“Eu quero conhecer a derrota!” É essa frase que norteia o anime de Baki, adaptação de um dos arcos do extenso mangá de artes marciais que, contando com continuações, contabiliza cerca de 90 volumes. Baki tem status de clássico e já teve outras adaptações animadas ao longo do tempo. Essa é exclusiva da Netflix e tenta aproximar o público da plataforma dessa história de artes marciais regada a muitas lutas. Você já conheceu a derrota? Se quiser conhecê-la, Baki é uma indicação que eu faço para você!

A história acompanha Baki Hanma, filho de Yuujirou Hanma, conhecido como o homem mais forte do mundo; só que esse arco específico apresenta cinco novos personagens, todos fugitivos de prisões de segurança máxima ao redor do mundo, que vão até Tóquio por possuírem um desejo em comum: eles querem conhecer a derrota.

E para isso eles irão atrás de enfrentar os mais poderosos praticantes de artes marciais da cidade. Baki é morador da cidade, assim como muitos dos que perderam no torneio que o consagrou campeão de uma famosa arena do submundo. Sim, ele é um campeão com 17 anos.

A trama acompanha esses fugitivos perigosos buscando arrumar encrenca com quem eles acham que pode lhes proporcionar a derrota. O que se pode ver nela são combates constantes, ainda que a base de uma justificativa pouco palpável.

Esse arco que o anime de 26 episódios adapta seria estapafúrdio e só isso – na verdade, o motivo dos combates em si é bem isso, apenas testar as forças de cada um – se suas lutas não apresentassem um certo diferencial; mostrando desde técnicas peculiares a formas diferentes de usar artes marciais como o caratê, o judô, o boxe, etc, em combates reais e que não se limitam apenas a trocas de socos e chutes usando punhos e pés.

Há uma diversidade de maneiras de explorar o que é uma derrota, como ela se “conquista” e o que exatamente vale ou não em uma luta.

Acho que isso é o mais bacana desse anime, as formas criativas de lutar, não necessariamente sendo apenas a imposição do mais forte sobre o mais fraco, trazendo criatividade a lutas que seriam “mais do mesmo” caso essa fixação pela derrota não existisse.

Tanto é que as derrotas que os prisioneiros fugitivos alcançam têm diferenças entre si e simbolizam a completude de algo que os inquietava, que os motivava a buscarem ser superados em seus próprios jogos e desafios.

Baki não é uma animação com um grande roteiro ou uma qualidade técnica impecável – muitas vezes o mediano estúdio TMS Entertainment usa CG questionável nas lutas –, mas no conjunto da obra, isso não atrapalha muito as lutas ou o desenvolvimento de personagem que tentam dar para o protagonista nesse arco da obra.

Sim, o Baki é um adolescente como qualquer outro – apesar de ser extremamente forte e desejar se “vingar” do próprio pai –, tanto é que entre os ataques dos lutadores fugitivos ele começa a namorar a Kozue – uma amiga de longa data – e há uma tentativa de trabalhar esse relacionamento e o que o ato de fazer sexo com uma mulher representa no amadurecimento pessoal de um homem.

Sim, do que eu esperava de Baki isso com certeza foi a coisa mais estranha e, aparentemente, deslocada que eu vi, mas a verdade é que, se formos pensar nesse como sendo apenas um arco de uma obra maior, talvez não seja estranho gastarem tempo para desenvolver o personagem nesse sentido.

Aliás, esse é o primeiro anime que vejo de Baki, mas você não precisa se preocupar, caro(a) leitor(a), pois se ainda não começou a ver o anime, pode assisti-lo sem qualquer problema. O arco funciona de uma maneira bastante independente, não há problema se você não viu nada de Baki até aqui.

Na verdade, eu diria até que a intenção foi justamente incentivar esse público novo a conhecer mais da obra sem precisar sacar mão de um reboot ou remake, até porque o anime acaba introduzindo um novo arco que torço para que seja animado. O arco do Grande Torneio Raitai – é, o autor de Baki adora fazer uns torneios.

Apesar desse final com gostinho de quero mais e da trama não ter uma escrita rebuscada ou incríveis méritos técnicos, esse anime vale uma indicação? Creio que sim, pois quem vê esse tipo de obra sabe o que quer – caras superfortes se batendo por quaisquer motivos – e nesse anime irá achar isso.

Não esquecendo que o arco apresenta algo a mais que vai além da limitação da estrutura que um arco de torneio permite, então parece ser ainda mais interessante, não é mesmo? Espero que tenha achado o mesmo se já tiver visto ou que ache se tiver se motivado a ver. Esse anime pode ser encontrado na Netflix com o nome de Baki – O Campeão e não deve demorar até anunciarem continuação para ele.

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