Baraou no Souretsu (Requiem of the Rose King) é um anime do estúdio J.C.Staff que adapta o mangá shoujo de Aya Kanno. Segue abaixo a sinopse da Funimation (o streaming oficial do anime).

 

“A Inglaterra está dividida em duas casas lutando por quem elas acreditam ser o rei legítimo. Filho de um dos potenciais reis, Richard está lidando com uma batalha muito mais pessoal.”

 

Esse anime é baseado em uma peça teatral de Shakespeare, Richard III, que aborda a Guerra das Rosas, conflito que durou de 1455 a 1485 e envolvia a disputa pela coroa inglesa em meio ao fim da Guerra dos Cem Anos perdida para a França.

Não preciso detalhar mais a guerra, pois o anime faz um trabalho bacana no que se refere a explicação e exploração dos fatos históricos, mas claro que o plot da criança-demônio é ficção. Richard III existiu, mas não era alguém amaldiçoado, ao menos não como o anime retrata.

Sobre ele, inclusive, é interessante observar sua obsessão pela coroa, que o leva a induzir o próprio pai a guerra contra o rei vigente. Não sei se na vida real foi assim que aconteceu, até porque duvido do poder de convencimento de uma criança, mas não foi culpa do próprio pai isso?

A forma como Richard foi ensinado a adorar a coroa e depositar todas as suas esperanças nela foi o que o levou a essa obsessão perigosa, algo que tem um efeito positivo para ele nessa estreia, afinal, o pai se torna rei, mas obviamente isso não vai durar, vai dar ruim alguma hora.

O que já é indicado pela maldição, que se valida na suposta constituição de corpo diferente do normal que o garoto tem, além da figura da Joana d’Arc, para atormentá-lo. Falou na Inglaterra/França daquela época os autores têm que meter a Joana d’Arc, não tem jeito, né?

Essa figura histórica e mais detalhes sobre a constituição física do Richard (o Lancaster disse que ele era mulher quando o tocou, seria o Richard hermafrodita?) devem aguçar o interesse do público, ao menos do público que goste da pegada teatral que norteia praticamente todo o anime.

Enfim, acho até “fofa” a vontade do filho em tornar o pai rei, mas me pergunto o óbvio, e quando o pai morrer, o que restará a esta criança atormentada ao ponto de ter a própria mãe contra si e apenas um amigo, justamente seu inimigo na disputa pelo trono?

É um tragédia. É Shakespeare, né. Só fico me perguntando o quanto e como essa maldição do Richard vai limitar suas ações e como a história dele terminará. O manga já terminou, só não deve ser adaptado todo no anime por ter muitos volumes, só se tiver mais de um cour.

É claro, para esse tipo de anime, até certo ponto baseado em fatos históricos, você sempre pode pesquisar, mas nada garante que o final será o mesmo. De toda forma, o importante é observar o ponto de partida da jornada, que realmente parece mais uma peça que um anime “normal”.

Mas isso mais pela atuação mais teatral dos dubladores porque os conceitos em si não são nada de novo para a ficção em geral e nem teria como ser diferente dada a inspiração da autora. Aliás, Baraou é um shoujo, o que você, se já não sabia, deve ter sacado por algumas cenas.

Há uma delicadeza em abordar cenas e questões, sejam contracenadas com homens e mulheres ou homens e homens, bem típicas de histórias que vêm de manga shoujo, o que traz um frescor interessante a quem não consome esse tipo de anime e está saturado pelo mais do mesmo.

Por fim, ninguém é vítima nessa história e você já deve ter se dado conta disso, então, honestamente, não consigo sentir pena do Henrique, mas claro, entendo que a amizade dele com o Richard e a óbvia cisão que ela sofrerá, quando se colocarem em lados opostos, tenda ao trágico.

Mas convenhamos, como o anime seria interessante de outra forma? Difícil. Ainda mais com essa pegada mais clássica, mais teatral, que ele tem. O conflito é o conflito não importa, a roupa que vista ou a época em que habita, o que importa é se ele cativou você, foi esse o caso?

Baraou no Souretsu me agrada por ser um anime charmoso (não precisa de uma super animação para isso), ter uma roupagem diferente do que estou acostumado a ver e misturar fatos históricos com ficção. Olhando para o passado enxergamos o futuro, com um pouco de poesia cai bem?

Até a próxima!