Todo heavy user de animê conhece o Hijikata: demoníaco vice-comandante do Shinsengumi e, mais importante, viciado em maionese. Personagem da zoeira sem fim de Gintama.

Hijikata, Shinsengumi e vários outros personagens dessa série realmente existiram. Em Hijikata Toshizou: Shiro no Kiseki, conhecemos o lado real dessa parte tão importante da história do Japão.

Essa publicação existe graças ao grande Kondou-san, que conversou comigo a respeito desse animê e me ensinou vários detalhes dessa parte histórica. As informações que ele me passou foram tão interessantes que considerei de grande valia divulgá-las. Tudo que foi dito pelo Kondou-san estará devidamente marcado neste artigo.

 

 

Em termos históricos, Hijikata Toshizou: Shiro no Kiseki, foi excelente. A forma como a história em apenas meia hora contou tudo sobre os acontecimentos da vida do real Hijikata e dos seus companheiros foi magnífico. O OVA teve um orçamento muito limitado, a animação sofreu com isso, em compensação o roteiro e a dublagem estiveram no ponto.

 

A história do Shinsengumi é digna dos melhores contos épicos: o Shinsengumi era uma espécie de polícia de elite de Quioto, só respondia ao senhor de Aizu e ao Shogun.

As origens do Shinsengumi foram bem complexas, no começo o comando estava dividido entre duas pessoas: de um lado estava o Serizawa Kamo (aquele que é morto com a amante num ataque surpresa do Hijikata), que era um samurai de uma linhagem pura e, do outro, o Kondou Isami (o nick do Kondou-san é em homenagem a esse grande samurai), que nasceu plebeu e foi adotado por um samurai. No começo, o Shinsengumi tinha outro nome, esse nome era Lobos de Mibu.

 

 

Quando o Serizawa Kamo começou a coagir os comerciantes de Quioto para lhes extorquir dinheiro (que supostamente era para pagar os custos de guerra contra as forças imperiais), os Lobos de Mibu ficaram com uma reputação manchada (que o Kondou Isami e o Hijikata levariam às costas até ao final do Shinsengumi).

 

 

O que mais me agradou no OVA foi a demonstração do lado bom e do ruim. Ele é muito sincero e transparente quanto às figuras históricas. Vemos a face da honra, da determinação, do senso de dever, bem como os assassinatos, o jogo de poder, a austeridade no seguimento do código.

Matar era algo natural para o Hijikata, fazia parte do trabalho. E o animê passa essa sensação muito bem, fazendo com que as mortes sejam normalizadas, sem dramaticidade, mesmo de figuras importantes. Mas o Hijikata, em alguma parte de sua mente, sabia que isso não era algo bom. Era uma coisa que ele precisava fazer por conta da escolha que fez, e ele adorava ser um samurai. Hijikata era muito consciente de tudo, do que estava fazendo, do que aquilo significava, das consequências, das escolhas.

 

 

Todos no Shinsengumi matavam, na óptica deles a honra era tudo, o serviço ao Shogun e ao seu senhor de Aizu era tudo.

Segundo crônicas na época, o Kondou Isami (Comandante) ainda antes de estourar a guerra entre leais ao Xogunato e os leais ao Imperador, já tinha matado 60 homens, imagina o próprio Hijikata e os outros capitães do Shinsengumi. Os leais ao Imperador, segundo o ponto de vista do Kondou Isami e até do próprio Hijikata, é de que eles eram uns vendidos aos costumes Ocidentais. Para o Kondou, as armas de fogo e os uniformes de guerra Ocidentais eram uma afronta à tradição (mais tarde, o próprio Hijikata, já sozinho, usaria com grande estratégia as armas de fogo compradas aos Franceses).

 

 

O OVA toca num assunto muito pouco falado: o Hijikata tinha uma prometida em Hino, a sua terra Natal, mas quando surgiu a oportunidade de servir ao senhor de Aizu e ao Xogunato, ele deixou ela para trás e foi para Quioto. Em Quioto, grande capital do Japão na época, o Hijikata tinha uma amante, uma gueixa (isso era bem normal para a época, todos os samurais, desde dos ricos aos pobres, passavam a vida no distrito da Luz Vermelha).

 

 

O Vice-Comandante ainda tinha sua busca pelo vazio.

O vazio (ou vacuidade) é uma das noções fundamentais do Budismo. A grosso modo, seu sentido é de que a base do ser está além da capacidade humana de percepção dos sentidos e da formulação de conceitos definitivos. O vazio é um espaço de abertura e de liberdade ilimitada, é onde tudo é possível. Alcançar o estado básico do ser, onde não existe definição através de características do passado, do futuro, existe apenas o potencial para infinitas possibilidades.

Hijikata passa a vida tentando se afastar das coisas terrenas, em uma busca para dentro de si, ao âmago do ser, ao vazio. E ele vai conseguir isso na batalha de sua morte, quando consegue lutar sem pensar em absolutamente nada.

 

O verdadeiro Hijikata, já na reta final da derrota do Xogunato Tokugawa, sabia que não tinha hipótese de vencer e, ainda assim, arrastou a guerra o máximo que pôde (na cabeça dele, o Xogunato não poderia perder de forma humilhante, se fosse perder, que fosse lutando).

 

 

A forma como o OVA mostra um pouco daquilo que o Okita Shouji passou na sua vida também foi muito bom. O Okita era filho de samurais de casta baixa, quando ele entrou no Dojo Shiekan, do Kondou Isami, rapidamente se tornou o espadachim mais forte do Dojo e, mais tarde, seria o capitão do primeiro pelotão do Shinsengumi (ele nunca perdoou o Hijikata pelo facto dele não ter impedido a decapitação do Kondou Isami).

 

 

Por fim, se tivesse que destacar um momento desse OVA, seria a parte final, quando o Hijikata e o resto do seu exército da República de Ezo atacam a força combinada dos imperiais (até hoje existe discórdia na forma como ele morreu, uns dizem que foi com um tiro de espingarda e outros dizem que ele foi atingido por um tiro de metralhadora Gatlling. A única coisa que concordam é que ele foi atingido no abdômen e a bala fez um estrago enorme).

 

 

Esse artigo é 90% do Kondou-san e 10% meu. Fica aqui meu agradecimento por ele ter compartilhado todas essas informações históricas super interessantes e por ter permitido que eu as utilizasse em uma publicação.

Sayonara. Bye, bye o/

 

(〜 ̄▽ ̄)〜 O Gorila realmente parece um Gorila.

 

 

  1. Que artigo maravilhoso Muragami, foi uma honra auxiliá-lo na escrita deste artigo.

    Este ova biográfico de um dos maiores espadachins e guerreiros da história do Japão é muito bom. Já consumi muitos animes onde o Shinsengumi tinha destaque, muitos deles representavam bem os integrantes do Shinsengumi, as suas personalidades, as suas motivações, mas nenhum chega perto deste ova. Hijikata Toshizou Shiro no Kiseki representa com louvor na sua meia hora de duração a história do Shinsengumi e principalmente a história de vida do seu membro mais famoso, o Hijikata foi o grande responsável por deixar o nome do Shinsengumi e da sua bandeira da sinceridade nos anais da história japonesa.
    O ova cobriu o mais importante na vida do Hijikata como deu breves vislumbres da vida do Okita Souji e do Kondou Isami, mas senti falta do acontecimento que levaria ao derradeiro final do grande samurai e guerreiro que foi o Hijikata Toshizou, o cerco e ataque na retaguarda da fortaleza em forma de estrela de Hakodate por forças leais ao Imperador. Foi esse acontecimento que levou à morte do Hijikata e consequentemente à derrota da jovem República de Ezo.

    Deixo uma pequena lista de animes onde o Shinsengumi aparece (tirando Gintama que o redactor já citou):
    -Samurai X: Tsuioku-hen (OVA);
    -Hakuouki (série TV);
    -Peace Maker Kurogane( Série TV e filmes);
    -Ryo (Filme);

    Deixo também a recomendação do mangá Sayonara ga Chikai no de, que conta os momentos finais do capitão do primeiro esquadrão do Shinsegumi Okita Souji.

    Antes de terminar, as imagens escolhidas são excelentes.

    • Muito obrigado, Kondou-san.
      Mas esse artigo é muito mais seu do que meu. Quando você me passou todas aquelas informações na nossa conversa, eu tive certeza que precisava espalhá-las.
      Agradeço por ter permitido que eu fizesse o post com todas as suas falas.

      Ótimas recomendações. O Ryo eu tenho baixado aqui, preciso encaixá-lo na agenda.

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