Depois de uma ótima estreia somos presenteados com um segundo episódio ainda melhor através da construção de um amor incomum e apaixonante! Vamos falar sobre Koi wa Ameagari no You ni?

O episódio começa já com um personagem que me agrada muito, o colega da Tachibana que é claramente apaixonado por ela. E por que digo isso? Porque ele é a representação perfeita do estereótipo de protagonista de história de romance infanto-juvenil. Se Koi não fosse a história de uma garota que se apaixona por um cara bem mais velho, poderia ser um romance entre esses dois personagens, mas não é! Ele sempre deve aparecer para lembrar ao telespectador qual é o outro caminho, o caminho “comum”, pelo qual a Tachibana poderia seguir, o que considero uma forma válida de atenuar o diferencial – a diferença de idades – que a história carrega em seu romance.

Um desenrolar provável para o personagem seria ele se envolver com a colega de trabalho deles após a Tachibana rejeitá-lo apropriadamente. É verdade que isso seria clichê, mas esse é o tipo de coisa que vira e mexe acontece na vida, não é mesmo? A história tem potencial para desenvolver um pouco melhor o personagem e o contraste que há entre ele e o Gerente, mas por ora ele é usado mais como um alivio cômico, o que não é ruim e já é o suficiente nesse primeiro momento em que ainda acompanhamos o desenvolvimento dos sentimentos que a protagonista tem pelo seu chefe.

Esses olhares dela me fascinam e desconsertam de uma forma…!

Toda a situação em que ela corre para devolver o celular para o cliente e acaba se machucando foi bastante interessante por tocar de forma aberta – envolvendo seus colegas de trabalho – no assunto da sua fratura e do seu afastamento das corridas. Não é como se isso fosse ser uma fonte de drama constante para a história, ao menos eu espero que não seja, mas pode render uma ou outra situação interessante se for bem utilizado. Ela começou a trabalhar após parar de frequentar o clube, conheceu o Gerente e se apaixonou por ele, então isso é algo sobre o qual o próprio Gerente deve refletir em um momento futuro – quando ele souber como ela se sente –, sobre como esse acontecimento propiciou o cenário em que ela provavelmente se sentiu excluída daquele mundo e abraçou uma nova realidade em que ela se apaixonou por um cara mais velho e trabalha com ele.

Adoro uma protagonista que sabe o que quer e corre atrás disso!

Penso assim, pois o normal será se o Gerente procurar diversas formas de tentar justificar os sentimentos da garota com qualquer outra coisa que não seja amor, o que convenhamos, é coerente visto que ele é um adulto divorciado de 45 anos com um filho e ela uma garota de 17 ou 16 anos.

A forma como ele a tratou após o incidente da corrida mostra que ele só a vê como uma garota mais nova que trabalha para ele e com a qual ele tem que ter cuidado e respeito, não como uma mulher ou amante em potencial, o que é normal e cada vez mais afasta meu medo de ver um apelo fetichista no que tece ao relacionamento entre um homem bem mais velho e uma mulher jovem. Não, o anime não tem esse apelo, ele não dá margem para isso e, portanto, seria errado categorizá-lo dessa forma.

“É de você que eu gosto, vê se presta atenção, Gerente!”

Após esse dia de trabalho atípico o que vemos é o dia seguinte da nossa querida protagonista, que nem deve ter conseguido dormir direito após conseguir o telefone do Gerente e se surpreendeu ao vê-lo no caminho para sua casa. Uma visita de retratação que qualquer adulto japonês bem-educado poderia fazer a família de uma pessoa que se machucou sob os seus cuidados, uma forma natural de expressar como normalmente se age com alguém que está nessa condição e nesse tipo de situação.

Se observarem bem, eles pararam para conversar em um café, afinal, não seria de bom tom ficar sozinho com uma colegial na casa dela, não é mesmo? São esses pequenos detalhes que nos mostram a personalidade gentil e madura do Gerente e me fazem ver que vai ser difícil para a Tachibana conseguir provocar nele um interesse amoroso por ela. Ele ver no colega dela um possível namorado reforça essa tendência de que por mais que a cena em que ela cheira a camisa dele possa indicar um interesse da garota, ele como adulto sempre buscará formas racionais de converter os sinais que ela dá de que está interessada nele, não nisso, mas em ações não tão anormais de uma adolescente que na verdade se apaixonaria por um garoto da sua idade e não por alguém como ele.

Antes de voltar a falar da história, acho importante elogiar a ótima produção do anime, pois ela prima por um excelente acabamento de um detalhamento sutil com o uso de cores vibrantes. As metáforas visuais se encaixam muito bem com a caracterização da obra e a trilha sonora realça as cenas como deve. É o que eu chamaria de um “trabalho de arte”, uma produção que entende que em obras desse tipo o importante é dar personalidade à parte técnica ao realçar minunciosamente os detalhes sem esquecer de construir uma base estética agradável e que não destone da história.

A produção do anime me passa uma sensação de “identidade” muito gratificante!

Por fim, o último ato desse episódio é o momento em que a Tachibana e o Gerente se sentam para conversar no café e a conversa em si não é tão interessante, não fugindo muito do que você poderia esperar de duas pessoas com uma diferença de gerações tão grande e em uma situação atípica. O bacana desse momento é poder ver a forma como o Gerente se preocupa com ela, que ele é sim um cara legal que tem qualidades que as mulheres costumam valorizar nos homens. É um carinho que provavelmente ele teria com qualquer pessoa na mesma situação, mas pelo qual, meses antes, ela se deixou cativar de uma outra forma. Acho isso normal, pois é assim que as pessoas normalmente se apaixonam, por “detalhes” aparentemente insignificantes, mas que fazem toda a diferença para elas.

O ponto alto desse momento com certeza foi a hora em que ela diz que gosta dele, o que eu diria que foi uma total idiotice da parte dela, mas se formos pensar que ela é uma adolescente que tem que diariamente lidar com todos esses sentimentos e se deixou levar pelo momento em que ele questiona ela – em que ele questiona a decisão dela de ficar perto dele – é algo até compreensível.

Uma simples frase às vezes faz a gente passar por um turbilhão de emoções!

Em vários momentos anteriores a esse ela se mostrou bem enérgica quando o assunto era o Gerente e o valor dele como pessoa – mesmo que não externasse isso em palavras, ela fazia isso através de olhares e expressões –, então essa “tenacidade” ao encarar a figura do Gerente e o que sente por ele provocou o ato impensado dela, cuja resposta a ele não poderia ter sido melhor. Foi uma boa quebra de expectativa e não uma desculpa esfarrapada diante de tudo o que já venho comentando sobre ele ainda ver ela apenas como uma garota jovem a ser cuidada e não como uma “mulher de verdade”.

Se ele estava se preocupando em ela odiá-lo, ela dizer que gosta dele pode sim soar como uma resposta a isso e não como uma declaração amorosa. Às vezes as pessoas escutam o que querem escutar, não é mesmo? Nesse caso ele interpretou da forma como gostaria e acho que a história vai se desenvolver de forma mais interessante caso ela ainda não revele o que sente por ele, pois deixar a relação ir sendo construída pouco a pouco, deixar o Gerente ir percebendo o que ela sente e se ele é capaz de sentir algo de diferente por ela, deixar todas as implicações morais irem sendo exploradas e incluídas ao processo de desenvolvimento da relação amorosa entre os dois me parece ser uma forma mais proveitosa de trabalhar uma história tão bacana e com tanto potencial para render um ótimo romance. Espero que estejam gostando desse romance maduro, bonito e emocionante, pois eu estou! Eu dou valor a cada pequeno detalhe que compõe uma boa história quando vejo uma, e acredito estar presenciando isso com esse anime. Agradeço a Tamao-chan pelo ótimo artigo de primeiras impressões que ela fez e espero que vocês me acompanhem nos artigos que ainda virão!

Namore alguém que olha para você como a Tachibana olha para o Gerente!

  1. É um lindo anime com uma linda história com uma situação que raramente acontece, mas acontece. Infelizmente aqui no Brasil esse romance seria considerado pedofilia, estupro, seria tudo de ruim , menos amor..Mas prá mim isso que é o amor verdadeiro.

    • Discordo da sua posição, uma menina de 17 anos já pode sim namorar um homem de 50 anos sem nenhum problema judicial, não é pedofilia, não é estupro a menos que ela seja forçada contra a sua vontade, aí sim se se constitui o estupro. Mais se ela ama o homem mais velho e deseja namorar com ele e até se casar, já pode sem nenhum problema. Digo isso porque possuo 31 anos e só gosto de meninas novas, namoro com uma menina de 16 anos e se eu quisesse me casava com ela agora, mais prefiro ensinar ela a viver e descobrir a vida vivendo experiências amorosas comigo e o que sentimos um pelo outro é sim o verdadeiro amor. Eu a amo e ela me ama verdadeiramente e eu a ensinei tudo sobre o amor.

  2. Foi uma belíssima declaração de amor da Tachibana-chan para seu gerente! E só levanto um ponto sobre essa resenha, no episódio 1, Masami se imaginou sendo o namorado da Tachibana-chan fantasiando voltar a ser um colegial e estar ao lado dela, isso já demonstra real interesse romântico e uma potencial amante, mulher e companheira para ele. No mais foi lindo este episódio, nota 10/10.

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