Semana passada o Vinicius Marino do finisgeekis publicou e eu compartilhei aqui a primeira parte de um artigo-conversa do qual eu participei que buscava responder a pergunta: Anime é coisa de adulto?

Foi uma longa conversa via e-mail e um artigo não foi suficiente para reproduzi-la inteira. Bom, até seria, mas ficaria um artigo grande demais e o Vinicius achou por bem dividir em duas partes, hehe. Hoje foi publicada a segunda parte, da qual além do próprio Vinicius e de mim, participam o Diego Gonçalves do É Só Um Desenho, o Kouichi Sakakibara do Animes Tebane e o Cat Ulthar do Dissidência Pop.

Eu sou um piadista muito ruim (ou muito bom, depende do interlocutor), e quando estou andando com alguém pela rua e dizem “vamos atravessar para o outro lado” eu sempre mando uma das minhas tiradas preferidas: “não, vamos atravessar para o mesmo lado!”.

Pois é, é ruim assim. Mas a rua não é um lugar que você fica, é um lugar que você atravessa; pelo meio dela, pela faixa ou, como Usami e Uchimaki, por uma passarela. A menos que você seja infame como minhas piadas ou um bêbado, a travessia é sempre unidirecional e definitiva. Atravessa-se sem a intenção de retornar (não tão cedo, pelo menos). Usami enfrentava uma travessia metafórica em sua vida ao mesmo tempo em que realizava uma travessia literal pela passarela: o Uchimaki estava para sair do clube. Ela perderia o contato com ele. Tinha que falar algo logo ou perderia para sempre a chance.

Mas é claro que faltava coragem para a garota, por isso ela apenas o seguia, esperando por uma abertura que fosse – semáforo vermelho. E ela veio quando ele a perguntou se ela ficaria triste com a saída dele do clube – semáforo verde. Mas durou pouco tempo: quando ela decidiu aproveitar essa chance para tomar uma atitude, Uchimaki revelou que estava só contando uma piada (estava mesmo?) – proibido. Ele voltou a ser tão distante dela quanto antes, ela perdeu sua chance, a travessia era agora inevitável e por isso ela desabou em lágrimas. Ainda bem que ele captou essa dica e mudou de ideia no dia seguinte, não é?