Se houve um anime que provavelmente passou mais batido do que shake de academia, esse foi Hangyakusei Million Arthur, que trouxe na Primavera de 2019 a continuação da heróica jornada do grupo de seis lendários Arthurs. Apesar de se levar pouco a sério e ter todo um conjunto duvidoso, teria ele conseguido se encerrar de forma digna?

Diferentemente da primeira temporada que parecia um pouco mais desfocada do seu próprio objetivo final, a sequência tenta oferecer um pouco mais de risco e problemas que levam a um pequeno desenvolvimento pessoal do sexteto de protagonistas, e para isso eles trazem a perigosa e cínica Pharsalia como arma principal e obstáculo ao cumprimento da missão.

A fada suprema é uma verdadeira dor de cabeça a equipe e não perdoa nem mesmo os momentos de reflexão ou desespero deles, sendo seu alvo constante a pobre Danchou. Sua difícil personalidade e desejo de se divertir as custas da destruição alheia é o que move a história e causa nos heróis um desejo de superar tal poder ao preço que for necessário.

Embora não tenha crescido muito com a derrota anterior e permaneça com seus costumes devassos, a líder reconhece seus erros e sua falta de preparo, permanecendo firme no cumprimento do seu dever e é essa atitude louvável que faz ela recuperar aos poucos o respeito dos amigos.

Ainda que muitos achem a personagem extremamente desnecessária por conta de sua natureza, acredito que é isso que torna toda a série mais engraçada e única, já que os outros caminham em uma linha mais complicada exceto a Renkin que é um amor – mas admito que em alguns momentos Danchou passa dos limites e realmente testa nossa paciência.

Um dos pontos vitais dessa temporada foi o artifício da “Fusão de Fada”, que conferia não só poder aos guerreiros, como os permitia se aproximarem mais de suas próprias companheiras fadas. Essas sentiam por toda a situação tanto quanto eles e ainda precisavam lidar com suas relações não muito bem resolvidas, então ter um maior tempo de tela para que elas pudessem também mostrar sua evolução foi uma boa sacada e que mesmo que um pouco mal explorada para o tempo que teve, conseguiu levar a um resultado final satisfatório.

Outro fator que marcou também essa segunda fase foi o questionamento interno de cada Arthur sobre o seu próprio dever e ética pessoal, que não aparecia a todo momento, mas pairava pontualmente quando exigido e que ajudava a transmitir uma verdade maior nas escolhas deles e justificava esses atos.

Pessoalmente, acho que para a proposta do enredo, o anime também se saiu bem ao trazer os outros Arthurs, que em uma primeira instância soam como rivais – mas acredito que seriam apenas cavaleiros daquela época – e acabam servindo como elemento impulsionador no desenvolvimento dos protagonistas junto com as fadas.

Todos eles tem personalidades bem maduras e equilibradas, o que é interessante porque mantém a balança no lugar, já que é exatamente de maturidade que os protagonistas precisam e não conseguem assumir e entender.

Sendo honesto, ao longo da aventura alguns dos episódios perderam muito tempo nas piadas sem motivo – algumas nem tão boas -, mas outros souberam causar um sentimento de tensão real e acredito que talvez o potencial que a história tinha só não tenha se perdido totalmente, porque esses momentos se fizeram presentes na hora certa.

No quesito qualidade, vejo a série como um produto mediano e que se segura como lhe é possível, ouso até dizer que para a situação da J.C. Staff, o resultado foi ok. A história teve um rumo um pouco diferente do jogo original, mas acredito que a adaptação quis imprimir sua marca buscando outros caminhos e comigo funcionou, dentro do esperado – vale mencionar que o final também foi sagaz com as pontas soltas.

Enfim, acredito que para as almas mais exigentes, acompanhar essa obra é um martírio, mas para quem está atrás de uma diversão descompromissada e que não puxa muito da mente, Hangyakusei Million Arthur consegue ser um entretenimento minimamente decente e funcional.

Agradeço a quem leu e até o próximo artigo!

    • Oi Reginaldo, tudo certo?

      Olha só posso te dizer que eles não tinham intenção de ir mais longe com esse anime, considerando o planejamento que fizeram, até porque como ele não tem uma história lá muito linear, talvez ficasse muito incerto o que fazer numa continuação, porque as piadas em si já não tinha para onde correr com novidade, então pra deixar tudo nas costas de uma nova aventura qualquer seria complicado, por isso eu acho que eles preferiram dar esse fechamento.
      De todo modo acho que assim como eu, você também gostou dele né? Pode não ser a melhor comédia do mundo, mas é um bom divertimento.

      Agradeco a visita e volte sempre!

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