Golden Kamuy 4 – ep 2 – A sorte acompanha os preparados
Golden Kamuy é uma história incrível na qual o enredo consegue conciliar uma comédia pitoresca com uma seriedade de deixar qualquer seinen psicológico no chinelo, tudo no mesmo episódio, tudo junto e misturado. Por sorte, ao nosso deleite.
A associação aleatória entre o garotinho e o Ushiyama foi uma das melhores surpresas desse episódio, o tipo de coisa que trabalhou quase só em prol da comédia inusitada típica da obra; no máximo ajudando indiretamente a descobrir o esconderijo do Sekiya.
Aliás, a ideia do Kadokura de encaixar uma faca no meio da bunda foi sensacional, o tipo de coisa que tornou o episódio ainda mais divertido, pois, por incrível que pareça, fazia sentido dado o plano bolado por ele e o Kirawus com extremo conhecimento das peculiaridades do raptor.
São essas pequenas coisinhas que amarram o todo e tornam a trama de Golden Kamuy muito irreverente, mas também bastante consistente e simbólica. A questão levantada no final do episódio não tem resposta, mas leva a uma reflexão sedutora, quase que inerente.
Mas antes de comentá-la, devo confessar que me surpreendi com o retorno a lucidez do Ushiyama, pensei que ele fosse capturar o Sekiya, mas ele faz exatamente o contrário, o que em um roteiro bem escrito não fecha uma porta, mas abre uma janela de oportunidade.
Foi a oportunidade perfeita para nos deleitarmos com as capacidades investigativas de Kadokura Holmes, assim como sua coragem, consciência e capacidade de improvisação louváveis. Kadokura ingeriu o veneno mesmo sabendo que a sorte não costuma estar ao seu lado.
Contudo, isso significa mesmo que a sorte não pode ser “manobrada?” Se não tapeada, pelo menos minimamente “induzida.” Vemos isso na sobrevivência do Kadokura e, principalmente, nos riscos que o Hijikata assume para lidar com o jogo bizarro do Sekiya.
A sorte acompanha os preparados? Não sei, mas sei que se o Kadokura e o Hijikata não tivessem o mínimo de preparo para pensar e agir durante esse festival de envenenamentos, a derrota da célula deles era certa. Não que sorte não exista, mas não dá para contar só como ela.
Ao mesmo tempo, é inegável que ambos operaram pequenos milagres e que, para alguém em busca de afirmação ou negação como o Sekiya, esses resultados eram mais que o suficiente para dar a ele a resposta que queria receber, não necessariamente a resposta certa.
Até porque, convenhamos, não há como explicar a sorte, como também não sabemos os planos de Deus (nem se há planos ou Deus). No fim, Sekiya morreu contentado e nós demos sorte de ver sua peculiar, instigante e monstruosa obsessão por um porquê, “normal” a nós humanos.
Até a próxima!