Olá, pessoal, quanto tempo!! Tudo bem com vocês? Passei muito tempo fora ocupado com algumas coisas, mas eu estou tentando voltar a trazer as minhas resenhas aqui pra vocês.

Quem talvez ainda lembra como é o meu estilo de resenha sabe que eu evito ao máximo dar spoilers, pois eu aprecio demais o fato de escrever resenhas que, tanto pessoas que assistiram e que não assistiram determinada obra, sempre se sintam convidadas a ler o que eu escrevo para decidirem assistir ou não a obra discutida no texto, além de poderem apresentar contrapontos às minhas ideias no caso dos que já assistiram.

Hoje eu falarei sobre Terror in Resonance (ou Zankyou no Terror), um anime bastante discutível, haja vista o fato de ser uma obra original, logo tendo levado características e experimentações de seu criador e diretor, Shinichiro Watanabe (Cowboy Bebop, Macross Plus, Sakamichi no Apollon, Samurai Champloo, Space☆Dandy).

Apesar de o nome do anime talvez levar a pensar que seja sobre terrorismo, esse não é o objetivo final da obra. Os atos de terrorismo, em verdade, servem como pilares que sustentam o desenvolvimento beeem lento da principal linha de enredo, à qual o diretor aparentemente quis dar complexidade, pois existe um objetivo final muito claro por trás de tudo o que os terroristas do anime fazem. Entretanto, o que é complexo nesse anime com certeza não é a principal linha de enredo e sim as linhas de enredo subjacentes, que estão sempre envoltas de charadas nas quais o diretor se utilizou de ideias, assuntos contemporâneos, mitos e histórias, digamos, rebuscados, além de cada charada ser envolta de camadas até se conseguir chegar à verdadeira resposta que desativa bombas. Essa é a concepção básica dessa obra na minha interpretação, é o que resume o anime na sua essência, isto é, sem seguir essas ideias básicas, Zankyou não existiria como é. Olhando dessa forma, essa é uma concepção até que bem interessante, concorda? Eu penso que sim. Porém o anime teve 3 grandes defeitos mais um defeito menor, que eu dissertarei ao longo do texto. Afinal, eu ter precisado levar uns 2~3 anos para terminar Zankyou não foi à toa…

O enredo da obra foi o menor dos problemas. Foi interessante, foi por vezes intrigante e foi atééé que estimulante. Há os casos de terrorismo causados por dois jovens que anunciam os ataques via internet, há as instituições policiais que investigam as charadas dos terroristas e tentam descobrir o paradeiro deles para prendê-los e há a mídia que propaga as informações (estando erradas ou não). Só que a primeira metade do anime é um tanto episódica, o que deixa a série pouco interessante, então isso atrapalhou na construção de bons cliffhangers aos finais dos episódios. O enredo também imprimiu um ritmo e uma atmosfera muito maçantes, principalmente na primeira metade da obra. Fora isso, pelo fato de ser uma série que apresenta investigação policial e mistério, o diretor Shinichiro Watanabe decidiu por se utilizar de “cenas de contemplação”, mas o problema disso, na minha visão, foi que ele abusou demais desse tipo de cena, o que gerou várias e várias “cenas de contemplação” desnecessárias. E, quanto a “cenas de contemplação”, eu quis me referir, por exemplo, a cenas em que os personagens estão pensando em silêncio, a cenas panorâmicas das cidades ou até mesmo a cenas mostrando os personagens fazendo coisas sem falar nada; ao meu ver, o diretor abusou desse recurso; tanto que eu pensei em dropar esse anime no episódio 01 ou 02.

Começando agora em ordem decrescente os grandes defeitos do anime, o terceiro maior defeito foi a animação. No geral, a animação ficou oscilando entre bem finalizada e muito bem finalizada, ou seja, o estúdio encarregado pelo anime, o MAPPA, – que é um estúdio de excelência no quesito técnico animação – fez um trabalho não maravilhoso, mas com um mínimo de qualidade nesse sentido. Mas eu tenho que reclamar da escolha da paleta de cores que o diretor aplicou, porque ficou feio, ficou cansativo de olhar, todo o ambiente e os personagens pareciam extremamente mortos devido à falta de aplicação de cores mais vívidas, tudo ficou acinzentado ou esbranquiçado demais.

O segundo maior defeito em Zankyou foi certamente a trilha sonora extremamente pobre musicalmente. O problema de verdade foi na trilha sonora interna dos episódios, pois, assim como eu disse há dois parágrafos atrás, quando falei sobre as “cenas de contemplação”, no anime em geral, mas principalmente nessas cenas, simplesmente quase não houve produção musical que desse um tom instigante à Zankyou ou mesmo que ajudasse a produzir emoções mais fortes no espectador. Tudo o que houve foram efeitos sonoros de ambiente e muitas cenas de silêncio. Quanto à abertura e ao encerramento, ambas não fizeram o meu gosto. A abertura eu definiria como um eletro-rock experimental ambiente. E o encerramento eu definiria como um dark pop ambiente. Há elementos de harmonia e de composição nas duas músicas que eu aprecio, mas das duas músicas em si como obras fechadas eu não gostei, embora eu concorde que combinou com a atmosfera morta do anime.

Finalmente, o maior defeito da obra, na minha visão, foram os personagens. Houve um personagem com boa profundidade e não foi um dos protagonistas, mas sim o detetive chamado Shibazaki, que foi o personagem mais interessante desde o início. Se não fosse por ele, eu teria dropado o anime no primeiro episódio com 100% de certeza. Os terroristas, que são chamados de Nove e Doze, falam pouco, falam quase nada sobre eles próprios e praticamente só falam sobre eles mesmos de maneira distante, digamos assim; eles não conversam de forma que expresse o suficiente para se construir backgrounds mais densos e que façam os espectadores se importarem mais com eles enquanto personalidades mais complexas. Eles simplesmente vivem ações do presente, eles quase que apenas agem, eles não têm muitos momentos de construção. O Nove é um cara muito inteligente e calado e o Doze é um cara mais extrovertido e teimoso. O fato de os dois serem adolescentes me incomodou um pouco, pois eu não sou fã de adolescentes com poderes/capacidades absurdas nas mãos, mas o diretor conseguiu dar uma explicação aceitável. Na realidade, quem acaba de certa forma fazendo a construção desses personagens para o espectador é o detetive Shibazaki, investigando o passado deles, mas os terroristas em si eu não consegui achar interessantes, embora eles tenham tido um passado até que razoavelmente bem explicado, mas pra mim o diretor demorou demais pra começar a dar essa pegada de desenvolvimento que os personagens precisavam, isto é, somente a partir da segunda metade do anime. Ah, e antes que eu esqueça, tem a personagem Lisa que mostra uma importante utilidade em um ponto do enredo, mas em todo o resto foi uma personagem completamente dispensável dessa história; ela é chata, não sabe o que quer da vida, sofre bullying, é passiva ao extremo, tem relação ruim com a mãe, etc. Ela é uma personagem aleatória demais em Zankyou e só cria importância no anime porque o Doze é um teimoso que não consegue se conter de tentar se relacionar com ela. A Lisa é mostrada de uma maneira muito desinteressante. Ela tem um background, é verdade, mas as cenas dela tornam o anime mais maçante do que já é, pelo fato de ela ser uma adolescente absurdamente vazia e passiva com a vida.

Para finalizar essa resenha, eu apenas direi que não foi um bom anime pra mim. Teve coisas boas, mas teve muita coisa que eu achei ruim também, então eu acabei por considerá-lo um anime mediano. E eu não recomendo que se assista Zankyou no Terror, pois eu penso que não vale a pena. Não lhe vai adicionar muita coisa. É melhor pegar um anime de maior qualidade técnica e que se conseguiu fazer boa utilização de experimentações.

E é isso. Podem comentar, dar a opinião de vocês e dizer se eu consegui convencer-lhes de alguma coisa com esta resenha; qualquer coisa.

Espero ter sido útil! Até a próxima!! o/

  1. Poxa que pena, eu gostei tanto da obra 🙁
    Por exemplo eu discordo de você na paleta de cores, eu gosto de coisas mortas e sem vida (na verdade acho que apreciar é a palavra certa). Sobre o rebuscamento das mitologias é um ponto que particularmente eu gosto. Concordo com o que você disse sobre os desenvolvimentos dos personagens, é muito demorado, esse sim é um fato no anime. A Lisa é realmente muito chatinha mas ela tem um background como você disse, realmente ela não é uma das melhores, mas como a história se desenrola ao redor dela, acho que não pode ser tão dispensável assim, me corrija se eu estiver errada. Bom, sobre os traços e aspectos técnicos eu realmente caguei para isso :p Se eu ligasse tanto eu nem teria assistido one piece (inclusive meu anime favorito). Para mim o que importa mesmo é o enredo, acho que foi bom Zankyou no terror. Se eu me lembro bem, eu dei 8 no my anime list, enfim, essa é minha opinião :)))

    http://tiadasgalaxias.blogspot.com.br/

    • Olá, nakasuzuu.

      Pois é, a história realmente acontece ao redor dela. Aliás, é literalmente AO REDOR dela que acontece. Ou seja, na minha percepção pessoal de qualidade de estrutura de enredo, a Lisa é uma personagem muito sem significado, muito alheia no anime. Pq eu acho isso? É pq ela é uma personagem que dá falsamente prosseguimento ao enredo. Ela é uma personagem que (praticamente) não participa desse processo de prosseguimento, ela é passiva, ela em quase momento algum é O motivo, isto é, ela em quase momento algum é a causa que gera um efeito ou desdobramento estrutural no enredo. Por isso que ela é uma personagem que eu achei totalmente dispensável. Seria perfeitamente possível fazer a história de Zankyou no Terror sem alterar quase nadica de nada apenas removendo a Lisa. Mas, sim, eu concordo que ela tem um background que é até um tanto denso e bem apresentado, se considerarmos ele isoladamente. Contudo, pelos motivos que eu acabei de dizer, esse background passa a ser algo negativo por ser da justamente da Lisa, por ser alheio, por ser removível do anime, afinal o anime não é sobre ela ou a vida dela ou mesmo o fato de ela ser ativa ao menos uma vez na vida, e sim sobre dois terroristas que querem revelar verdades. O Doze ter se relacionado com ela foi muito forçado ao meu ver. Eu acho que o Shinichiro Watanabe quis passar a ideia de que o Doze via na Lisa um outro eu e que por isso ele se identificava com a situação dela de rejeitada e maltratada pelo mundo e que por isso tbm queria criar uma ligação com ela, mas ficou forçado porque o Doze (e tbm o Nove) mal mostravam mais do que uma mera faceta da personalidade deles. Eles foram personagem muito planos emocionalmente. Eu não conseguia nem ver veracidade nos atos impensados do Doze em relação à Lisa porque pra minha pessoa soava artificial demais.

      Bom, eu fiz uma viagem bem grandinha aí kkk, mas espero ter conseguido ser compreensível em relação à minha experiência pessoal.

      Obrigado mesmo pelo cometário, nakasuzuu!! Volte mais vezes!! Foi um grande prazer ler um pouco sobre a sua experiência pessoal tbm!!

      PS: Como eu normalmente utilizo uma escala pessoal qualitativa, que varia de Pior Impossível até Obra-prima, a minha nota para Zankyou no Terror foi Mediano. Isso equivale a um 5/10, que foi a nota que eu coloquei no meu MAL. Aqui no blog a gente trabalha com estrelas, então, pela lógica, eu coloquei 2 estrelas e meia mesmo.

      PS²: Eu vou procurar vc agora mesmo no MAL pra add como amiga, se não se importar, claro. Mas, caso eu não ache, vc pode me add. O meu nick é Alyson_Jiraiya.

      • Obrigada por me esclarecer, o pior é que é verdade mesmo 🙁 Ela é tão “inútil” falando grossamente). Acho que a parte que eu mais gostei mesmo foi no geral, na história que se desenrolava entre os terroristas e o resto do mundo aí. Enfim.

        Já te aceitei no my anime list :DDD
        Pode deixar que eu volto mais vezes, eu gosto de resenhas de animes <3<3

        Eu vi que você deixou pausado Gankutsuou (quando você terminar já estou esperando a resenha dele aqui no blog).

      • De nada, nakasuzuu.

        Valeu por ter aceitado! 🙂 Quando eu arranjar um tempo, eu vou dar uma olhada bem detalhada nas suas listas!

        Que ótimo que gosta de resenhas, pois eu me divirto bastante tentando caprichar o máximo que eu consigo no desenvolvimento dos textos e é o que eu sempre tento trazer ao Anime21.

        Pois num é que é vdd msm. Eu nem lembrava que tava lá ainda. Eu comecei a assistir há uns 4 ou 5 anos atrás e só vi dois eps, mas pela preguiça de baixar eu nunca retomei nem lembrei. Valeu mesmo por ter me lembrado! Eu adoro o Conde de Monte Cristo. Eu preciso voltar um dia sim e fazer uma resenha bacana quando terminar.

    • Lisa pode ser inútil, até porque o enredo faz com que seja inútil, mas não acho que seria possível construir a mesma história sem ela.
      No começo do anime a impressão que ela passava era de tópica personagem comivel que todo anime tem, mas, nos últimos episódios ela tem um grande na relação do 9 e do 12 ((((SPOILER)))) um dos “mini plot twist” é a traição do 12 ao entregar as informações para 5, sem contar que, uma das principais motivações da dupla era simplesmente “ser lembrado” eles queriam fazer falta a alguém, e essa pessoa foi a Lisa ( e o Shibazaki).
      No final das contas, todos os personagens tem como objetivo pessoal provar sua importância.
      Então de certa forma o fato da Lisa ser inútil (pelo menos no começo do anime) ajuda nk desenvolvimento da trama e só prova que o enredo do anime foi totalmente bem pensado e essa Review foi meia boca.

  2. Gostei muito do texto, mas para mim, é um anime muito bom, pois gosto profundamente de animes em que o suspense e as “táticas” são um destaque em como os personagens agem ( em animes “policiais”) a forma fria com que agem lhe prende de certa forma em querer saber o que vai acontecer, para mim, foi o ponto mais forte.
    Em relação a Lisa, eu também concordo que ela é totalmente inútil, também creio que seria muito melhor, algo mais bem explicado sobre os dois jovens, pelo menos um pouco mais. Também concordo com o fato dos poucos diálogos, uns papos a mais sobre o passado deles(seria algo bom) pra nos mostrar seus passados melhores, ou até mesmo lapidar melhor suas personalidades ( que são bem clichês, né?) Mas mesmo assim, combinou com o clima do anime, cores mortas e trilha sonora igualmente. Creio que se ele mudasse apenas um desses pontos, não seria de grande agrado, achei bom ser tudo razoável, é decepcionante apenas um ponto bom e o resto abaixo​ da média.

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