Uchi no Musume no Tame naraba, Ore wa Moshikashitara Maou mo Taoseru kamo Shirenai – traduzi e assim ficou mais legal, não achou? –, é uma light novel escrita por CHIROLU e ilustrada por Truffle.

A obra terá anime na temporada de verão de 2019, mas já tem adaptação em mangá, e como seu título indica, trata-se da história de um pai que ama muito sua filha.

Mas não me refiro a uma família típica, nem a um cenário como o do nosso mundo – há Rei Demônio no título, né, remete a fantasia –, e sim de uma história de adoção, lotada de amor e gentileza. Vai me acompanhar nessa história de família?

Uma vez escrevi um artigo sobre um filme e o título foi o seguinte, “Família você também escolhe”, e apesar do longa não ter quase nada a ver com essa light novel há um tópico em semelhança, o ato da adoção, o ato de adotar motivado por amor.

Sim, deve ser sempre esse o motivo para adotar alguém como filho(a), eu só tenho dúvidas se esse realmente sempre é o caso.

Contudo, Assunto de Família e essa light novel são ótimos exemplos na ficção de histórias de adoção de abordagens distintas, então, fica mais a dica para que você veja o filme. Lá o drama é pungente. Aqui é só mais um dos elementos.

Na história acompanhamos Dale, um aventureiro que em um de seus trabalhos encontra uma garota na floresta. Sozinha, assustada e faminta, Dale a alimenta e descobre que ela é uma garota demônio. Ela perdeu o pai e estava tentando sobreviver de alguma forma na floresta, então Dale decide levar a criança consigo para a hospedaria onde ele mora, a adotando.

Latina é uma doce menininha com um chifre quebrado devido a um crime cometido. Mas qual crime uma garota tão fofa poderia cometer? É isso que Dale quer saber, mas a verdade é que a prioridade é proteger o sorriso de sua amada filha.

Uma coisa muito bacana do livro é que vários detalhes que contextualizam o mundo de fantasia visto na história são explicados ao longo da narrativa, assim facilitando o entendimento dos mecanismos e das relações dispostas nele.

Não é apenas um mundo de fantasia genérico, ainda que o foco não seja o universo. O foco é Dale, um jovem aventureiro que adota Latina, uma criança desamparada que foi exilada de seu povo. Uma raça isolada.

Além disso, seu chifre decepado é a marca de um crime que a garota cometeu, então voltar para casa não é opção, pois não há mais uma casa para a qual retornar, cabendo a Dale dar a Latina uma já que ele logo se apega a garota, decidindo adotá-la e cá entre nós, você teria coragem de deixar uma criança desamparada?

Claro, se tivesse o mínimo de condição para criá-la. O ato de Dale é um ato de amor, de compaixão e em tudo é um ato humano e compreensível, não exatamente um ato digno de elogio, mas de constatação de como esse personagem é humano, o que facilita com que qualquer pessoa se envolva com a sua história e, claro, se apegue a quem está lá com ele.

Pois, a sua maneira, todos os principais personagens da narrativa são interessantes, tem sim personalidade e vão sendo muito bem aproveitados na situação que se apresenta: o dia a dia de uma família em formação.

Uchi no Musume é em tudo um slice of life com uma pitada de drama e só com isso a obra já atende todas as expectativas que são criadas por sua sinopse, afinal, trata-se da história de duas pessoas que não tinham nada a ver, mas são unidas pelo destino e devido a gentileza de uma para com a outra acabam se apegando – formando um laço que se espera em uma relação de adoção benéfica e desejada para os dois lados.

Apesar de se passar em um mundo de fantasia, a forma como a obra trata o tema é sim realista, pois Dale muitas vezes se pega pensando no que fazer por Latina e Latina reage com carinho a tudo o que ele faz por ela. O reconhecendo como uma figura que a ama e protege, mas, algo que também é imprescindível, a respeita.

Não há preconceito ou indulgência com relação ao trato dele com ela, pois, independentemente de ela ser de outra raça, e lá ser considerada como uma criminosa, a Latina que Dale conhece é uma garota gentil incapaz de fazer mal a alguém, e é a confiança formada entre os dois a força motriz dessa relação, como deve ser em qualquer família, seja ela de sangue ou não.

Afinal, se nem você acreditar em sua criança, quem mais acreditaria? Esse é o dever de um pai e Dale, ainda que sem experiência alguma, se esforça ao máximo para proteger e amar a filha. É bacana ver o personagem refletindo sobre o que fazer e se preocupando em como dar a ela conforto, atenção e amor; para fazê-la se sentir parte de um lar.

Aliás, é aí que Kenneth e Rita e os amigos que a criança faz entram, pois são todos personagens importantes para a criação dela. As crianças com as quais ela faz amizade pouco aparecem, mas já são um reflexo de que com as primeiras necessidades atendidas – comida, roupas, estabilidade emocional, linguagem e carinho – têm outras coisas das quais a garota precisa.

Elas são a interação com aqueles de sua idade e a externalização de sua meninice, das necessidades comuns a infância – afinal, é de uma criança que estamos falando.

E, ainda que não seja exatamente relevante, é ótimo ver na melhor amiga dela a figura de uma mulher; ou no caso, de uma garota; que se impõe perante os homens, os garotos, pois reforça a tendência do autor em criar personagens femininas relevantes na trama.

A outra personagem que tem destaque é Rita, esposa do gentil e afetuoso Kenneth, que sabe bem como agir em cada situação e ajuda muito a Dale e Latina no começo de suas vidas juntos.

Kenneth também é um baita personagem, ele ensina a criança muitas coisas e se esforça para agradá-la e fazê-la se sentir em casa, mas é Rita quem oferece a objetividade e inteligência da qual tanto carece a mulher para viver bem em sociedade.

No final das contas, as personalidades e atitudes do casal oferecem um equilíbrio, uma segurança que só agrega à criação de uma criança.

Por fim, Dale é um aventureiro, então vira e mexe ele precisa viajar passando um bom tempo fora e é nessas lacunas de convívio que a garota fica mais frágil, fica mais suscetível a desordens de qualquer ordem. Não à toa o clímax do livro ocorre em um desses momentos, já com a garota integrada a escola, fazendo cada vez mais parte da sociedade.

Inclusive, esse é o ápice do que é a personalidade da heroína, uma garota gentil e muito simpática que geralmente demonstra mais a maturidade que se espera de uma pessoa mais velha, mas, no fundo, ainda tem muitas inseguranças, como também inocência, como qualquer criança.

Foi muito inteligente do autor não dramatizar esse desfecho demais, mas dar a ele o final mais coerente possível, em que o pai é honesto com a filha, só que nesse caso com a honestidade realmente sendo a melhor saída para a situação.

Os demônios na história vivem bem mais que os humanos e isso aflige a garota, mas pergunto, do que adianta sofrer por antecipação, não é mesmo? E, mesmo que essa relação de pai e filha esteja fadada ao fim igual a qualquer outra, não significa que ela não valha a pena ser mantida.

A escrita prazerosa, de qualidade, de CHROLU não dá motivo ao leitor que pense de forma diferente.

Uchi no Musume é uma obra bem satisfatória dentro daquilo que se propõe, cheia de personagens legais e com momentos que mexem com o emocional de qualquer pessoa, ainda mais quem já passou por algo semelhante, sendo aquele que adotou ou aquele que foi adotado, ou apenas se sensibiliza com relações familiares atípicas, mas de forma nenhuma menos pungentes que a de qualquer família tida como padrão por aí.

Além disso, quem pensa em adotar uma criança com certeza se comoveria com essa história e o melhor de tudo, não é a adoção de um bebê, mas uma adoção “tardia”, com a criança consciente de toda a sua volta.

É o exemplo de que mesmo em uma adoção dessas um laço familiar extremamente gratificante pode ser formado. Claro que sem as circunstâncias do mundo de fantasia, mas não é como se a realidade e o mundo em que vivemos não comportasse as suas próprias mazelas, histórias de vida nas quais uma intervenção como a de Dale são capazes de fazer toda diferença.

Leia Se é pela minha filha, então eu matarei até mesmo o Rei Demônio ou espere pela animação e aprecie a história apaixonante de uma garota fofa e dedicada e um pai babão e atencioso. Tenho certeza que você mataria até mesmo o Rei Demônio se fosse para continuar acompanhando uma história tão cativante.

Até um próximo artigo!

  1. Nossa estava e estou ansioso pelo anime, eu li tanto a novel como estou lendo o mangá, o amor eles sentem um pelo outro, o Dale sendo aquele pai babão, dramático, atencioso e sendo preocupado com a Latina e a Latina uma guria meiga, linda, determinada mesmo sendo uma criança, a morada e atenciosa com o Dale, acho que aqueles dois foi amor a primeira vista, acho que até eu mataria o rei demônio para proteger a minha filha, eu faria qualquer coisa para proteger a minha filha. Essa obra me cativou pela simplicidade que o autor colocou em cada personagens, e principalmente no protagonista é na heroína. Espero que façam um ótimo anime dessa obra e que tenha no mínimo 24 episódios, pois a obra foi encerrado em fevereiro com 12 da Light Novel. Ansioso pelo anime.

  2. Nossa estava e estou ansioso pelo anime, eu li tanto a novel como estou lendo o mangá, o amor eles sentem um pelo outro, o Dale sendo aquele pai babão, dramático, atencioso e sendo preocupado com a Latina e a Latina uma guria meiga, linda, determinada mesmo sendo uma criança, amorosa* e atenciosa com o Dale, acho que aqueles dois foi amor a primeira vista, acho que até eu mataria o rei demônio para proteger a minha filha, eu faria qualquer coisa para proteger a minha filha. Essa obra me cativou pela simplicidade que o autor colocou em cada personagens, e principalmente no protagonista é na heroína. Espero que façam um ótimo anime dessa obra e que tenha no mínimo 24 episódios, pois a obra foi encerrado em fevereiro com 12 da Light Novel. Ansioso pelo anime.

    *repetindo o comentário pois no primeiro a palavra ficou errado.

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