O Loid não tem porque chorar sobre o lete derramado, até porque nem tudo está perdido, e foi ótimo vê-lo chegando a essa compreensão de forma gradativa, isso mesmo após outro revês que a princípio pareceu um fracasso, mas no longo prazo pode ter sido a chave para o sucesso.

Spy x Family segue exuberante, extremamente divertido e bem polido no que tece ao desenvolvimento de sua trama, o que é bem importante mesmo para um anime que se vende muito pelo entretenimento instantâneo. Contudo, assim como na história, o futuro é promissor!

Me diverti demais com as tentativas malsucedidas da Anya de pedir desculpas, foi como se ela estivesse incorporando uma pressão que realmente existia, mas jamais deveria ser conhecida por ela, foi por causa de sua capacidade de ler mentes, e misturar as coisas no atropelo.

Isso já estava incutido em sua pequena e fofa cabecinha, mas foi potencializado pelas constantes interferências do Twilight, um pai cujo trabalho é literalmente observar e dosar os passos da filha. O sonho de 10 a cada 10 pais? Dado o estresse que provoca, duvido muito disso.

O fato é que a primeira metade desse episódio teria se resumido a essa comicidade quase que descompromissada não fosse o objetivo definido e a necessidade de executá-lo. Eu até concordo com a Becky (outra fofa) que o Damian estava errado, mas ele foi agredido, né, então…

Um pedido de desculpas se fazia justo, e necessário para diminuir o estrago. O que o Twilight não poderia contar é com a forte impressão que sua filha deixou no filho do alvo. Por quê? Porque foi a primeira vez que ele foi desafiado e esse o tipo de coisa que instiga qualquer pessoa.

Tenho minhas reservas quanto a roupagem de “paixão” que os sentimentos dele têm, mas, por outro lado, gostei da caracterização de seu coração confuso e juvenil, e da forma que ele enxergava a Anya, completamente “enviesada”. A coisa não ficou exagerada, de forma alguma.

Mas a verdade é que o Damian se deixou cativar pela Anya e não quer admitir esse sentimento. Aliás, o quão valioso seria se ele cedesse e isso se tornasse um laço de amizade logo de cara? E não só isso, o quanto isso seria crível para alguém imaturo, e até mau criado, como ele?

Não mau criado exatamente no sentido de danado, mas de desprovido de afeto e atenção paterna, além de limites, que não precisam ser demarcados pelo irmão ter batido ou não nele, viu seu roteiro. Em todo caso, o importante é que a cena do pedido de desculpas foi excelente.

Me cortou um pouco o coração ver a Anya chorando, mas entendo que se tratava de algo bem razoável dada toda a pressão que ela estava sentindo ante aquele ato. Não foi uma demonstração de fraqueza desnecessária. Ela é uma criança poxa, vou exigir mais o que dela?

Acho que para uma criança ela foi bem demais. Que culpa ela tem de ter cativado tanto o colega de classe? É claro que isso foi tudo um arranjo do roteiro a fim de dar a entender que a missão vai mal, quando na verdade vai bem, mas não dá para negar que foi bem construído.

Digo, a primeira impressão que ela deixou nele foi muito pouco usual e mexeu com vários sentimentos diferentes que estavam inertes no garoto. A Anya teve muita personalidade, no sentido de originalidade mesmo, e isso não passa despercebido a quem vê de perto.

Tanto que a Becky logo se chegou e as duas viraram melhores amigas, ainda que a Anya não tenha tido cabeça para processar isso. O fato é que, por mais que tenha parecido que deu errado, deu certo, pelo menos pela ideia de longo prazo com a qual a trama vem trabalhando.

Ideia essa que o próprio Loid entende ao acalmar seu coração e parar para refletir sobre a própria performance de pai e espião ou seria espião e pai? A ordem dos fatores altera o produto? Não sei, o que sei é que como alguém talhado pela paciência, ele se “emocionou” demais até aqui.

Sendo assim, foi bem maduro, e certamente não inesperado, da parte dele admitir isso e mudar sua abordagem, assim como trazer a Yor para dentro da família, afinal, ela faz parte dela agora. E o questionamento dele sobre ser ou não uma família de verdade é válido, mas e a resposta?

A resposta nós teremos ao longo do anime. Ao longo dele também conheceremos o irmão da Yor, Yuri, que foi usado como exemplo para apaziguar o coração vacilante de Loid e conferir intimidade a um casal que precisará demais dela para passar nos “testes” que ainda virão.

Por fim, foi um episódio excelente, divertido e criativo no ponto certo. A fofura da Anya foi avassaladora, como sempre, e é sempre bom quando o protagonista compreende o que a trama estava gritando há tempos, ainda que fizesse sentido ele demorar a ouvir.

Até a próxima!

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