Raven of the Inner Palace (Kokyu no Karasu) é um anime do estúdio Bandai Namco Pictures que adapta o romance (a série de livros) histórico e fantástico de Kouko Shirakawa. Segue abaixo a sinopse extraída da Crunchyroll (o streaming oficial do anime).

 

“A Corvo Consorte é uma acompanhante especial que mora no palácio e, apesar de seu título, não realiza trabalhos noturnos para o imperador. Alguns que a conhecem pessoalmente dizem que ela tem a aparência de uma senhora de idade; outros dizem que ela é uma jovem garotinha. Esta acompanhante, Shouxue, é uma hábil manipuladora das artes secretas, e aceita qualquer tarefa que lhe é pedida, seja para encontrar algo perdido ou para levar alguém à morte. Mas quando o imperador Gaojun lhe visita para solicitar sua ajuda, o encontro expõe um segredo que vai mudar a história para sempre…”

 

QUEEN BEE (ou Ziyoou-vachi) é aquela banda que fez Half, abertura de Tokyo Ghoul:re, e que dessa vez faz MYSTERIOUS, a encantadora abertura deste belo anime, cuja base é histórica e também fantástica, afinal, a heroína é uma espécie de sacerdotisa que descasca pepinos para o(a) Imperador(a).

Aliás, qual é a diferença entre Consorte e Cortesã mesmo? Pelo que sei a Consorte é um(a) parceiro(a) oficial, enquanto a Cortesã assume o papel de amante. E por que todo mundo não é Consorte mesmo? Política, influência, cultura, poder… nada de incomum para uma casa real que se “preze.”

E é em meio a isso que acompanhamos a Shouxue, uma garota que se apresenta como normal, mas tem poderes sobrenaturais, e o Imperador, o filho de uma Cortesã injustiçada que busca justiça. E justiça é algo a se frisar aqui, pois distingue os princípios de Gaojun e a imagem que ele deseja passar.

Inclusive, ser político com a Consorte Corvo abre portas para os meandros do palácio, a princípio ele intenciona resolver apenas o caso do brinco que o envolve, mas quem sabe o que mais sairá dessa relação, não é mesmo? A última cena passou uma ideia de que pode se aprofundar e até virar um…

Romance, quem sabe? Isso seria bom para alguém que se sente solitária? Penso que sim. Aliás, gostei bastante da forma sutil como foram pincelados esses detalhes acerca das dificuldades da Shouxue, como também dos desafios (até morais) que competem ao Gaojun. Ir mais a fundo nas circunstâncias dos personagens enriquece a trama.

Outro movimento muito proveitoso foi o da Shouxue se disfarçar (na verdade, omitir sua verdadeira identidade) para investigar, mudando a perspectiva fantasiosa pela qual eu esperava que seguiria a trama em sua maior parte, além de usar de características do contexto dos personagens.

Se os empregados são destinados a viver a vida toda no Palácio (seja o interior ou o exterior), é normal que fofoquem bastante, como também é normal que as mulheres se municiem dessas informações até como forma de auto-defesa, necessária em uma sociedade que subjulga e explora até as abastadas.

Porque a objetificação nesse contexto é repassada, parte do homem que demarca o local e a função da mulher, enquanto a mulher reproduz esse sistema com as outras em posição de inferioridade. Claro, é possível que uma mulher faça isso com um homem, mas a gente sabe quem costuma dar as cartas, né.

Para um primeiro episódio o anime traçou um panorama muito lúcido sobre o universo da trama, e tudo isso sem deixar de lador os protagonistas e suas problemáticas particulares, as quais dialogam diretamente com as questões do Palácio, da política interna dele e das relações de poder nela embutidas.

Por fim, já estou shippando muito os protagonistas. Não entendi porque o cabelo da Shouxue mudou de cor quando ela foi tomar banho, mas segundo a sinopse parece algo que tornará os dois cada vez mais íntimos. Será que a Consorte Corvo deixará de ser uma entidade e passará a ser uma “pessoa?”

Torço muito por isso, pois adorei o anime, ele foi bem mais divertido e cativante do que eu esperava, e nenhum pouco chato por ter um pano de fundo histórico (tem influência de história chinesa, só não sei quanto), pelo contrário, isso só tornou a trama mais instigante e significativa para mim. Assista.

Até a próxima!

  1. Pelo que eu entendi, ela pinta o cabelo para disfarçar que faz parte do povo que foi dizimado pelo avo do protagonista (eles falam brevemente no primeiro epi de como ele matou todos e era assombrado pelos fantasmas de cabelos prateados)

    • Obrigado por me tirar essa dúvida, deixei esse detalhe passar despercebido e ainda não vi o segundo episódio, mas verei em breve, pois essa foi uma das minhas estreias favoritas da temporada.

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