Summer Time Rendering – ep 14 – O alvo
Qual exatamente é a conexão do Shide com a Haine? Eu queria entendê-la melhor, como nesse episódio conseguimos entender a “dupla personalidade” da Hizuru e qual será o curso de ação dos vilões, além de ter tirado uma dúvida sobre o que o autor está tentando fazer.
Mas antes de chegar lá, seria cômico se não fosse trágico o sangue da irmã ter reascendido a fome da Haine, o que resultou na morte do irmão. Inclusive, fiquei pensando se a Haine poupou a Hizuru ou ela apenas deu sorte da fome ter demorado a tomá-la.
Qualquer que seja o cenário, não ficou claro, mas me parece que a identidade de deusa foi desencadeada pela fome, como uma maldição, e que é algo que deve ser melhor explicado mais a frente, como, por exemplo, não ficou o Ryuunosuke “entrar” na irmã.
Outra coisa que me incomodou um pouco foi a impressão passada (devido a Hizuru do passado ter ouvido o Shinpei a chamando) de que quem vem de outras linhas do tempo consegue interagir com quem é de outras, e isso no replay (que nem replay deve ser).
Sabe a que isso me cheira? A artifício de roteiro safado para criar um cenário mirabolante mesmo com o que havia sido dito sobre o poder do olho até então. Não que o autor esteja exatamente trapaceando, mas, convenhamos, não vai ser conveniente demais se der certo?
Se o Shinpei conseguir interferir com os replays e usar isso para mudar seu destino e o de seus chegados a trama terá me decepcionado um pouco ao passo em que não me surpreenderá em nada. Por quê? Porque o conceito de sombras vem usando e abusando disso.
Por que aquelas sombras deformadas atacaram a Hizuru e o velho do nada? Porque certas sombras fazem X, enquanto outras fazem Y? Além disso, por que o olho pulou fora do rosto da Haine na moral e saiu “andando” por aí por livre e espontânea vontade?
Ainda está tudo muito mal explicado, dando a entender que a liberdade do conceito de sombras (propiciado pelo desconhecimento de suas características) permite praticamente qualquer coisa, sendo a anexação do Ryuunosuke a Hizuru a “cereja” desse bolo.
Não sei se exatamente a cereja, mas não engoli bem a ideia, que até faz sentido, pois pelo que é a trama faz mais sentido que complexo, possessão ou divisão de almas; mas, honestamente, como a Hizuru foi capaz de absorver essa informação e lidar com ela?
Não parece muito um “Porque eu quis!” do autor não? Pelo menos as considerações que ela faz sobre limitar a manifestação do irmão sombra são razoáveis, assim como o plano traçado pelas sombras após a observação da variação nos loops do Shinpei.
O “tosco” foi ele mesmo não ter percebido isso, mas após ser morto de surpresa alguma consequência isso deve ter em sua estratégia. Tem que ter, até porque, convenhamos, agrupar os chegados para lutar armado me pareceu bobo se o plano só chegava até ali.
Apesar disso, apreciei seu discurso honesto, assim como a reação determinada da Mio (que já está cansando de ser mais protegida que a Saori de Cavaleiros do Zodíaco) e a reação fofa da Ushio (uma donzela apaixonada as its finest); foi um trecho bem bacana.
O mesmo já não posso dizer da animação, que mais ou menos do meio do episódio até o final careceu demasiadamente de recursos, isso se já não tiver carecido deles desde o início e eu só não tiver notado. Anime de dois cours sempre tem dessas…
Felizmente, não atrapalhou o que era mais importante, que era o avanço da trama. E ela avançou com a morte do velho, que foi “cancelada” devido a nova morte do Shinpei. Sim, ele virou de vez o alvo. Vamos ver até quando será conveniente o “olho” ajudá-lo.
Isso se o jogo não virar, né… Eu diria que o ideal seria parecer que vai dar tudo errado, mas algo surgir e adiar esse desgaste. Talvez a explicação para o olho ter vontade própria e a Ushio ter (se ela fez isso mesmo) o fixado ao rosto de seu amado Shinpei? Não sei.
Só o que sei é que se o anime ganhou ao jogar a merda no ventilador e se polarizar, perdeu em originalidade, pois, ainda que novos mistérios surjam a medida que velhos são respondidos, sinto que já vi essa história antes, mesmo que ainda a siga achando boa.
Até a próxima!
P.S.: Não estou aqui exigindo que o autor invente a roda nem assim, só frisando que sentia mais originalidade, mais “frescor”, na primeira metade. Acho que ao expandir a trama o autor não soube manejar bem o conceito de sombras para evitar saídas fáceis e/ou estranhas.