Quando eu assistia Death Parade eu estava tão revoltado com o desperdício de enredo que eram todas as considerações e revelações sobre o além-morte onde as pessoas são julgadas que me limitei a dizer que a cena de patinação da Chiyuki foi bonita. Oh, foi bonita sim! Mas foi bem mais do que isso. Antes de começar, recomendo que assista o vídeo da cena inteira.

Patinadora artística durante toda sua vida, Chiyuki amava aquilo. A felicidade visível na cena e em flashbacks era genuína: ela não conhecia ou reconhecia outras felicidades que não fossem a patinação artística ou estivessem ligadas ao esporte. O presente que ganha é um novo par de patins. O homem com quem sai é seu treinador (ou assim eu entendi, o rosto dele nunca aparece então não se pode ter certeza). Suas amigas são todas amigas de patins. Tanto era o patins a sua vida que foi enquanto patinava que ela viu toda sua vida passar diante de seus olhos. Ela derramou sua vida na patinação.

Mas antes que pudesse perceber tudo havia acabado. Ela nunca mais patinaria. Estava viva, sim, mas desconectada para sempre daquela única coisa que a fazia feliz. Que a fazia se sentir viva. Massacrada pelo vazio existencial, desesperada por reunir corpo e alma, ela se suicida. Sua alma sem patins estava morta, e o que ela fez foi levar seu corpo ao encontro dela, já que reviver a alma não era possível.

A Chiyuki é um caso extremo, mas não tão incomum assim, de pessoa que coloca todo o significado de sua vida em uma coisa só. No mundo real, isso é algo comum em esportistas e alguns artistas, mas pode acontecer com qualquer pessoa. O que dá sentido à sua vida? É uma atividade? Um hobby? Um lugar? Uma pessoa? E se você perdesse isso da noite para o dia, como reagiria?

Bom, minha avaliação final, devo dizer logo de início. Só posso esperar que a Lidy não discorde muito de mim, hehe. Como de costume em temporadas de inverno (não costume do blog, porque essa é nossa primeira, mas se você acompanha anime há alguns anos sabe que é tendência da indústria mesmo) não houve muitos animes que despertassem grande entusiasmo desde o começo, e boa parte dos que despertaram mais ansiosidade eram animes que haviam começado ainda na temporada de outono de 2014 ou continuações. No geral, avalio como uma temporada com alguns poucos animes muito bons, um punhado de animes muito ruins porque foram um tédio só, e uma vasta maioria que foi assistível mas não deve deixar memórias muito duradouras. A avaliação final de cada anime não foi fácil (até escolher as imagens para o banner que ilustra esse artigo foi difícil), e como esperado a minha classificação difere enormemente da enquete (que teve muitos votos a mais dessa vez, obrigado!), mas com alguns pontos de concordância importantes. O resultado da enquete está logo depois das minhas avaliações, que estão logo abaixo desse parágrafo!

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[sc:review nota=5]

Yurikuma pode ter um enredo confuso, não linear cheio de flashbacks que complementam a história na hora que eles são necessários, com simbolismo visual abundante que embora diga respeito à história, no mais das vezes serve de despiste e não de revelação, mas com a transformação de Kureha nesse último episódio eu percebi um padrão no desenvolvimento da forma como as três principais personagens mudaram sua maneira de amar. Todas eram no começo egoístas e por alguma razão se transformaram em altruístas. Lulu passou por esse processo no passado, Ginko passou por isso bem no meio do anime, e a Kureha completou sua jornada de transformação nesse último episódio. Achei isso tão notável que pensei “deve haver quem já tenha estudado isso antes, algo como a Jornada do Herói, só que para amantes, não para heróis”. Daí o título. Não encontrei exatamente o que eu esperava, ou encontrei mas foi muito pouco tempo para uma informação densa demais para eu conseguir usá-la agora (não se aprende física nuclear em um fim de semana), então vou apenas tecer minhas considerações em torno desse tema “Jornada do Amante”, sem no entanto desenvolvê-la de fato. Quem sabe um dia eu a desenvolva ou descubra uma teoria mais sólida do que ela.

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Último artigo de saldo da temporada de inverno, adequadamente com muitos encerramentos. Agora começarão os artigos de primeiras impressões dos episódios da nova temporada e talvez ainda nessa semana, ou talvez na próxima, sairá o primeiro saldo da temporada de primavera. Os últimos artigos da temporada de inverno serão o artigo sobre o episódio final de Yurikuma Arashi e o artigo de impressões finais da temporada, que é parecido com o saldo mas inclui a temporada inteira e algumas outras considerações gerais e específicas. Ele incluirá também o resultado da votação popular de melhores episódios da temporada, se você ainda não votou, a enquete está na barra lateral à direita, vote agora mesmo!

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[sc:review nota=3]

Foi um final feliz para a Maria, não é? Então tem isso, eu acho. Eu não queria um final trágico, e esse definitivamente não foi um final trágico. O que não quer dizer que eu esteja satisfeito com ele. O que dizer daquele momento em que ela está encarando Miguel e todo mundo aparece pra dar uma mão? Foi como uma versão piorada da formação da Sociedade do Anel em Senhor dos Anéis. Ártemis e Príapo: “Você (Maria) tem o nosso apetite sexual insaciável!”. Viv: “E os meus cachos perfeitos!”. Edwina: “E-e-e a minha ti-timidez!”. Bando de bruxas sem nome: “E a nossa irrelevância!”. Bem, para o meu gosto, não foi um final feliz!

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[sc:review nota=4]

Eu nem estava me incomodando ainda com o fato de tudo sempre dar certo para o professor Koro, mas aí está, como esperado, ele também pode errar. E não um erro tolo como os que ele vive cometendo e que compreendem parte considerável do humor do anime, mas um erro grave, um erro que ele simplesmente não poderia cometer. Ele falhou na profissão que escolheu, no local que escolheu. Não é difícil de entender o que isso significa, todo mundo já deve ter passado por isso, uma situação onde você assume uma responsabilidade mas falha. Claro que ainda não foi uma falha fatal, ele continua sendo professor, mas é o tipo de falha que, cometida várias vezes, colocaria em jogo a própria capacidade dele em ser um professor.

E espero que esteja gostando da minha abordagem ao analisar esse anime, sempre me concentrando no enredo e nos personagens de Assassination Classroom sob a ótima educacional. Especialmente depois desse episódio, eu vi bastante gente, inclusive gente séria e muito mais importante do que eu, que não trata anime só como um hobby, falando que agora sim, Assassination Classroom tinha mostrado sua verdadeira face e estava ampliando seu escopo para se tornar também uma série de ação. Eu sustento que ainda não foi dessa vez! Em que se pese a relevância do combate físico nesse episódio, ele ainda é só mais uma metáfora para uma situação escolar, qual seja: o professor que reage mal, com orgulho e arrogância, quando um aluno especialmente bom o desafia. É desse ponto de vista que escrevi esse artigo.

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[sc:review nota=4]

 

 

Esse episódio final de KamiHaji me trouxe um misto de emoções difícil de explicar. Tristeza. Saudade. Emoção. Alegria. Esperança. Frustração. Ternura. Alívio. Mas o mais latente foi, sem dúvidas, a raiva. A começar pelo título mais spoiler que abertura de anime. Mas boa parte dela veio, como sempre, do comportamento do Tomoe. Centenas de anos de vida, e ainda não é capaz de fingir que não se importa. So cute.

No episódio passado, Tomoe resolvera ficar para saber mais da pequena Nanami. Ele acompanhou seu relacionamento com os pais, o pai inútil, a perda da mãe, a dificuldade em se estar sob a guarda de um pai tão irresponsável. Quase impossível não sentir vontade de consolá-la e botar no colo. Uma das partes mais interessantes desse começo foi realmente constatar que a personalidade da Nanami foi completamente modelada pela mãe. Desde que ela era pequena disse que a sua família tem azar com homens e sempre gera somente uma menina por casamento, como consequência de uma troca feita muitas gerações atrás. Se é verdade ou não, eu queria saber. Mas sobre azar com os homens, vendo o Tomoe, eu nem consigo discordar dela.

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[sc:review nota=5]

Que final sensacional! Decim enganou Chiyuki uma última vez para julgá-la, e colocadas as coisas dessa forma e considerando a má impressão que eu tinha dele após o episódio anterior, era de se esperar uma terrível crueldade. E foi uma terrível crueldade! O fato da Chiyuki não ter protestado não muda isso. Ela é compreensiva, ela viveu com Decim todo esse tempo e o entende. Também não é possível afirmar que, embora dentro de um sistema naturalmente mau, os seus agentes sejam maus também. Eles não têm escolha, eles não criam as regras, e eles sequer entendem o que estão fazendo. Eles são apenas bonecos.

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[sc:review nota=3]

Uma coisa que a primeira temporada de Durarara teve nos seus dois grandes arcos foram finais emocionantes, explosivos, agitados. Nessa segunda temporada, teve um monte de gente conversando e resolvendo coisas por aí com papo ou ameaças. E terminou em gancho, ainda por cima! Isso também não havia acontecido nos dois arcos da primeira temporada. E sabe, acho que boa parte da diversão de Durarara estava nessas duas coisas: ver tudo se resolver em uma grande comoção no final e saber que, pontas soltas à parte, seria um final de verdade.

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[sc:review nota=4]

 

 

Eu tava reclamando feito uma velha no artigo passado sobre o jogo demorar pra acabar. Pois bem, acabou. Demorou também, e nem posso dizer que valeu tanto a pena assim, mas o que aconteceu depois foi bem legal até. A linearidade desde episódio era óbvia para qualquer um que já tenha assistido Kuroko antes: a partida termina, há a sequência de riso/lágrimas, e uma pequena pausa nas jogadas para descontrair. Só que desta vez, há diferenças: a próxima partida é a última do campeonato. E desta fase de enfrentamento da antiga Geração dos Milagres. E do próprio anime. Ninguém tem o direito de descontrair agora. E quem surge pra fechar esse maravilhoso círculo de tensão, cheio de boas notícias? Isso mesmo, o arremessador certeiro, Midorima.

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