Primeiro, peço desculpa pela demora para soltar este artigo, as primeiras impressões viraram uma bola de neve e no final deixei acumular muitos episódios para ver de Summer Time, que findou muito bem seu primeiro cour ao tanto abrir janelas, quanto delinear portas.

Haine ser a deusa e ela ser a sombra da Shiori surpreendeu um total de zero pessoas, assim como o corpo do qual ela iria se alimentar, um deles, ser o da Ushio. Esse episódio demonstrou com requintes todo o sadismo do autor, só atenuado pelo olho que “volta” no tempo.

Volta no tempo naquelas, né, pois como as sombras bem explicaram, o olho dá ao Shinpei o poder de acessar outras linhas do tempo até chegar naquela ideal para ele. O problema é que ele não sabe usar esse poder e que precisa morrer para usá-lo em sua plenitude.

Quem não precisa morrer é a Ushio, ou melhor, a sombra dela, que segue seu legado e luta de todas as formas contra a deusa. Mas por que ela consegue ser tão combativa? Tem que ter alguma coisa aí e isso fica ainda mais escancarado após o que ela fez contra a Haine.

Mas antes de ir além no assunto, gostaria de frisar algo que gostei bastante nesse fim de loop, que foi a exposição das circunstâncias da Tokiko de maneira mais minuciosa. Ficou bem evidente o quanto ela sofre pelo que tem que suportar por causa das sombras.

E não só delas, por causa do desejo do pai também, e além disso, do desejo dela, que é proteger sua amiga Mio. Sim, estou passando um pouco de pano para ela, mas, convenhamos, ela é a óbvia personagem que vai “virar de lado” no decorrer do anime.

E nisso entra o contraponto, que é a Ushio, que não quer que os humanos sejam subestimados, mas me pergunto o quanto ela (ou melhor, seu original) era mesmo “só” humana para conseguir manter tudo da original e ainda bater de frente com uma fuckin’ deusa.

E não só isso, ela é uma sombra, ela consegue peitar outras sombras e até exterminá-las, diferente da Tokiko; então seria muito fácil eu vir aqui e massacrar a personagem quando é muito mais racional entender as circunstâncias que a levaram a ajudar os vilões.

O melhor de tudo (voltando ao sadismo) foi a Mio ter sido feita refém na frente dela e as sombras terem zombado de sua lealdade até ali. Ela não deve passar pelo mesmo para se alinhar ao Shinpei e o irmão, mas imagino que será convencida a colaborar, né.

O pilar de sustentação dela é a Mio. Aliás, a Mio é meio que isso para a trama como um todo, pois o Shinpei e a Ushio também querem protegê-la, ainda que as custas de suas próprias vidas, até porque uma já morreu e o outro sabe que tem que meter o dele na reta.

Sabe outra coisa que gostei nesse episodio? Como, apesar das reviravoltas benéficas aos vilões, as boas para os heróis foram bem articuladas dentro do possível, resultando na já esperada morte do herói. Infelizmente, há dois pontos que merecem a nossa atenção.

Por que o olho não voltou para sua portadora original? Além disso, como a Ushio pode ser o “ovo”? Essas coisas precisam ser bem explicadas no decorrer da trama ou de outra forma a flexibilidade do conceito de sombras será definitivamente um problema.

Isso é algo que tem me incomodado no anime há tempos, pois a cada episódio surgem novos detalhes acerca do que as sombras podem fazer e como, o que me passa a impressão de conveniência, mais do que mistério. Mas claro, se explicações boas forem dadas…

Vou esperar os desdobramentos do segundo tour antes de cravar qualquer coisa. O máximo que dá fazer agora é, por exemplo, constatar o quão belo e trágico é o amor (desde a premissa impossível) do Shinpei e da Ushio, capaz de atravessar as linhas do tempo.

Por um lado esse “upgrade” de performance do Shinpei no uso dos poderes do olho me soou estranho, por outro eu interpretei como uma evolução quase instintiva depois de tudo que é revelado sobre o olho para ele, como se um primeiro passo rumo a…

Rumo ao seu uso pleno, que seria uma mão na roda para resolver a situação, afinal, a cada loop o tempo do Shinpei para salvar a Mio e os outros só diminui e os vilões sabem o quão perigoso ele é. Não sabem é da Ushio, o elemento “X” dessa complexa equação.

Até a próxima!

P.S.: Não sei se você notou, mas a explicação sobre renderização, relacionando o poder do olho ao título da obra, casa perfeitamente com a representação da instabilidade das sombras. Isso eu achei legal, só espero que não mascarem conveniências como “bugs”.

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