Primeiro, peço desculpas pela demora em finalizar a cobertura do anime. Prometo que logo mais estarei escrevendo sobre sua nova temporada. Segundo, é impossível não fazer paralelos entre os acontecimentos na Aliança e o estado das coisas no Brasil de atualmente…

Sendo assim, espero que compreenda as colocações políticas que farei em meu texto, as quais são inevitáveis ao comentar uma história que respira política. Mas não se preocupe, não sou de julgar pessoas (o que sempre está na moda), agora ideias, isso é inevitável fazer.

Não vou mentir, esperava algum desenvolvimento amoroso entre o Yang e a Frederica nesse episódio. Mas, honestamente, isso pode esperar ou até ocorrer em off. Os únicos cabelos loiros que fazem o Yang perder o sono são os do Reinhard e olha, eu entendo demais ele.

Aliás, achei engraçada a cena dele dizendo a Frederica que só pensava no Reinhard e durante ela fazendo uma complexa análise da atual situação política do Império, e logo mexendo em um vespeiro, que é a admissão de que um governo pode não vir do povo, mas ser para o povo.

E sabe o que é mais legal? Que esses dois episódios do inquérito escancaram que a Aliança é justamente o contrário disso, um governo que vem do povo, mas não é para o povo. Isso lembra algum governo sulamericano de extrema-direita que está com os dias contados?

E nem escrevo isso porque sou de esquerda não, pois sei que a esquerda não é perfeita. Contudo, se você estudou o mínimo de história, política e sociologia na adolescência, não é difícil distinguir as duas correntes, a quem falam e que métodos usam (ao menos em seus extremos).

De plena consciência desse cenário o Yang cruza as pernas, alfineta, responde com outra pergunta e faz de tudo para demonstrar toda sua insatisfação com um inquérito completo arbitrário e anticonstitucional, algo que lembra muito um certo processo conduzido por um certo juiz…

Não, Yang não tem nove dedos e não é filiado ao partido dos trabalhadores (pelo menos eu acho que não), como o ex e futuro presidente não é um herói nacional (pelo menos não exatamente da mesma forma que o Yang é); mas percebem a semelhança de métodos?

Quando um governo dito democrático para de priorizar o povo e passa a olhar mais ou apenas para si mesmo, é sinal de que este governo está fadado a trair seus princípios, e falar em golpe militar não poderia ser outra coisa que não isso. Convenhamos, eu tenho um argumento aqui.

Obviamente, não sou tão bom em argumentar quanto o Yang, que em nenhum momento se contradisse em suas ideias, mas também não deixou de ser honesto ao fazer uso das palavras. LOGH é uma obra de arte quando estamos falando de roteiro. Concorda?

Com corda ou sem corda, quero enforcar meus comentários sobre o sétimo episódio exaltando a já conhecida capacidade de articulação da Frederica, assim como a geniosa ideia de tomar uma Fortaleza com outra do moleque loiro. Yang está bem servido de rivais e companheiros, né?

É muito por isso que entendo ele ainda não ter se demitido e se deixar, ao menos um pouco, divagar pelo “E se…” Yang poderia ter vivido outra vida fora do exército, mas ele seria o mesmo homem? Além disso, o quão “incrível” é uma pessoa só ter tanto poder sobre o destino dos outros?

Sempre se precisa de alguém para dar as ordens, sejam presidentes, CEOs ou contra-almirantes; mas, no fim das contas, essas pessoas ainda são reles seres humanos, animais, os quais sozinhos não representam muito, mas inseridos em sociedade fazem toda a diferença.

E é por isso que a Frederica pede ajuda ao Bewcock, encontro que rende uma pitoresca cena na qual eles discutem a inutilidade jurídica de escutas ilegais e o militar fazia declarações que seriam sincericídio não fosse sua posição e a bagunça política instaurada na Aliança.

O golpe acendeu o sinal de alerta do governo ante a possibilidade de perder o poder, enquanto alargou diferenças entre este e o exército, afinal, o segundo passou a se tornar menos confiável após a tentativa de tomar o poder, e não vejo como as coisas poderiam ser diferentes.

Como também não me surpreendeu a “compra” da imprensa, algo que… É sério, você não acha que a imprensa é livre, imparcial, não atende aos interesses de X ou Y, né? Também não acha que veículos de comunicação não possam ter a sua própria agenda, né?

Digo, nem todo veículo de comunicação é comprado ou tendencioso deliberadamente, mas imparcialidade plena é utopia, isso não existe. Não vou citar nomes, até porque sou nanico para incomodar, mas olhe em volta e você verá mídias “bairristas” nos mais diversos meios.

Isso não é exclusividade da extrema-direita, mas se torna ainda mais perigoso em suas mãos quando você relativiza preconceitos, medidas anticonstitucionais, violência; entre outros graves problemas que deveriam ser combatidos, não minimizados ou até ignorados sumariamente.

Enfim, é justamente sabendo disso que o Yang confronta veementemente seus inquisidores, homens com grandes cargos e posturas pequenas, que são capazes de promover um inquérito inconstitucional só para pressionar uma figura estratégica para a existência do próprio poder.

Políticos sentados em cima de seus cargos que falam muito (muita m*rda por sinal) e fazem pouco te lembram alguma coisa? Sabe qual é a nossa grande sorte no final das contas? Que o Brasil não é um país em guerra, pois se fosse, esse patriotismo de araque de hoje seria usado para…

Para mandar o pobre, as minorias representativas, quem não é branco, homem e rico para as linhas de frente para perder a vida por ideais distorcidos, hipócritas e seletivos. Mas não se preocupe com isso, a “limpeza” social foi feita de outra forma, tenho certeza de que sabe qual…

Por fim, me diverti vendo o Yang querer se demitir para viver uma vida tranquila, mas sei muito bem que isso não ocorreria mesmo se Iserlohn não estivasse sob ataque. Nesse tabuleiro de poder alguém como ele é vital para que ainda existam Planetas Livres a serem governados.

E já que o Yang sabe que é uma ferramenta, por que ainda luta? Porque ele não quer que os seus pereçam, e porque vê (ou ao menos vislumbra) um caminho para fora dessa guerra, um caminho que passa por uma compreensão madura de que nem sempre uma democracia é democrática.

É por ele saber tão bem disso que não o vejo se tornando um novo Goldenbaum, mas o déspota mesmo não fora um dia um idealista, tal qual o Yang? Não dá para saber o dia de amanhã, ainda mais quando se luta guerras dentro de guerras, sempre contra a podridão humana.

Até a próxima!

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