Apesar de breve, a luta da Elle com sua contraparte foi mais um embate excelente que para mim já entrou no arsenal de grandes lutas do anime. A coreografia de ação de Black Lotus nunca decepcionou, o mesmo não posso falar da história, mas não é que ela tem melhorado na reta final?

Por exemplo, a questão da criação de replicantes perfeitos levantada pela Elle 2.0 foi interessante, ainda que previsível, afinal, adiciona a situação da Elle ser uma marionete do Niander Wallace filho, pois assim parece que ela só foi criada como uma transição para algo maior e melhor.

E aí me pergunto se sua recusa a ajuda proposta pela Davis afirma ou nega essa ideia. Se por um lado ela ter recusado a aproxima da “volta” ao ninho onde foi criada. Por outro, ela fazer uma escolha pensando no máximo de independência possível para seus atos pode significar rebelião.

Como também pode não significar, estamos a mercê do último episódio, que deve também nos revelar o destino da Davis. Onde ela foi parar após ser apunhalada daquela forma? Aliás, apesar da (tentativa de) queima de arquivo previsível, essa não deixou de ser uma cena impactante.

Eu só questiono a falta de cuidado da Elle 2.0 para executar o serviço. Será que a soberba do criador respinga na criatura? Ou foi só conveniência de roteiro a fim de suscitar um mistério sobre a sobrevivência da Davis e o que ele pode significar para a trama? Que seria nada, provavelmente.

Porque a gente sabe que o Wallace não vai cair do cavalo, exceto se esse spin-off se provar parte de um universo paralelo, coisa da qual duvido muito. Na verdade, até o fim do episódio a situação pareceu só mais controlada a seu favor, com todas as testemunhas mortas ou quase isso.

A Davis, o J, o Marlowe, quem a Elle já matou, etc. E ele espera que ela volte para suas mãos, para ser aposentada em seus domínios. Então sim, o anime terminará satisfatoriamente bem se desafiar em algum nível esse controle do vilão, o que pode acontecer com a Elle sobrevivendo ou não.

Quanto a essas testemunhas, a mais importante delas é o J, que ao ter sido presenteado com a volta da Elle ganhou também sua compreensão, pois por mais que ele tenha agido sob ordens de um terceiro, ele colocou seus sentimentos na frente do serviço no final das contas.

E foi por isso que matou seu “amigo” Blade Runner em uma sequência de perseguição, luta e tiroteio excelente. A única ressalva que faço a esse longo trecho e a revelação de que não foi o J a aposentar a Serena. Acho que ela pouco ou nada acrescentou, se duvidar até foi o contrário.

Se o J tivesse atirado isso não tornaria o passado dele mais complexo? Ao mesmo tempo, também entendo que ele não ter dado o tiro aponta para uma certa ideia de pureza com relação aos sentimentos do personagem no que se refere ao seu entendimento sobre os replicantes.

Inclusive, essa é um questionamento que o Marlowe levanta, sobre os peles-falsas não terem alma e apenas seguirem uma programação. Tendo a concordar com o J sobre isso ser o menos importante, afinal, vale mais como ele se sente sobre eles, mas o questionamento é válido sim.

Digo, não consigo condenar o Blade Runner por se prender a esses princípios. Por outro lado, também não acho que possa condenar o J por ter mudado. Ambos têm certa razão em suas formas de pensar, ainda que eu admita achar mais “interessante” a ideia de humanizar replicantes.

E daí se a Elle fez tudo seguindo uma programação? Não é como se vários seres humanos não fizessem pior, que é seguir os desejos dos outros tendo consciência disso, pois me parece bem claro que a Elle não deseja o controle do Wallace e quer mudar isso mesmo que não consiga.

E aí entram duas coisas que corroboram com o aprofundamento temático que a trama vem tendo nos últimos episódios. Primeiro, o dirigível não faz propaganda da nova Terra por acaso, né, essa era a fuga para a paz que o J buscava. Segundo, a fala da Elle meio que vai na contramão disso.

Todo o tempo o J buscou esquecer de sua dor para só assim continuar sua vida, mas ao aceitar, e até desejar, não perder suas memórias (ainda que a ação que permitiu isso tenha sido de sua contraparte e não dela), a Elle dá um tapa na cara dessa forma de pensar até acovardada dele.

Como isso será trabalhado no episódio final? Não sei, mas espero que seja, afinal, mais importante que as ótimas lutas é uma trama como a de Blade Runner, que precisa de ideias interessantes para explorar o máximo de seu potencial. O J vai sobreviver? A Davis? A Elle? Vamos ver.

Por fim, o episódio foi ótimo, teve excelentes cenas de ação, uma trilha sonora que maximizou o todo e ideias interessantes e bem trabalhadas fosse em flashback, sonho ou no tempo presente. Teve um ou outro defeito, mas ainda foi bom, me animando ainda mais para o grand finale.

Até a próxima!

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