The Human Crazy University (Human Bug Daigaku) é um anime do estúdio DLE baseado em uma coleção de histórias de mangá lançadas no youtube. Segue abaixo a sinopse extraída da Crunchyroll (o streaming oficial do anime).

 

“Hirofumi Satake foi condenado à pena de morte por assassinar sua noiva. Ele também é um “Morto-Vivo” que sobreviveu a várias situações desesperadoras. Graças a isso, ele chamou a atenção de um instituto de pesquisa chamado “Universidade da Loucura Humana”, que estuda fenômenos milagrosos do mundo real e as pessoas envolvidas neles. Ao ser escolhido como objeto de uma das pesquisas, Satake reconta as lembranças de sua vida imortal e infeliz. Por que ele matou sua esposa? E aos poucos, a verdade começa a revelar uma conspiração muito maior…”

 

A técnica de animação lembra muito um mangá, pois o original é um mangá animado. Isso é ruim? É bom? Eu acho que encaixou na proposta, até porque, ainda que a estreia não tenha sido tão engraçada, a peculiaridade da trama torna esse estilo único quase um chamariz despretensioso.

Quanto a história, adorei os detalhes do processo de pena de morte, não só no que tocou a exposição das diferenças entre como se dá a pena de morte no Japão atual e como ela era feita ao longo da história, como o impacto dela nas relações sociais e no psicológico dos envolvidos.

O carcereiro comete uma “gafe” com o Sr. Satake, pois naquele momento já não o enxergava mais como um criminoso, tendo caído na “armadilha” do convívio, capaz de neutralizar preconceitos e aproximar mesmo os mais diferentes (ainda mais com o tempo livre em mãos do Satake).

E nisso entra a problemática do carcereiro fazer amizade com o condenado, aspecto refletido na ideia de mascarar o executor em uma “pior” de três. Para alguns não seria o suficiente para aliviar a culpa (meu caso), para outros seria a desculpa perfeita para matar em nome da “justiça.”

Aliás, o anime não vai ser sobre a pena de morte, mas essa estreia tratou muito bem o tema, o que não deixou de esclarecer qual é a proposta da obra. Inclusive, diria que trabalhou foi a favor dela, visto o quão perturbador é alguém “voltar da morte” e essa não ser a única bizarrice no currículo.

Enfim, outra coisa que curti foi a atenção dada a última refeição, algo que serviu não só para explorar o aspecto da ansiedade ante a morte certa, como dar justificativa científica (ainda que raríssima) ao ocorrido com o Sr. Satake, contextualizado pelo que de bizarro já o acompanhava.

É claro que o misto de sorte e azar que é a vida do protagonista não deve ser explicada cientificamente o tempo todo, mas fazer isso nesse caso do enforcamento acabou foi acentuando a característica bizarra dele, afinal, são muitos os fatores que o levaram a sobreviver ao ocorrido.

Perder a memória certamente foi o que de menos estranho vimos nessa história, assim como não surpreendeu o problema jurídico gerado e os exemplos que o velho deu de que o Satake não era exclusividade no assunto. E não teria como ser de outra forma, senão não existiria a Universidade.

A qual, aliás, demora a ser apresentada pelo mad scientist, que priorizou as explicações ao protagonista em um trecho de transição para o plot do que será o anime, as investigações acerca das ocorrências para lá de estranhas que prometem ser o “charme” da obra.

E que charme, hein? A explicação do cientista sobre o incidente com o fio no pescoço e as várias doenças relatadas do Sr. Satake foram bem interessantes no que tece ao encontro da trama com esse fator bizarro misterioso quase que indomável, ainda que tentem responder.

Categorizar o Sr. Satake como “Morto-Vivo,” quando ele ainda está claramente vivo, também foi engraçado por passar essa ideia de que ele é um ímã de experiências raras, que jamais deveriam acometer uma pessoa mais de uma vez, assim solidificando a premissa e o que será o anime.

Que teve uma estreia boa? Eu adorei pelo tom e os recursos empregados para equilibrar a ciência e o sobrenatural, deixando o segundo mais para a ideia de que é praticamente impossível existir alguém como o protagonista no mundo e menos para a afirmação de elementos fantásticos.

Foi uma estreia consistente para um anime que foge da caixinha e tenta entreter menos pelo riso ou choque e mais pelo inerente interesse do ser humano naquilo que ele não pode “domar.” Vamos embarcar nessa viagem junto com o Sr. Satake na Universidade de Bugs Humanos?

Até a próxima!

  1. A pergunta que fica: “Um condenado a morte que escapa vivo de sua execução é considerado após esta, inocente?”
    Resposta: Não. Pois quem pensou no “double jeopardy” (ou dupla penalização) errou. Pois esta somente é aplicada ao processo, não a execução da pena.
    E não vá ao https://deathpenaltyinfo.org/about/about-us para ver os relatórios de execuções fracassadas. É horrivel!

    Mas voltando ao anime…É muito bom!! Tem comédia, tem suspense e o melhor tem informação para caramba!

    • Fico feliz que tenha gostado, foi um dos animes que não dava nada, mas entregou bastante em sua estreia. Devemos comentá-lo na live de impressões finais da temporada no canal Clube do Anime, parceiro aqui do blog. Obrigado pelo comentário, desculpe a demora em responder (só vi agora) e volte sempre!

Comentários