Utawarerumono – ep 11 – Criança mimada
[sc:review nota=4]
É com muita surpresa que depois de tanto tempo eu volto a gostar de um episódio de Utawarerumono. A história foi ad hoc, o humor foi meia boca e a ação foi pior que de costume. Mas uma personagem irritante desde que havia surgido, e mais ainda pela posição que ocupa, teve um desenvolvimento extraordinário, sensível. “Mas isso foi só no fim do episódio! Estava achando ruim até ali e magicamente passou a achar bom?” É, mais ou menos assim. A questão é que não acho os episódios de Utawarerumono de todo ruins, acho-os entediantes, acho que eles não cumprem propósito nenhum. Esse episódio, bem perto de seu final, mostrou a que veio. E foi bom!
A princesa Anju havia decidido no episódio anterior que estava apaixonada (e pelo Ukon, nada mais nada menos) e no seu melhor estilo eu quero eu posso eu faço decidiu chamar a atenção dele de qualquer maneira. Porque você pode comer os doces dos outros sem se preocupar com ninguém, mas forçar alguém a retribuir seus sentimentos é estupro, e a princesinha não tem força nem é tão ruim assim a esse ponto. O que fazer então?
Escutando de outra sala e sem entender nada, Nosuri achou uma boa ideia se intrometer e propôs um plano criminoso, porque é o que uma criminosa como ela sabe fazer melhor. Anju seria “sequestrada” para que seu amado viesse em seu resgate. Todo mundo achou estúpido desde a concepção, mas os olhos da princesinha brilharam. E sem mais delongas, Nosuri partiu “sequestrando” a herdeira do reino sem nem saber.
A Nosuri não sabia que estava sequestrando ninguém menos do que a herdeira do reino de Yamato. A Anju sabia, mas como sempre, não liga. Todo mundo sabia, e ficou mais ou menos preocupado. As garotas não ficaram lá muito preocupadas para dizer a verdade, mas vou aqui supôr que elas estivessem apenas confiando no Haku – que falhou, de todo modo. A única dentre elas a tomar uma atitude foi Nekone, por ciúmes, não preocupação. Ela também não estava pensando muito bem. Ukon fez o que pôde para evitar se intrometer – afinal, se fizesse isso a situação se transformaria oficialmente em um problema de Estado, com todas as implicações que isso traria. Graças à insistência de Ougi, contudo, ele não pôde mais ignorar.
O “plano” da agora assustada pra caramba Nosuri deu certo até o fim, com o Ukon “salvando” a princesa. E aí veio a surpresa: era inconcebível que Ukon permanecesse em sua posição com a princesa sendo sequestrada bem debaixo de seu nariz. Não apenas iria abandonar o cargo mas teria que pagar com sua vida por tamanha incompetência. Foi só aí que Anju compreendeu a enormidade do que havia feito por puro egoísmo. Ela recuou, admitiu que forjou tudo e se desculpou. E mesmo assim Nosuri e Ougi não escaparam de um tempo atrás das grades (conhecendo o Ukon sei que no próximo episódio já estarão livres).
Ela é a princesa, então a consequência era gigante. Mas o egoísmo de todos nós, as nossas ações sem pensar, sempre vão acabar causando problemas para alguém. A lição que a Anju aprendeu vale para todos nós. Uma lição que é boa para uma princesa é boa para qualquer um.
Só lamento que depois da Anju ter chorado, se desculpado, entendido onde e como e porque errou, o episódio tenha transformado a situação em piada de mau gosto com a Munechika surgindo do nada para punir (ou seja, espancar) a princesinha. E também é uma pena que Utawarerumono não tenha consistência nenhuma, não tenha sequer uma linha narrativa, de forma que esse episódio é necessariamente isolado. Mas bom, vindo desse anime isso já foi muito melhor do que eu esperava, me dou por satisfeito.