Sono Bisque Doll wa Koi wo Suru – Amor de cosplay
Fato: Sono Bisque Doll wa Koi wo Suru (My Dress-Up Darling) foi o anime da temporada de inverno de 2022. O que isso significa? Que esse foi o melhor anime do período? Não necessariamente, mas que certamente foi o mais popular e rendeu muita conversa entre os otakus de plantão.
Este que vos fala viu o anime, cobriu-o no blog e deu notas altas para a maioria dos episódios. Por quê? Porque a história do Gojo e da Marin me cativou, pois ainda que Doll seja inegavelmente um anime para “vender” uma waifu, ele também tem outras qualidades que vão além disso.
Uma delas é a mistura de temas, o velho e o novo, as bonecas hina (uma tradição japonesa) e o cosplay (um fenômeno pop bem mais recente), o que é catalisado na figura do Gojo, um aprendiz de artesão dessas bonecas que passa a ser cosmaker por influência de sua colega de classe.
Aí entra Marin Kitagawa, uma gyaru otaku extrovertida, bonita e autêntica que não tem papas na língua, sempre corre atrás daquilo que quer com um sorriso no rosto e muita humildade. Marin é um raio de sol que cai sobre a vida cinza de Gojo, um adolescente sem amigos ou graça.
Ainda assim, Gojo tem muitas integridade enquanto artesão ou amigo, então é fácil compreender a rápida amizade que se forma entre os dois, em certo nível uma dependência já que ela tem as ideias para cosplay e é ele que dá vida a elas mesmo sendo também inexperiente no meio.
É claro que Gojo não resiste a todo o charme e a espontaneidade da Marin e isso explora o potencial ecchi do anime, que é visto em muitos momentos da produção e de uma forma que geralmente faz sentido por ser encarado do ponto de vista protagonista, um virgão emocionado.
Mas, apesar de ser picante, em nenhum momento a imagem da Marin é vendida como se ela fosse uma depravada ou como se o Gojo fosse um escroto. Tem até cena dele se masturbando e de nudez censurada, mas tudo cheio de simbolismos, brincando com os hormônios adolescentes.
Além disso, e mais importante, tem os cosplays feitos e os contatos que surgem a partir deles, seja em eventos aos quais a dupla vai ou por redes sociais. Fazer “amigos de cosplay” foi uma das formas pelas quais a história melhor explorou vários dos aspectos que cercam essa prática.
E essa é outra qualidade do anime, como ele investe tempo em explicar detalhes, nos apresentar a desafios do cosplay e o jogo de cintura necessário para lidar com eles, os quais são muito bem encarnados na figura do Gojo, um artesão que usa sua experiência com bonecas para tal.
Através dessa expansão de mundo Gojo passa a encarar seu ofício de produzir bonecas hina com mais ânimo, visto que tinha dificuldades em produzir os rostos das bonecas, mas com a convivência com a Marin isso vai mudando, fazendo com que uma coisa potencialize a outra.
Do lado da Marin o que vemos já é mais curtição e, claro, realização pessoal dado ao que o cosplay representa para ela como uma otaku. Além disso, é pelos olhos da Marin que vemos sentimentos de amizade virarem algo a mais, com ela admitindo que o ama ao final da temporada.
Isso não significa que o Gojo também não esteja louquinho por ela, só que é através dos olhos dela que vemos essa experiência da paixão com mais clareza, o que não só valoriza mais os aspectos que compõem a personalidade do Gojo, como rende cenas bem fofas e divertidas.
Diria que o anime se sai bem na construção de personagens e situações, mas é no feels good que ele se sai melhor, nos provendo com muitas cenas e situações gratificantes dentro do universo do cosplay, ainda que este sequer tenha sido expandido ao máximo nessa temporada.
E por que me refiro a temporada? Porque está na cara que o anime terá outra, quiçá outras, pois fez muito sucesso em streaming, deu um boost desgraçado no mangá e alçou o nome da obra ainda mais longe do que a excelente produção técnica já deveria apostar que aconteceria.
O estúdio CloverWorks está se parabéns por ter embalado tão bem o produto, que chafurdou muito em clichês de romcom, mas também em muito do que qualquer otaku adoraria ver em um anime sobre cosplay, e um anime bem safadinho e kawaii, como (quase) todo otaku gosta.
Até a próxima!