Para um anime slice of life, esse episódio nem isso teve muito. Quero dizer, os dois arcos sem dúvida foram tecnicamente slice of life, mas foram tão curtos, tão cheios de partes disjuntas (principalmente o segundo), e tão sem conexão aparente com todo o resto do anime até agora que pareceram mais, sei lá, documentários de vida selvagem.

E acho que o episódio foi mais ou menos isso mesmo. Pouca história mas muita construção de mundo.

A Hime é a mesma abobada de sempre

Tanta construção de mundo, a essa altura, pode ser um pouco frustrante já que logo o anime acaba e nada disso terá qualquer consequência. Mas já chegamos até aqui então não faz sentido reclamar a essa altura. E ignorando o prognóstico de irrelevância da maior parte ou talvez da totalidade das informações reveladas nesse episódio, ele foi divertido.

A primeira esquete foi sobre centauros. Apesar de dar o título do anime, raros centauros haviam aparecido até agora e pouco sabia-se deles além daquilo que a família da protagonista revelou. Agora sabemos que os centauros são uma minoria da população japonesa, o que faz eu reconsiderar a minha suposição anterior de que talvez tenham composto a casta guerreira (samurais) da nação, no passado. Podem até ter sido parte dela, mas se são minoria, eram apenas parte dela, e não ela toda ou quase toda. Sendo apenas poucos entre outros tantos, passa a ser razoável supor que também exercessem diversas outras funções. Uma outra possibilidade é que talvez tenham sido os soberanos e a maioria populacional de um ou alguns poucos domínios específicos. Nunca a maioria nacional, mas relevantes em suas regiões.

A centauro de cabelo branco é Ayaka, conhecida da Hime na arquearia

Por serem minoria, desenvolveram rituais culturais para favorecer o grupo, e esse episódio apresenta exatamente isso: uma competição de arquearia só para centauros. Ao reunir várias famílias em um só lugar e celebrar entre si algo tipicamente deles, ao cultivarem um valor e costumes em conjunto, favorecem o sentimento de pertencimento ao grupo e consequentemente as uniões intra-raciais. Provavelmente ainda funciona para isso até hoje, por mais que a Hime negue. Claro que ela é muito nova para isso, mas não me espantaria se alguns casamentos entre centauros mais velhos ainda se formassem graças a esses eventos. No passado a coisa deveria ser diferente, claro, com as próprias famílias decidindo os matrimônios dos filhos.

Centauros de todas as cores!

Ainda sobre os centauros, já era sabido que o cabelo ruivo da Hime e de sua mãe é tão raro no Japão que um seu ex-professor foi preso porque insistia em assediá-la moralmente porque simplesmente não acreditava que ela fosse ruiva natural. A primeira coisa que eu pensei ao descobrir isso foi que talvez todos os centauros japoneses, ou quase todos, tivessem cabelos pretos ou bastante escuros, emulando a população japonesa real. Isso era corroborado estatisticamente por todos os outros centauros do anime: o pai da Hime, sua tia e sua prima têm pelagem preta. Mas isso está longe de ser o caso: existem centauros de diversas tonalidades castanhas, claras e escuras, e pelo menos uma totalmente branca. Só os ruivos mesmo é que são raros, embora seja uma característica genética de tal forma dominante que uma única gota de sangue, de séculos atrás, continua garantindo que a linhagem da Hime sempre gere fêmeas ruivas. No mundo real, cabelos ruivos são recessivos e existem cada vez menos ruivos no mundo. Me pergunto se há outros ramos da família da Hime em algum lugar, com mais centauras de cabelo ruivo.

A Ayaka fica bem melhor assim, espero que ela apareça mais ^^

A segunda esquete foi sobre as sereias. Se já tinha sido curioso ver as sereias indo à escola de biquíni no segundo episódio, nesse foi revelado algo ainda mais chocante (para nossos padrões): sereias simplesmente não usam roupas, nunca – só a peça que cobre os órgãos sexuais mesmo. Faz sentido. Como vivem na água, tecido nenhum seria útil para ajudá-las a preservar a temperatura corporal (nenhum exceto tecidos sintéticos inventados bem recentemente, claro). Assim, as sereias vivem como vieram ao mundo, igual diversas tribos que vivem em regiões quentes do planeta no nosso mundo real (elas não precisam se proteger de frio nenhum, afinal). Esse dado cultural é muito interessante.

Esse episódio vai ser “divertido” quando sair a versão home video…

Sobre a fisiologia das sereias eu fico mais dividido. Sereias vivem mesmo em poças rasas a vida toda? Nesse caso acredito que a “adaptação biológica” que transformou suas pernas em uma barbatana é meio idiota. Se elas são tão dependentes ou quase tão dependentes da terra quanto são da água, mantendo um estilo de vida anfíbio, adaptações menos extensivas, que lhes mantivessem as pernas, fariam muito mais sentido. Sereias de verdade fazem sentido quando vivem o tempo todo na água, sem nenhuma dependência da terra-firme. Mas bem, em Centaur no Nayami as sereias são seres humanos anfíbios daquele jeito lá, e não há nada que eu possa fazer a respeito.

Pelo menos faz sentido que, se vivem em poças rasas, nadem normalmente com as barbatanas dobradas em relação ao corpo, e não com o corpo esticado. E isso, por sua vez, faz com que tenha sentido que o robô para que elas andem em terra firme, citado também no segundo episódio, tenha a forma de um centauro. Quero dizer, quatro patas já fazia sentido por ser mais estável, mas agora passa a fazer sentido também do ponto de vista ergonômico, considerando que as sereias estão acostumadas a se locomover com o corpo naquela posição.

A sereia mestiça que atuou como a sacerdotisa

Para encerrar, detalhes exibidos rapidamente no episódio mas que pareceram-me importantes: os antárticos estão tramando alguma coisa. Quero dizer, não sei se é justo falar “os antárticos” porque aqueles que apareceram são notavelmente distintos da Sassassul, um deles inclusive era um “antártico-sereia”, possuindo uma barbatana e nenhuma perna, e todos eles com marcas na testa que os fazem muito diferentes da amiga das protagonistas. Como antárticos são eussociais, com apenas uma fêmea mãe de toda a colônia, a primeira coisa que sou levado a considerar é se há apenas uma rainha. Talvez hajam várias tribos e elas componham uma federação para lidar com o resto do mundo? De todo modo, os antárticos desse episódio, por alguma razão ou outra, do mesmo povo da Sassassul ou não, acharam por bem recriar como um robô ou ser artificial ou sei lá o quê o deus totêmico da tribo de sereias do anime. Com qual objetivo? Não faço a menor ideia, mas dado que tal “deus” exigiu obediência das sereias que o “invocaram”, não consigo pensar em coisas positivas.

E finalizando, confirmou-se a existência do sobrenatural nesse anime. Aquele deus das sereias podia ser falso, mas existe mesmo uma entidade no Templo Mitama. Ela já havia aparecido no episódio 3 e aparentemente apenas a Sue e a Manami podem vê-la. Nas duas ocasiões ela apareceu para brincar com a Sue, e naquela primeira a Manami a viu e agradeceu por ter ficado brincando com sua irmã. Dessa vez a Manami não estava por perto para sabermos se ela poderia ou não ver a garotinha sobrenatural, mas o pai delas com certeza não a viu. Ela escolhe quem pode ou não vê-la? Apenas anjos a veem? Será que ela é a divindade daquele templo? É um assunto bem interessante, porque a Manami é a sacerdotisa e simplesmente não acredita em nada do que ela própria representa. Com sorte voltará a ser abordado no anime.

A entidade jogando reversi com a Sue. Note como ela também é “mestiça” – e até tem quatro orelhas!

  1. Finalmente, um episódio onde apareceu um monte de centauros e também foi revelado que são mesmo poucos.
    Foi curioso ver o aproveitamento de um esporte medieval japonês, o Yabusame, em um personagem da mitologia grega.Combinou direitinho, já que ouvi falar que um dos objetivos dessa prática é o cavaleiro se tornar um com o cavalo e centauros já nascem assim! xD
    Outra referência japonesa ao arco e flecha foi o Kyudo quando a mestra da Hime sugere para as amigas delas. Sassassu foi a única a ficar empolgada enquanto as outras fazem caras constrangidas, principalmente a Nozomi que deve estar farta de tanta arte marcial.

    Achei meio estranho o comportamento dos centauros no dia seguinte quando as amigas da Hime chegaram para ver a apresentação. Será por que elas eram as únicas que não eram centauros ou a Sassassu estava chamando a atenção?
    Ou por algum motivo estavam indiretamente puxando o saco da Hime?
    O avô dela pode ser importante, afinal, falaram que praticar esse esporte é caro e já vimos a mãe da Hime preocupada com as contas da casa só porque o marido comprou uns livros no episódio 2 e ela pratica isso por insistência desse avô.

    Em vezes como essa, atrapalha o anime não seguir a sequência do manga.
    Perdemos o fio da meada sobre algum acontecimento do episódio.

  2. As sereias.
    Na primeira vez que eu vi, não tinha me chamado a atenção elas usarem biquini.
    Afinal, era ambiente de mar, praia…
    E agora que notei que até os meninos usam lacinhos na sunga!
    Também pudera!
    As pernas são coladas e há apenas um vãozinho entre as pernas e a virilha desses seres!

    Fiquei injuriado com essa parte do episódio!
    Como assim as sereias praticam top less diariamente e se cobrem quando recebem visita de escolas terrestres?
    Isso é discriminação!
    xD
    Se eu fosse um dos personagens da escola terrestre processava aquela escola de sereias!
    xD

    Mas ainda foi educativo!
    Aprendemos que o ser humano nunca está satisfeito.
    Alguns meninos tritões estão tão fartos de top less que passaram a preferir meninas que cobrem os peitos!

  3. Os antárticos.
    Aquilo foi muito suspeito.
    O que foi aquela interferência num festival dos oceanides com um ser mecânico se apresentando como deus?
    E, no final, aqueles dois no navio ainda sorriram em forma de emoticon:
    :)(:

    A Antártida é considerada um continente, então, é grande o bastante para abrigar outras nações antárticas.
    Pode ser que sejam outra raça de antárticos, mas, por coincidência, a Sassassu aparece na sala de aula após perguntar sobre deus para as amigas.
    Achei isso suspeito.
    E ainda lembro o fato de que como eles nascem e se organizam como as formigas, então eles podem se diferenciar fisicamente como elas conforme sua função, formiga soldado é diferente de formiga operária.

    Será que os antárticos matarão a Narrativa e agirão como cobras?

  4. Manami.
    E naquela conversa sobre deus sobrou para a Manami.
    Dentro de si, o lado dona de casa brigava com o lado racional.
    Enfim, o argumento financeiro venceu o racionalista.
    WTF
    Ela não acredita, mas ela pode ver espiritos!
    Ou o espírito é que permite ser visto?
    Pode ser que somente anjos os vejam, pois também lembro que as irmãs gatinhas não lembravam da criança a mais quando foram distribuir o sorvete entre os amiguinhos.

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