O plano para retomar Iserlohn arquitetado pelo doutor realmente não é ruim, mas se você me disser que quem ficou encarregado de executá-lo tem chances eu diria que tenho as minhas dúvidas. Ainda assim, não é como se outros fatores imprevistos não pudessem entrar na equação.

E o melhor é quando se tratam de fatores que sequer são concretos nesse ponto da história, mas que podem se tornar, algo que nesse episódio vimos também do lado da Aliança, mais exatamente na figura do Yang Wen-li e em suas preocupações. Vamos falar de tudo isso agora?

Citar o Siegried para induzir o pouco que fosse o julgamento do Reinhard foi uma cartada boa, mas eu diria que mesmo sem isso ele teria feito exatamente o mesmo, afinal, Iserlohn precisa ser retomada e mostrar serviço com poucos recursos seria mais um tiro certeiro do herói.

Como falhar nessas circunstâncias seria razoável, além dos fatores que o Oberstein levanta mais tarde nesse episódio, com os quais o Reinhard pode não concordar em parte, mas com certeza concorda em parte também. Comandar um Império não é moleza, nem para o Reinhard.

Quanto ao Kempff, a bola da vez entre os subordinados mais próximos do moleque loiro, não posso dizer que vi nada demais em sua interação familiar ou nas circunstâncias que o levaram a missão que caiu em seu colo, mas foi a fome com a vontade de comer, não é mesmo?

Para um militar ambicioso a oportunidade é perfeita, mas o mais interessante a frisar nisso tudo é como esse cenário também é muito vantajoso para o Reinhard, pelos motivos já citados, mas também pelas razões que levaram o Oberstein a indicar o Kempff para a missão.

Duvido que o Primeiro-ministro queira militares, e subordinados diretos, com poder e pompa equiparáveis aos seus, mas duvido também que ele pense na manutenção do poder para poucos, como o Oberstein. Nesse caso, apenas para ele, como se a reproduzir a Dinastia Goldenbaum.

Ainda assim, ele deve pensar que o momento não é de dividir poder, mas centralizar tudo em sua figura e eventualmente promover uma divisão, a qual destoaria da ideologia supremacista do braço direito, mas até lá nada garante que ele, e nem mesmo o Reinhard, estejam vivos.

Em todo caso, esse episódio não explorou só o lado do Império e foi justamente ao acessar o núcleo da Aliança que ele mais agregou a trama visto que é mais interessante (e inesperado, em algum nível) que um democrata aja de maneira problemática do que um supremacista, né.

Digo, Trunicht não deveria ser uma ameaça ao Yang Wen-li e nem deveria considerá-lo uma, mas o faz, e isso acontece pelo quanto é importante o que ele faz, mas também perigoso. Se feitos militares não são tudo na Aliança como são no Império, certamente são meio caminho andado.

O problema é que o resto do caminho, o carisma e a inteligência para liderar bilhões, o Yang também tem. A sorte do Trunicht é que ele não deseja essa vida, o azar do Yang é que seu boss deseja usá-lo o máximo e o melhor possível para descartá-lo quando não for mais viável.

Viável a quê? A sua ambição. Mas por que em uma democracia as ambições de um homem se sobressaíram aos anseios do povo? Porque seres humanos são falhos, e se ditaduras podem ser plenas, tenha uma grande dificuldade em achar o mesmo das democracias.

Se na Aliança não há o deliberado, estatizado, cerceamento da liberdade e da escolha, há o fato real e consumado de que nem todos têm liberdade de escolha. Por quê? Porque o sistema é falho e ele ser comandado por alguém perigoso aos seus ideais é a maior prova disso.

Nesse meio tempo, observei também como foi legal a forma como a trama trabalhou com essas ideias sem abdicar de momentos de descontração do dia a dia, verdadeiramente misturando trabalho e lazer, como as pessoas fazem o tempo todo em suas vidas, não é mesmo?

E usar os exemplos que o Cazerne usou, primeiro com o Yang e depois com o Julian, foram formas meio indiretas, mas facilmente perceptíveis, de trazer esse assunto à tona, meio que alertando ao Yang e ao seu filho como os planos do ás podem estar em perigo mesmo assim.

Enquanto ele for útil e não ameaçar as ambições de Trunicht não será um alvo, mas o quanto isso vai durar e como se proteger? Há defesa além de disseminar seus genes para nunca ser esquecido ou isso seria só um alento? Veremos como o Yang, e até o Julian, vão reagir a essas dicas.

Até a próxima!

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