A Ushio que assusta o Shinpei na cozinha de casa é literalmente a do salto anterior, o que nos confirma duas coisas. Primeiro, não é só ele que consegue reter memórias entre saltos temporais. Segundo, a Ushio, seja original ou a sombra, é um poço de mistérios.

Eu não queria estar na situação do Shinpei, tendo que esconder uma pessoa falecida dentro de casa, ou melhor, a cópia dela, que inevitavelmente a faria passar por um turbilhão de sentimentos, dos quais vimos um relance no flashback e mais adiante.

É só suposição aqui, mas será que o Shinpei se afastou da Ushio com o intuito de voltar um dia e só então desposá-la? Por quê? Porque engatar um relacionamento com alguém que foi criado como uma irmã não deve ser assim tão simples. É, faz sentido se for isso.

O que o Shinpei não poderia esperar é que ela morreria. Não sei se ele tinha certeza dos sentimentos dela, mas imagino que ela não havia confirmado antes dessa situação. Ou melhor, a sombra dela confirmou esses sentimentos, os quais me parecem ser os mesmo da original.

Você percebeu como ambos se declararam, mas não fizeram isso adequadamente, um de frente para o outro? Isso se você considerar que se declarar para a sombra da pessoa equivalha a se declarar para ela. Essa sombra da Ushio bagunça qualquer certeza sobre as sombras.

E nesse vendaval de emoções não dá tempo de ficar depressivo ou animado, pois as coisas acontecem todas muito rápido. O máximo que a gente consegue fazer, enquanto telespectadores, é notar a simbologia em coisas como o curry, entre outros momentos que eles queriam viver.

E não viverão mais? Digo, a Ushio morreu, então ela não conta? Mas e para o Shinpei? O quão reconfortante deve ser para ele esse contato? Aliás, a sombra da Ushio parece tudo menos uma sombra, então deveríamos levar os sentimentos dela em consideração também, né?

Na verdade, tem outra coisa que eu queria falar sobre a Ushio, é que eu tenho gostado muito de como ela está se inserindo na trama como uma personagem por meio de sua sombra, e uma personagem divertida, que traz o drama consigo, mas muito de comédia e até romance.

Não é fácil equilibrar esses momentos, mas acho que a trama tem feito isso bem, ainda mais por sempre compor as cenas que envolvem os dois com detalhes que remetem a essa experiência revigorante, mas ao mesmo tempo desoladora, que o Shinpei está vivendo.

Afinal, se trata da garota que ele ama, que já morreu, mas aparece para ele e com ele compartilha alguns dos momentos que eles queriam viver juntos. Como não se deixar cativar por essa “falsificação”, ainda mais quando ela age do jeitinho que a original agiria, não é mesmo?

Por isso não julgo o Shinpei por protegê-la e pedir ajuda da Hizuru/do Ryuunosuke para tratá-la. Porque o caso deles é diferente de se deixar levar pela aparência. O que julgo é a produção técnica, que disfarçou como pôde a queda na qualidade da animação a partir da luta.

Digo, acho que se viraram como foi possível, mas um olhar minimamente atento nota que faltaram recursos para animar as cenas a partir daquele momento. Felizmente, ainda que longe do ideal, a cena do ataque da sombra da Mio entregou em praticamente todo o resto.

Nem ela entende por que a sombra da Ushio não serve a causa de seus semelhantes. Seria o amor que ela sente pelo Shinpei o que a impede de se deixar dominar, aprofundando o sentimento de “eu” que a Shiori citou? Não sei, mas deve ser mais que isso, né?

Por que, por exemplo, como ela enviou uma mensagem do futuro para a Hizuru? E melhor, como a sombra dela consegue reter memórias entre saltos, e como ela sempre aparece nos saltos do Shinpei? A reposta não pode ser só o amor que ela sente por ele, ao menos não para tudo.

Uma coisa que já teve resposta óbvia foi a mudança no padrão de ação da sombra da Mio, que atacou de forma sorrateira e ousada devido a morte da sombra da Shiori. Sabendo que o Shinpei já sabia de tudo, não adiantaria de nada apenas vigiar, seria melhor atacá-lo de uma vez.

Para a nossa sorte ela dá com os burros n’água, mas não sem antes deixar a heroína ter um pouco mais de destaque, reforçando o quanto ela ama o Shinpei e é capaz de arriscar a própria pele para protegê-lo, assim como sua ignorância sobre o próprio corpo, ou melhor, sombra.

Caminhar ao lado da Ushio nessa jornada é perigoso, mas não existe outro caminho para o Shinpei e o entendo completamente nesse sentido. Mesmo que eventualmente alguém consiga “consertá-la” para fazê-la agir igual as outras sombras, não importa, ele não largará a mão dela.

Isso que é amor. Só é uma pena que os dois não aproveitaram para dar pelo menos um selinho. Mas entendo que estavam com a cabeça cheia demais para pensar nisso e que poderia ser ainda mais perturbador para o Shinpei descarregar esse desejo em meio a tantas incertezas.

Enfim, o dia vira e o Shinpei usa seu conhecimento do futuro para se adiantar a pequenos detalhes que poderiam interferir em seus planos, já a conversa com o Sou não poderia ter sido mais descontraída. A Ushio não tem muita cerimônia quando se trata de bater nas pessoas, né?

Isso por si só não torna a heroína carismática, mas com certeza é um dos elementos que costuma compor a personalidade de uma heroína mais espalhafatosa e emotiva, o tipo que tem saída fácil no meio otaku. Só é uma pena que ela já esteja morta, mas nem isso é mais novidade.

Como não era novidade o arrependimento do Sou por não ter podido fazer mais pela amiga. Mas do que adiantaria ficar remoendo isso, não é mesmo? É por isso que gosto de personagens como o Shinpei e a Ushio, eles focam no que precisam fazer, sem essas distrações.

Entendo que essas coisas são importantes, pois demonstram que as pessoas se importam, mas elas também se importam quando decidem agir, e é disso do que essa história precisa mais que tudo, e terminar um episódio no play de um vídeo não ajuda, mas entendo a proposta.

Apostar em cliffhangers, alguns tendo mais peso narrativo e outros não, é razoável em um mistério, ainda mais um que a cada resposta traz uma nova pergunta. Ao menos o anime está claramente girando em torno da Ushio e deve ser assim pelo menos até o fim do primeiro cour.

Por fim, foi um episódio muito bom para termos uma maior dimensão do amor dos protagonistas e do porque será de cortar o coração quando eles tiverem que se separar (eles não devem ficar juntos, né), além de ter ficado claro que a Ushio move a trama. Tipo, muito.

Até a próxima!

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