episódio, arrastado pelo Sukeroku, ele finalmente teve chance de ver sua arte reconhecida pela primeira vez. O anime é do ponto de vista do Yakumo, então é sempre importante lembrar que qualquer impressão pode ser apenas a forma como a memória dele escolheu gravar alguma coisa depois de décadas, mas mesmo assim acho importante notar como a grande estrela daquela apresentação foi o Yakumo. De falas mais sérias a piadas, ele exibiu uma grande variação de volumes e timbres de voz, enquanto o Sukeroku estava apenas sendo o Sukeroku, atuando com a voz de engraçadão de sempre dele. Não era ruim, mas estava claramente muito abaixo do Yakumo.

O Yakumo ficou LINDA

O Yakumo ficou LINDA

Yakumo sempre esteve tão sério se preocupando com o que poderia estar errando que nunca deixou seu talento falar. Tecnicamente ele já sabe tudo, não precisa ficar lendo e relendo uma peça cinquenta vezes. O que ele precisa é subir no palco e usar a habilidade que ele esculpiu durante mais de uma década para encantar o público – fazê-lo rir no mais das vezes, mas como bom ignorante que sou vou aqui supôr que existe rakugo para emocionar também. Curiosidade que é meio-motivacional mas que pode te deixar meio deprimido também: considera-se que para uma pessoa dominar qualquer coisa (de ilustração à dominó, passando por física nuclear e patinação artística) é preciso cerca de 10 anos ou 10 mil horas de treino naquilo. Lembre-se disso quando achar que seu papel machê com aparas de lâminas de bandeja usadas do McDonald’s não parece estar te levando a lugar algum. E eu realmente li mais de um texto que diz isso, só não vou conseguir lembrar agora, mas pode pesquisar a respeito.

Sukeroku e Yakumo contracenando

Sukeroku e Yakumo contracenando

E porque não posso ficar para sempre sem falar disso, vamos lá: e o Yakumo, será que ele é? Em ritmo de marchinha de carnaval se você gostar, aproveite a data! Existem três tipos de pessoas: as que têm certeza que ele é, os sinais estão todos lá e não vê quem não quer; as que têm certeza que ele não é, não existem tantos sinais assim e os que existem são todos coincidências; e as que enxergam os sinais mas os consideram ambíguos e não conseguem concluir nada. Me encaixo no terceiro grupo. Para alguém firme no primeiro grupo, visite o Not Loli!, especialmente seu artigo sobre o episódio 4. Para alguém do segundo grupo, ahn… acho que ninguém desse grupo bloga. Se conhecer alguém, ou se esse alguém for você, me conte! Até agora só vi essa opinião por aí em comentários e redes sociais, e blogs são legais para desenvolver ideias com mais espaço e mais argumentos, então fico aqui à espera. E estou à espera do sexto episódio também: vai começar a treta? Vai rolar triângulo amoroso? Será que a Konatsu não tem nada a ver com o Sukeroku e é na verdade filha (talvez nunca assumida??) do próprio Yakumo?

Que acha?

Que acha?

  1. Olá, Fábio! Tudo bem? Primeiramente, peço desculpas por ter tardado a vir aqui! Como eu me atrasei com o meu post dessa semana, e não queria me deixar influenciar demais pelas suas ideias antes de escrever (que sei que tendem a ser boas…), não vim ler seus comentários antes!
    Muito interessante sua reflexão sobre a questão do reconhecimento e do rakugo, pessoalmente achei sua interpretação muito feliz. (E estou rindo até agora com a legenda da primeira imagem!)
    Sobre a narrativa em primeira pessoa, sim, muito bem lembrado. Como o Yakumo não tem narrado agora, às vezes a gente até esquece que a narrativa é toda do ponto de vista do Yakumo. No mais, eu gostei muito de saber dessa curiosidade das 10 mil horas para aprender algo totalmente. 🙂 Gosto muito das curiosidades que você escreve nos posts, a propósito!
    Quanto à cabeleira do Zezé, ou do Yakumo… poxa, antes desse episódio, eu estava bem em dúvida se era pra sexualidade dele ser uma questão mesmo, ou se a autora estava só sacaneando a gente. Só depois do 5 que eu passei pro primeiro grupo, confesso, rs. Mesmo assim, muito obrigada pela divulgação! ^_^
    E falando em viagens que talvez não sejam tão viagens assim.. cara, então não fui só eu que pensou na possibilidade de Konatsu ser filha não assumida do Yakumo, hein? Sei que isso é meio improvável, ainda mais a julgar pelo episódio 6, mas confesso que me ocorreu também.
    Como sempre, adorei seu post e ri bastante com seus comentários! Acho que já comentei o resto sobre o episódio no meu blog. Mais uma vez, muito obrigada por ter deixado seu comentário lá! Muito obrigada pela visita e pelo comentário, e até mais!~ ♡

    • Fábio "Mexicano" Godoy

      Acredita que eu ainda preciso assistir o 6? E fiquei sem energia em casa hoje? Enfim, obrigado, procuro ser bem humorado porque isso é só nosso hobby, né? Acho que assim produzo leituras mais agradáveis. E as coisas aleatórias … dica: às vezes uso elas só para encher o artigo =D Mas no geral eu acho que o anime (e qualquer coisa) é mais legal quando você consegue relacionar com outras coisas.

      E não precisa pedir desculpa não, eu que peço por ter demorado a responder. Até o próximo artigo ou comentário =)

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