O embate mais esperado do anime teve seu início e seu fim no mesmo episódio. Tenho muitas coisas a comentar sobre ele, assim como o que aconteceu antes e durante, além do que promete a próxima semana. Foi um episódio melhor que o anterior? Sem sombra de dúvidas, mas mais de uma maneira forçada do que natural, pois a essa altura o mangá estava excelente, então ainda que a Pierrot esteja adaptando mal, é o normal que esse momento seja melhor. Vamos à luta do Arima contra o Kaneki?

Antes de mais nada preciso me desculpar com a dona Pierrot, mas, infelizmente, criticar o estúdio de novo. Não, os vários arcos de personagens secundários a serem trabalhados no arco da ilha Rue não foram completamente jogados no lixo como eu havia pensado.

Na verdade, todo aquele trecho antes da abertura era uma palinha do que o público iria ver no arco, o problema é que a pré-exibição dava a impressão de que aquilo já fazia parte do episódio e só a fala da Touka que era a parte introdutória.

Esse olhar me transmite inquietude e não resolução pela morte…

Isso se deveu a falta da abertura – a qual apresentou uma música muito boa, mas imagens que achei aquém do esperado, apesar de fazerem sentido por ser a temporada final do anime – na pré-exibição do primeiro episódio, o que consertou o problema? Não, pois acarretou outros dois.

Se for apenas o episódio 3 para trabalhar os dramas desses personagens vai ficar muito rushado e quase certamente ficará ruim também. Contudo, se derem mais um episódio e ele for na sequência, o cliffhanger desse vai ficar de lado por tempo demais e acho isso bastante ruim. Mas também podem intercalar partes da ilha Rue com o resto do que há para ser mostrado desse arco da Cochlea – ou só ignorá-lo mesmo.

De toda forma, um ou dois episódios dificilmente vão desenvolver bem o drama dos personagens, e pela velocidade da adaptação nesse segundo cour duvido que gastem tempo demais na ilha Rue. No final das contas, vai ser tudo inevitavelmente rushado e, ainda que não tão ruim, bem aquém, como foi esse episódio cheio de cenas de ação meia boca, uma ótima trilha sonora e um roteiro legalzinho.

Essas lágrimas são de quem gostaria de ser salvo, ainda que seja por si mesmo…

A primeira metade é bem menos interessante que a segunda, mas serve para trabalhar o Yomo, que é tio biológico da Touka e do Ayato, mas esconde isso dos moleques por também ser meio tsundere.

Todo o trecho das memórias dele serviu para aprofundar o personagem, justificar seu interesse em proteger a Touka e o Ayato, e detalhar o que o atormentava. Não exatamente um desejo de vingança para com o Arima, mas de não perder mais pessoas importantes para ele.

Impeça que o Arima mate dois coelhos com uma cajadada só, Yomo ojisan!

Sim, isso é bem clichezão e parece muito drama de personagem de battle shounen, mas o que é Tokyo Ghoul senão isso só que com mais tons de cinza do que um garoto de 13 anos normalmente conseguiria compreender? Nem acho que tem o que questionar disso.

Contudo, ter a mãe morta e o pai usado como protótipo para a Arata – aquela armadura que o próprio Arima e outros investigadores de alto nível usam – não é um caso de tragédia familiar a ser ignorado ou minimizado – tanto para os filhos, quanto para o tio deles.

Se eu te contar que ele solta eletricidade pela kagune você acredita?

Enfim, enquanto isso o Kaneki resgatou a Hinami, eles enfrentaram o Furuta bem rápido, e depois do vilão ser acertado pela Hinami de modo praticamente letal para um humano, ele aparecer vivinho da silva a frente de um esquadrão já denunciava a carta que possuía na manga. A Eto podia não esperar por isso, mas ele tinha uma kagune implantada pelo Kanou. Tipo um irmão de transplante do Kaneki?

Por aí, mas o fato é que Furuta é um meio-ghoul! Ele não só confabula das sombras e demonstra ser leal apenas aos seus princípios, como também tem força bruta para realizar aquilo que ele almeja. A “Super Paz” que ele diz desejar após derrotar a poderosa coruja subnutrida com certeza é uma ideia distorcida de normalidade, de status quo em um mundo cujo clã do qual ele vem torna a veracidade de qualquer normalidade um tópico a ser ostensivamente discutido.

Se ele não é Washuu, não é V e nem Palhaço; afinal, o que ele é? Será que a vida anormal na qual ele não pode chamar o próprio pai de pai é tudo que ele mais abomina apesar dele mesmo ser alguém com uma mentalidade bastante incomum? Essas respostas devem ser dadas até o fim da temporada, afinal, o Furuta é um vilão dela!

A seguir deixarei um spoiler básico que explica o meu comentário acima para quem não leu o mangá.

Para quem não entendeu – confesso não lembrar se o anime deixou clara a informação –, o Furuta é a pessoa misteriosa que derrubou as vigas que pararam a Rize lá no capítulo/episódio piloto da série. A máscara de palhaço dele se deve a ele ter envolvimento com o Pierrot – grupo misterioso do qual o Uta e a Irimi fazem parte. Sim, ele está na trama desde o princípio. Comentarei isso melhor outro dia.

Uma paz construída sobre um mar de corpos tanto de ghouls, quanto de humanos?!

Deixando o vilãozinho de lado, o que sobra é a segunda metade desse episódio, a tão aguardada luta entre o Deus da Morte do CCG e o Ceifador Negro – foi assim que o Haise ficou conhecido depois que o cabelo voltou ao preto. De um lado um homem difícil de entender, do outro um menino que queria fugir de tudo. Os dois a 80km, quem sairia vitorioso em uma batalha na qual os dois queriam morrer?

Aliás, uma batalha na qual os dois queriam morrer, mas não estavam dispostos a matar – pelo menos não um ao outro. Sim, é meio difícil de entender o que o Arima queria ao humilhar o Kaneki quase a luta toda, dando a ele a chance de se erguer de novo para encontrar uma forma de derrotá-lo. Mas a forma como tudo aconteceu não deixa você, caro(a) leitor(a), com a sensação de que tem “coisa” ali?

Arima versus Kaneki. A luta mais importante (ou deveria ter sido) de Tokyo Ghoul!

O Arima sempre pareceu mais uma ferramenta de roteiro – uma muralha que é impossível de escalar – do que um personagem em si, tanto pela postura aparentemente inflexível, quanto pela expressão vazia e a personalidade aparentemente oca. Na verdade, o que há a ser discutido não é exatamente sua personalidade, mas qual era o “peso” que ele carregava em suas costas, qual era seu propósito…

Com certeza não era matar o Kaneki e agir como um capacho para a V, como um cordeirinho para os Washuu. Mas isso significa que a rebeldia dele – porque cortar a própria garganta foi um ato rebelde – se assemelha a do Furuta?

Eu finalmente senti esse vazio sendo preenchido…

Fazer o que ele fez mostra justamente o contrário, prova que ele confia em Kaneki Ken para continuar da onde quer que ele tenha parado. Ele não treinou o Haise – agora o Kaneki Ken de fato e de direito – por acaso, ele não esfregou na cara dele que poderia tê-lo matado centenas de vezes e não o fez por acaso, ele não o “criou” com carinho por acaso, ele não é o Deus da Morte do CCG por acaso, ele não se matou por acaso e é esse “porquê” o que precisam revelar ao público. Que a prévia do episódio seguinte seja uma bait por dar a entender que não revelarão logo.

E agora, antes de finalizar esse artigo que já está imenso, como o Kaneki poderia continuar optando pela morte depois de ver os sorrisos das duas pessoas mais preciosas para ele? De um lado a mulher que ele ama, em seu delírio o melhor amigo. Aliás, delírio esse que foi um mecanismo de defesa da própria mente dele, dizendo que na verdade ele não queria desistir de si mesmo – e nem dos outros.

Porque morrer ali seria abandonar todas as pessoas com as quais ele se importa, seria declarar que o sofrimento pelo qual ele ainda iria passar não valeria a pena em troca da felicidade que ele podia ter ao lado de todos. Mas ele só poderia ter certeza disso vivendo, seguindo em frente, estando ao lado!

O fim dessa jornada pode envolver uma kagune gigante e uma confusão sem precedentes, mas nesse trecho as pessoas com as quais ele se importa estavam lá esperando por ele. Pelo cara que é a vítima e o culpado, pelo cara que é fraco como um coadjuvante e confiável como o protagonista, pelo ghoul e pelo humano, por Kaneki Ken; aquele que está escrevendo sua história de uma forma torta e única.

As explicações virão em breve – torço eu para que comecem a ser dadas a partir da semana que vem –, não se preocupem. Por ora, abracem o caos organizado – ou quase isso – que é Tokyo Ghoul: re. O que está por vir pode ser recompensante ou decepcionante, só posso garantir que alguma coisa será.

Antes de finalizar esse artigo que já perdeu as estribeiras como o Kaneki quando lançou mão de mais uma transformação – um dia ele vai passar o Goku se continuar desse jeito… –, deixo aqui registrada a minha satisfação com a bela música que arrumaram para o encerramento – mesmo as imagens não sendo muito do meu agrado, no balanço geral acho que ficou bom.

Ter comido a kakuja da Eto alterou ainda mais a forma da kakuja dele…

Além disso, preciso comentar que foi uma pena as cenas de ação não terem tido metade do impacto e da qualidade das do anime de 2014, porque esse momento merecia animação de alto nível e não foi o que entregaram, ainda que também não tenha ficado péssimo. A trilha sonora tentou dar uma compensada e acho que isso foi bom, mas até chegou a destonar em certos momentos nos quais o que estava em tela não “ajudava”.

No final das contas, esse episódio até conseguiu ser bom, mas quase que somente pelo impacto do final e pelo que ainda conseguiram trabalhar ali, apesar de ter rolado muita coisa em pouco tempo, do que por mérito da direção, do roteiro e dos outros aspectos de produção do anime. Os “méritos” ficam mais para a história intrigante criada pelo peculiar Sui Ishida, autor do mangá de Tokyo Ghoul.

Se adaptarem a história dentro da história do Arima com metade da qualidade do mangá ficará bom!

“Agora ofereço a minha morte. Nada receio. Serenamente dou o primeiro passo no caminho da eternidade e saio da vida para entrar na história.”

  1. Deste episódio só se aproveitou a Hinami, a aparição do Hide, a Touka, o Youmo e claro o Arima.
    Não estou a gostar da velocidade com que a história está a ser adaptada, não gosto dos design, os design presentes neste anime envergonham a arte bonita do autor, a trilha sonora está ok e a dublagem está ok também.
    A parte que mais gostei foi o desfecho da lenda do Arima, ele terminou a sua vida like a boss, ele já tinha alcançado tudo o que havia para alcançar, vou sentir falta dele (eu na primeira temporada meio que odiava o Arima, mas que ele é um personagem respeitável, isso é).
    Desde da primeira temporada que sempre tive interesse no passado do Youma e com este episódio não fiquei desapontado, que personagem bom. A forma como ele toma conta da Touka e do irmão dela é muito bonita, mesmo que ele se culpe pela morte do pai deles, ele tomou conta dos mesmos.
    A filha do Coruja de um olho é louca, a Kagune dela só tem tamanho, qualidade tem pouca (por sorte a seiyuu que lhe dá voz, tem uma boa voz e o tom de loucura parece bem real).
    O Furuta, eu nunca percebi nada sobre ele, por isso obrigado pelo esclarecimento sobre ele Kakeru.
    Como sempre, mais um excelente artigo de Tokyo Ghoul Re 2 Kakeru17.

  2. Espero que contem bem a história de vida do Arima e o propósito dele como fizeram no mangá, pois todo esse trecho é importante não só para explicar melhor o personagem, como também para dar um panorama geral da história.
    O drama do Yomo é bem simples, mas bem palpável para um ghoul de personalidade retraída como a dele. Foi a forma que ele encontrou para lidar com a culpa e, ainda assim, fazer o seu papel de familiar dos garotos, tentando protegê-los, cuidando deles. Nesse arco passei a gostar mais do personagem e a entender que isso contribuiu muito para a mudança dele no passado.
    Eu acho a Eto um show a parte, a dubladora dela é mesmo muito boa, mas até hoje não engoli muito bem ela ter perdido para o Furuta assim, só que se aceitarmos que ela comeu pouca carne humana e a kagune dele vem da Rize dá para passar.
    O Furuta é aquele vilão que no :re por um momento pareceu ter vindo do mais profundo e completo nada, mas na época lembro que vários leitores do mangá pararam para reler certas partes da primeira série e encontraram ali pequenas deixas de que ele sempre esteve por trás da história, que desde o princípio o autor planejava que o personagem seria esse antagonista.
    Ainda há muita coisa bacana para acontecer em Tokyo Ghoul:re e, apesar da produção estar de mediana para ruim, espero que a história ainda consiga ser, de alguma forma, proveitosa para todo o público, tendo o telespectador lido o mangá previamente ou não.

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