O dramalhão da vez teve o mérito de ressoar com o tema do anime (e isso totalmente foi um trocadilho cretino, não se engane) e o outro tema tratado era bem mundano, normal, adolescente. Em Haruchika isso são dois pontos à favor em um episódio decente, que em si não foi muito melhor nem muito pior que os anteriores em termos de animação, movimentação, etc, e tematicamente foi superior.

O avô da Serizawa é um político, seu pai um industrial. E ela? Ela quer ser artista, abaixo o sistema, essas porcarias todas que não fazem sentido no longo prazo mas são importantes durante a formação da nossa identidade durante a adolescência. Queria fazer algo com “valor”, como se não houvesse valor nenhum no trabalho de seus parentes ou não fossem também funções necessárias na sociedade (à rigor, se for para escolher, é difícil argumentar que a sociedade – qualquer uma – precise de mais músicos e menos políticos e empresários; mas ah, isso rende uma boa frase de estêncil, né?). É bobagem, claro, como eu já disse isso é apenas auto-afirmação, algo bem normal.

A desgraça da Serizawa é ser membro do elenco de Haruchika, e pois, não possuir o direito de levar uma vida normal e normalmente abandonar as loucuras da juventude enquanto se encaixa na parte da sociedade que produz e permite que seus filhos tenham arroubos de insanidade utópica durante a adolescência – tudo isso enquanto altera seu discurso de forma lenta, sutil e certeira para justificar suas novas e normais escolhas de vida. Não, Serizawa não pode ter uma vida dessas. A vida da Serizawa é do tipo que a esbofeteia na cara enquanto ela ainda é bem jovem e a dá pouca esperança de superação (embora provavelmente ela vá se recuperar; da Narushima não se pode dizer o mesmo por exemplo – seu irmão não vai levantar do túmulo). Ela está lidando bem com isso e através de sua reação resignada todos os demais personagens do anime têm a oportunidade de crescer e aprender algo – bem como seus espectadores!

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