Pronto para mais um artigo do melhor battle shounen da atualidade? É hora de Jujutsu Kaisen no Anime21!

O Gojou Satoru é um personagem que segue a linha do mentor badass que funciona como co-protagonista na trama, às vezes até agindo mais como um protagonista, não à toa ele é o feiticeiro de jujutsu mais forte, é irreverente, excessivamente confiante e uma figura indiscutivelmente imponente. Sua luta breve de exibição com o Sukuna não teve só boa animação, mas também mostrou toda a “flexibilidade” de sua personalidade.

Ele ouviu a opinião do Fushiguro sobre a situação, mas também testou a capacidade de “domar” a maldição do Yuuji e o nerfou com facilidade, deixando claro quem é que manda. Ele não é certinho como o Fushiguro, mas ao mesmo tempo também não é irresponsável, o que somado ao seu jeito de falar e agir dá a entender que lida bem com as responsabilidades que tem, mas não necessariamente tem vocação para ser um mentor.

Ele é mais como o Yami de Black Clover e menos como o All Might ou o Aizawa de Boku no Hero, acho até que já citei isso nas primeiras impressões ou no artigo de mangá que fiz da obra, o que o torna um personagem mais interessante e divertido de acompanhar, do qual espero coisas mais loucas, além do primeiro encontro dele com o Sukuna criar uma expectativazinha de que acabem se enfrentando no que, seria a grande luta do anime.

Inclusive, a explicação das circunstâncias da maldição do Sukuna dão uma boa ideia da gravidade do problema que a sociedade jujutsu tem em mãos. O segundo dedo é ingerido bem rápido pelo Yuuji e mais uma vez ele lida bem com a situação, mas o que garante que o Gojou será mesmo capaz de acabar com o Sukuna quando ele estiver completo? Além disso, quanto mais dedos reunidos, mais encrenca a vista, isso é bastante óbvio.

O protagonista ingerir dedos e conseguir coexistir com a maldição, além de suas capacidades atléticas muito acima da média, tornam factível a ideia dele ser capaz de resistir ao fardo, mas ao mesmo tempo levantam dúvidas sobre as origens e o potencial do garoto. Senão para os outros personagens da obra, para o público que vê de fora e pode esperar por, por exemplo, um envolvimento dos pais com o mundo dos feiticeiros. Por que não?

Seria clichê, sei disso, mas Jujutsu é bom justamente por ter esses clichês e conseguir ser consistente e divertido, ou vai me dizer que a ideia de a cada vez que se come um dedo a possessão de um monstro poderosíssimo aumentar não instiga? O próprio conceito de deter as ações de maldições contra humanos usando energia amaldiçoada mostra a linha tênue sobre a qual os feiticeiros de jujutsu andam para proteger o mundo das sombras.

Enfim, achei a abertura irada, não tinha ela na pré-exibição que vi da estreia para escrever o artigo. Gostei da simplicidade com ótima animação e do encaixe com a música. Não foi espetacular ao ponto de cogitá-la como um clássico já de cara, mas nem precisava ser, isso é besteira, o relevante é que ela abusa de uma qualidade técnica elogiável (e esperada), mas também tem certa criatividade para aproveitar alguns dos conceitos da história.

Além disso, não tem spoilers (ao menos não relevantes), um problema nada incomum para aberturas e encerramentos de battle shounens. Outra coisa nada incomum é a cisão entre uma vida que se vivia e uma vida que vai se passar a viver, o que pode ser visto na figura do Yuuji, que precisou mudar de cidade, de colégio e de amigos. Digo, não mudar necessariamente, mas se afastar, o que deve até ser mais seguro para eles.

Já ficou claro como civis podem ser facilmente machucados por uma maldição e foi justamente o risco de vida dos amigos um dos fatores que levaram o garoto a quebrar aquela janela e entrar de vez no mundo sombrio dos feiticeiros, então ele tinha que se despedir, era preciso, e o fez sem drama exagerado, mas também não deixando de demonstrar algum carinho. Foi o adeus dele a um mundo normal que não o pertence mais.

A cremação do avô é uma cena que não lembro de ter visto no mangá, mas, em todo caso, eu gosto dela, porque é um contato mais realista com a morte, um processo natural do luto que ele precisa enfrentar e com o qual vai precisar, em algum nível, se acostumar, afinal, é muito provável que perca pessoas no caminho e que não posso deixar de pensar em coisas práticas enquanto isso. Resumindo, não há tempo para lamentações.

Ao menos não muitas, tanto é que por mais que aparente tristeza e desânimo naturais, logo ele decide aceitar o trato que seu senpai propôs. Não que tenha muita escolha, é isso ou a morte instantânea, mas independentemente disso, fica claro como ele pensa em todo o processo que o levou até ali, não é só engolir um dedo mágico e virar receptáculo de um monstro, mas também a filosofia de vida que quer cultivar para si.

Mais a frente comento mais isso, pois antes quero assegurar a você, caro(a) leitor(a), que a escola na qual o Yuuji vai estudar é só uma fachada, Jujutsu Kaisen não é um anime escolar, passa muito longe disso, a escola só é usada para facilitar a reunião de jovens talentosos, os quais, como deu para perceber, surgem a dedo, afinal, tem o Fushiguro, o Yuuji e a garota que ainda vai aparecer; três novatos nessa escola para feiticeiros.

Não lembro se tem cenas de aulas no mangá, mas o que geralmente ocorre são reuniões com colegas e missões, eles passam pouco ou quase nenhum tempo na escola, a história se desenrola muito mais fora dali que qualquer outra coisa e isso dá mais liberdade a trama, não existe uma vida comum que precise ser preservada perante a sociedade, os usuários de jujutsu circulam mais dentro de seus próprios círculos, o que é até mais cômodo.

Tanto é que o protagonista precisou passar pela “prova de entrada” freestyle do diretor simpático, mas peculiarmente rígido. Ele ter falado que a Jennifer Lawrence era seu tipo de garota foi muito aleatório e eu adoro essa zoeira, porque compartilho do mesmo gosto dele, além de ser o tipo de quebra cômica que encaixa tanto com o que se apresenta na cena (um adulto trabalhando em bonecos), quanto o que rola geralmente no anime.

Não sei se o pôster que ele prega no quarto é a versão animada da JLaw, mas se for, ficou bonito, só que o importante a comentar disso claramente não é o gosto dele e sim a carência de pequenas variações que esses episódios mais didáticos (e esse foi um episódio praticamente só de informações e diálogos) têm e como essa compensação tentou ser alcançada. Não sei se foi o suficiente, mas penso que no geral o episódio fluiu bem.

Principalmente porque em seu clímax houve um certo equilíbrio entre essa irreverência típica da obra com a seriedade necessária referente a decisão que o protagonista precisava tomar. O diretor se mostrou bem razoável no que se refere ao aconselhamento que poderia dar, mas também ao mínimo desafio que deveria propor, afinal, o Yuuji deveria ao menos bater de frente com o boneco e suportar algum nível de pressão.

Porque a responsabilidade que ele assume é um baita fardo que só pode ser suportado por ele (ao menos é assim por ora), então só existiam duas saídas, tentar se livrar disso ou vestir a carapuça. Depois do que ele experimentou com o avô no leito de morte é claro que optaria pela segunda opção, até pelo que viu das maldições e o fato de estar intimamente ligado a uma. Se abster poderia trazê-lo remorso no futuro, aliás, que futuro, né?

Esse lance de assumir responsabilidades é algo que a toda hora vemos em animes e mangás, faz parte da cultura japonesa e, apesar de ser clichê, sempre é uma boa forma de amarrar as coisas, porque torna mais crível o envolvimento a fundo de um personagem com alguma coisa. Há uma dívida moral ali que precisa ser sanada ou aquele personagem não fará sentido dentro da história. Se ele fosse alguém sem princípios Jujutsu Kaisen nem existiria.

Enfim, não sei se é minha memória horrível ou se houveram algumas diferenças entre o anime e o mangá, mas a experiência foi um pouco diferente para mim do que foi no mangá e curti isso. Acho a direção de Jujutsu bem eficiente, pois mesmo um episódio mais parado, mais útil para fins de contextualização, foi divertido de acompanhar, o que se deveu muito ao equilíbrio entre a construção do personagem e a do mundo no qual ele se inseriu.

Yuuji não luta exatamente pelo que seu avô falou para ele, mas por si, pelo que acredita ser o certo, pelo que acredita ser responsabilidade sua, para dar significado a sua vida. Não morrer sozinho me parece um motivo digno pelo qual ajudar o próximo, ainda mais quando existe também a intenção de dar uma morte digna aqueles dos quais gosta. É um sinal de apreço por si e pelo outro que pode não ser tão específico, mas nem por isso é menos válido.

Por fim, a nova personagem é a heroína principal da história e tem uma ou duas coisas legais sobre ela que devo comentar com vocês do próximo artigo em diante. Posso garantir que gosto muito dela e que ela é um pouco diferente de alguns clichês que cercam esse tipo de personagem nos battle shounens. Já o encerramento foi tão inesperado, e ao mesmo tempo achei que caiu tão bem, que não tem como não elogiar a ideia.

A Nobara e o Gojou são personagens menos certinhos que o Fushiguro, então acredito que foi por isso que tiveram um pouco mais de destaque nesse encerramento super estiloso, além do Yuuji ser o protagonista, então estaria nisso de toda forma, dançando e se divertindo. É uma ED super alto astral que não contrasta com o que é o anime, porque Jujutsu tem mesmo essa pegada mais alternativa, “freestyle”, que traz um certo frescor a cena otaku.

Até a próxima!

  1. Comecei a ver o anime por causa do ED. Eu vi no YouTube da TOHO e amei tanto, mas tanto! Poderia ser perfeitamente um MV. A fluidez deles dançando e o jeito mais desleixado do colorir nas cenas são cativantes demais. Concordo que dá um frescor para o nicho porque, para mim, flerta com cenários alternativos.
    O OP eu vi porque acompanho o trabalho do Eve. Aquilo poderia ser um MV das músicas do Eve, então sim se encaixou ridiculamente bem com a música (e com quem canta). E não tem spoiler!!!!
    Apesar da história em si não ser a coisa mais diferente do mundo me parece que a execução vai ser divertida de assistir com equilíbrio entre o leve e o pesado. Possivelmente vou pegar o mangá para ler.

    • Verdade, a Ed e a OP são um charme a parte, principalmente a ED que saiu do lugar comum para um anime de ação. Na hora que soube quem iria cantar a OP eu nem acreditei, conheci o Eve no youtube há um tempo atrás e posso dizer que a OP não poderia ter ficado em melhores mãos. Indico que ouça ambas as músicas completas, são ainda mais legais. Sobre o mangá, gosto bastante dele, foi por lá que conheci a série e indico que pegue, mas pegue logo, afinal, é Panini, a gente pisca e some das lojas.
      Ademais, desculpa a demora em responder e obrigado pelo comentário!

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