Occultic;Nine – ep 3 – Nunca pensei que ia ser otário… fui otário
Um dos recursos mais utilizados em animes é a quebra de expectativa. Ele é feito para tirar a atenção e chocar, de uma hora pra outra, com algum acontecimento marcante que vai juntar todas as peças. Muitos conhecem esse recurso por Puella Magi Madoka Magica, em que são 11 episódios sendo trabalhados no tédio, pra você ficar de boca aberta no final do episódio 12. Eu particularmente odeio esse recurso, não por considerar uma malandragem sem tamanho para atrair a sua atenção e tornar o que antes era ruim em algo fantástico, e sim por sempre ser otário em cair nele.
Desde o começo, Occultic;Nine se mostrou um anime sem muita pretensão. Confuso e cheio de fanservice, o primeiro episódio foi um desastre. O segundo foi um salto gigantesco de qualidade em relação ao primeiro, e esse terceiro…. Bom, vamos ao review.
Começamos no dia 25 de Fevereiro. No mesmo dia e horário em que o último episódio terminou. Chi, amiga Myu, está andando num beco escuro enquanto conversam pelo celular quando aparece um “demônio”. Temos então a foto tirada no momento do ataque, que é enviada para o celular de Myu.
Algo que considero atrapalhar bastante a narrativa são as placas de datas. Elas aparecem rapidamente seguidas de uma cena de diálogos rápidos. Isso confunde muito a concentração de um anime complexo como O;N. Poderia ser melhor se fosse colocada uma música tensa de fundo e o horário do acontecimento junto com a data, além de não ser com a velocidade de um piscar de olhos.
Temos agora o encontro de Moritsuka com Nishizono. O primeiro é o detetive com segundas intenções que investiga o assassinato do professor Hashigami, e a segunda é a personagem mais suspeita do Anime.
Moritsuka se aproxima, como todo bom detetive, de forma bastante informal dizendo que está ali para negociar uma carta de Vanguard, que é um famoso jogos de cartas no Japão. Nishizono está parada enquanto desenha um mendigo que fala de forma bastante eufórica sobre uma teoria de Nikola Tesla.
Quem prestou atenção nas palavras do mendigo vai perceber lá na frente que elas não foram vazias e tem total ligação.
A escritora diz não ser o vendedor e Moritsuka a conquista até indagar que conhece o traço do seu desenho. Depois de muitos questionamentos é revelado que ele está ali por causa da palavra escrita com sangue da qual ele está investigando. Vem então o grande questionamento do porquê o doujin de Nishizono ser igual ao crime. Ela revela que escreve aquilo que sonha. A cena termina com ela perguntando para o detetive o seu nome e ele respondendo que não era preciso pois ela já o conhecia do doujin que havia escrito.
Pra quem não entendeu nada, eu explico. Moritskuka é um detetive particular que está procurando uma “lista” que estava em posse do professor Hashigami. Na cena do crime ele encontrou uma palavra, CODE, escrita com sangue, e um buraco de dente arrancado da sua arcada dentária. Essa cena de crime era incrivelmente semelhante a um doujin escrito por Nishizono. Essa por sua vez é uma figura bastante enigmática, aparecendo de relance em várias cenas e tendo até conversado no primeiro episódio com Sarai Hashigami, filho do professor Hashigami.
Percebam que mais e mais, todos os personagens se entrelaçam e todas as cenas, outrora consideradas inúteis, têm uma importância.
Vamos agora para a lanchonete que servia de base para Yuta.
Izumin e Naruzawa conversam sobre a ausência do blogueiro e ela diz que ele está resfriado. Izumin então recebe uma ligação e sai para atendê-la, enquanto Ryoka logo também recebe uma chamada. Aqui podemos ver personagens que eram praticamente inúteis nos dois episódios anteriores caírem como suspeitos de algo. Cada vez mais, nenhuma informação está se tornando inútil como se aparentava e a atitude dos dois durante e após receber as ligações mostram que eles são muitos mais do que aparentam.
Moritsuka continua com a sua investigação e agora conversa com Saga Hashigami. Temos então o Flashback mostrando a total desaprovação do filho pelo trabalho do pai. Se lembram das palavras do mendigo? Pois é nessa teoria de Tesla em que o professor Hashigami trabalhava para provar que almas existem.
Moritsuka também interroga Sarai se ele conhece o Evelin Note. Sarai pergunta o que seria e o detetive não entra em detalhes.
Guardem o nome desse livro pois pelo andar da coisa, ele não será só mais um elemento de aumento de script.
Antes de sair, Moritsuka pede para ele deixar o celular desligado e que esperaria um novo encontro entre eles.
Qual o motivo do celular desligado? Espero que seja dito no próximo episódio.
Somos agora levados direto para a triste história de Ria Minase narrada por ela mesma. Após os pais morrerem, ela e o irmão mais velho passam a viver na mansão deixada de herança pelos pais. Constantemente espancada pelos colegas e assediada pelos professores, o seu único consolo é a presença do irmão que trabalha para cuidar dela. Após Ria ter uma crise de ansiedade, seu irmão para de trabalhar e passar a viver ao seu lado a todo momento durante um ano.
Isso tudo seria muito lindo, se não fosse uma ilusão. A crise de ansiedade de Ria havia sido, na verdade, um problema que ocasionou um transplante de rins. O seu irmão morreu na operação e ela, na mesma noite, o levou do hospital até em casa numa cadeira de rodas convivendo assim com o cadáver durante um ano. O maior mistério dessa história toda é que não sabemos se Ria desenvolveu um problema psicológico ou se a alma do irmão realmente estava com ela. Finalmente caindo na realidade após sua casa ser invadida por familiares e pela polícia, ela adota o nome de Kurenaino Aria e passa a fazer trabalhos de magia negra que outrora eram brincadeiras com o irmão.
Essa parte foi umas das cenas mais chocantes até agora e que realmente me deixou sem palavras.
Kurenaino Aria, desde o princípio, foi a personagem que mais me chamou atenção pois era a única que pareceu ter uma ligação próxima com fantasmas e foi ela a primeira a saber do crime ao receber, na sua caixa de correios, o couro cabeludo de Hashigami. O que mais nos deixa reflexivos é que não sabemos se ela realmente conversa com fantasmas ou tudo é paranoia de sua cabeça.
Terminamos com Aria em seu local de trabalho questionando se tudo aquilo havia sido real ou uma ilusão e recebendo um telefonema.
E vamos agora a outro personagem que não tinha nenhuma ligação tão importante. Só era uma simples jornalista que investigava fatos sobrenaturais. Até agora.
Yuu, redatora do Muru Muru, é a jornalista que narra os últimos fatos da trágica história de Aria. Também é ela quem entrevistou o professor Hashigami, e aparenta saber mais do que demonstra.
Num flashback de Yuu, vemos a sua conversa com Hashigami em que ele a questiona sobre ela ter tido algum sonho. De forma dispersa, Yuu descreve exatamente a primeira cena do primeiro episódio em que várias pessoas são tiradas de um lago. O professor só abaixa sua cabeça como se já confirmasse alguma suspeita.
A minha cabeça deu um nó porque a última coisa em que eu pensava naquele momento era naquele acontecimento e que ele não teria nenhuma ligação, pelo menos agora, à morte do professor.
No final da cena, já no momento atual, Yuu recebe uma ligação assim como os personagens anteriores. Percebam que Moritsuka pediu para Sai desligar o celular. E todos os outros personagens estão recebendo telefonemas.
Vamos agora para Myu que, preocupada com amiga, vai visitá-la e descobre que ela está desaparecida. A cena corta com ela recebendo um telefone.
E finalmente chegamos na cena final com Yuta que estava desaparecido desde o começo do segundo episódio. Como o primeiro presente na cena do crime, o garoto é peça fundamental nessa trama toda e aquele que tirou o dente de Hashigami que na verdade é uma chave. Na cena, vemos ele andando na rua extremamente nervoso. É realmente tenso porque ele foi o único presente na cena do crime, e a paranoia toma de conta, em que ele pensa que todo mundo lhe está olhando como se fosse culpado. Aqui vemos todo o talento dos diretores de animação e som, que me fizeram assistir o Anime. Você realmente sente a tensão na hora.
A cena termina com ele sendo atacado por um demônio e acordando do sonho paranoico em sua casa pela manhã.
E o mais impressionante acontece agora. Após acordar ele recebe a chamada no rádio, da mesma voz que o orientou a tirar o dente e sair da cena de morte do professor Hashigami.
A voz pede para ele ligar a TV e lá temos o noticiário mostrando a primeira cena do primeiro episódio. Várias pessoas mortas sendo tiradas de dentro de um lago.
O episódio termina.
Eu realmente estou sem palavras. De uma evolução fantástica, Occultic;Nine pula de um dos piores Animes da temporada pra um dos melhores. Tudo até agora tinha sido trabalhado pra cena final e as ligações entre os 8 personagens parecem mais e mais complexas.
Brilhantemente trabalhado, sem deixar uma ponta solta como outrora se pensava, esse se mostra um Anime ambicioso mesmo utilizando uma fórmula de quebra de expectativa, ao meu ver bem pobre, quando poderia ter mostrado desde o início todo o seu potencial.
No mais, não retiro o que eu disse no review do primeiro episódio por realmente ter sido péssimo e só mais uma ferramenta para os próximos, quando na verdade o Anime em si poderia ter sido ótimo desde o início.
Revisado por Tuts
Yuji Kuroda
E lá vamos nós.
Episódio excepcional essa semana. Como disse semana passada, a ligação entre os personagens já estava sendo construída aos poucos e agora veremos cada vez mais interações.
Agora, parando pra pensar, o primeiro episódio foi feito apenas para nos enganar mesmo e ainda acho q tem muita coisa a ser revelada (podemos ser trouxa novamente). Apesar disso, ele teve seu papel introdutório/desenvolvimento e espero q saia ainda algo dele posteriormente, como acontece com Steins;Gate por exemplo.
Eu não acho ruim isso que você citou de “quebra de expectativa”, pra mim é um recurso que se bem trabalhado se torna o grande trunfo da série, como no caso de Madoka que vc citou. Nesse mesmo caso, quando vi pela primeira vez foi um tédio só, mas quando ocorre o plot twist tudo faz sentido, vc vê que não poderia ser tratado de outra maneira, que deveria ser justamente assim para que obtivesse o impacto necessário.
Acho que esse anime está caminhando bem e provavelmente tem tudo controlado, só esperando o momento certo.
Bom trabalho com a Review. Até a semana que vem 😀
KM
Opa. Valew Kuroda. Tem muitas coisas ainda que eu devo ter deixado passar. Tou pensando em fazer um diagrama pra me ajudar na trama por estar sendo muito complexa. Eu realmente pensei que iria ser só mais um Anime de detetives sobrenaturais cheio de clichê, mas depois desse terceiro episódio a trama tá ficando muito tensa. Fiquei chocado no primeiro episodio justamente por conhecer os trabalhos dos diretores e saber que aquilo não beirava ao mínimo do que eles poderiam fazer. Se caminhar nesse rumo espero se tornara um dos melhores animes do ano.
Kondou-san
Este anime é daqueles poucos casos em que retiro as minhas críticas sarcásticas. Como tu bem referiste KM, este anime passou de um dos piores animes da temporada para um que merece receber a atenção. Mais um pouco até parece que ouviram as nossas reclamações em relação ao anime. Aquilo que mais destaco neste episódio 3, e o flashback da Ria, esta cena deu-me meio, visualmente foi a cena de maior impacto para mim, fiquei com aquela imagem da Ria a agarrar o cadáver do irmão durante horas na minha cabeça. A relação da Ria com o seu irmão era muito forte, de inicio estranhei o facto de ela registar todos os acontecimentos que supostamente tinha com o irmão. Aquela crise de ansiedade afectou bastante o subconsciente da Ria, aquilo que parecia uma simples crise de ansiedade, era um problema de saúde mais grave, e de certa forma lhe ia tirar a pessoa que ela mais gostava. O passado da Ria não foi bom, era maltratada pelos seus colegas, havia lá um professor que tinha interesse nela por motivos sexuais, um pedófilo (pelo menos a mim pareceu-me ser um, nenhum homem adulto chega ao pé de uma menina e lhe toca no cabelo). O mais assustador disto tudo é o facto de ela ter vivido com um morto durante um ano, ela não sentia o cheiro, ou o estado psicológico tão afectado lhe deturpou os sentidos. Quanto ao resto do episódio gostei do facto de eles começarem a desenvolver melhor a trama, de forma a juntar as pontas soltas que eles deixaram no episódio 1 e 2.
Como sempre um excelente artigo KM.
KM
Sim. Eu estou pensando até agora se ela realmente enxerga fantasmas, ou é apenas uma psicose. De todo modo, ela parece ser a mais afetada no Anime todo seguida de Yuta que está vivenciando um verdadeiro inferno.