Bom dia!

Joe está no Megalonia. Alguém tinha alguma dúvida disso? A única dúvida lícita era se ele iria até o fim sem gear ou se acabaria adquirindo um por opção ou imposição no meio do caminho. A Yukiko chegou a provocar o Nanbu dizendo que o Megalonia é só para lutadores que usam gear. Mas da forma como os eventos ocorreram, colocando o Joe contra o Mikio em uma luta classificatória para a última vaga do Megalonia, esse deixou de ser um problema.

Problemas maiores se apresentaram, porém…

Esse episódio acabou sendo muito mais sobre o Mikio do que sobre o Joe. O que faz sentido, o Joe continua, todo o anime é sobre ele, já o Mikio tem apenas esse arco para si. Já havia sido assim antes com o Aragaki, o lutador veterano de guerra e ex-discípulo do Nanbu. Tanto Aragaki quanto Mikio foram adversários poderosos que quase tiraram Joe do Megalonia que apareceram em seus respectivos arcos sem aviso, jogaram sua biografia na tela, foram derrotados e saíram de cena (bom, o Mikio ainda vai sair de cena, ou não, se tiver um papel novo daqui por diante; no ringue ele não deve subir mais). O problema é que o Aragaki trazia um conflito que dizia respeito aos heróis e o Joe teve a oportunidade de aprender algo, enquanto o Mikio trouxe um conflito para os antagonistas (Yukiko e Yuri). Como já disse nos últimos artigos, não foi suficiente para me cativar. Mas a luta foi surpreendentemente boa.

Nenhum golpe do Joe atinge Mikio – ou seria o Ace?

Repetiu o formato de sempre, como não poderia deixar de ser. O Joe apanhou feito um cachorro sem conseguir reagir até que no final descobre como diminuir a distância entre ele e seu oponente, e daí finalmente venceu. Eu li por aí algumas pessoas criticando o anime por isso, inclusive. Mas essa é a fórmula padrão de histórias de boxe, não é? E não só animes. Aliás, não só boxe, mas esportivos em geral, e muitas histórias de ação também, quando elas envolvem combates. O fato é que algo na psiquê humana nos faz simpatizar com o azarão, com o oprimido, e por isso essas histórias são escritas assim. É bem mais difícil escrever uma história interessante com o herói mais poderoso que seus adversários desde o início – não à toa, isso costuma ser feito em paródias do gênero. Uma variação é o herói realmente começar mais forte, mas aos poucos passar a ser sobrepujado – isso rende histórias ou arcos de história sobre excesso de orgulho. O Joe poderia ter tido uma dessas nas primeiras lutas do campeonato, suponho. Enfim.

Pelo menos o Joe é um excelente saco de pancadas

O conflito do Mikio é entre ele e seu próprio gear. Como já sabemos, ele desenvolveu um gear com inteligência artificial, que ele chama de Ace, que é capaz de prever os movimentos do adversário e se defender ou atacar de acordo. Isso não significa que o Mikio precisa agir sempre de acordo com o Ace e que seus braços estejam sendo manipulados pela máquina, porém: há uma sincronia entre os dois. Mikio pode se mover como achar melhor, pode deixar o Ace se mover sozinho, ou pode se mover junto com o Ace – essa terceira alternativa é a sua escolha, e é a mais difícil. E pior: quanto mais sincronizado ele está com o Ace, menos ele é capaz de dizer se quem está lutando de verdade é ele ou a máquina. Ele tenta se livrar da dúvida gritando, antes do round derradeiro, que as decisões do Ace são as decisões dele, mas nem ele acredita muito nisso.

De fato, contra oponentes poderosos, como o Joe, Mikio se torna muito dependente do Ace. Ainda mais em uma luta que significa tudo para ele: se perder, acabou. Ele pode esperar as decisões do Ace e tentar se sincronizar com elas, ou pode tomar suas próprias decisões, mas fazer isso seria admitir que o Ace não é tão bom quanto ele diz ser. Por isso quando o Ace fica parado, Mikio também fica parado. O Ace não foi programado para lidar com uma pessoa de guarda baixa. Um lutador normal, tomando todas as suas próprias decisões, teria partido a cara do Joe no meio quando ele fez isso. O Mikio poderia ter decidido fazer isso por conta própria, mas não fez. Esperou o Ace. O Ace demorou a tomar uma decisão.

As decisões do Ace podem não ser as do Mikio, mas parece que as indecisões do Ace são as indecisões do Mikio. Nos segundos, que devem ter parecido horas, que demorou para que o Ace decidisse partir para o golpe contra o Joe, Mikio perdeu a confiança, perdeu a paciência, perdeu a compostura. E perdeu a luta, quando Joe o contra-atacou com um gancho. Mas não perdeu o controle: em seu estado mental perturbado, Mikio julgou que deveria sobrepôr a sua decisão sobre a do Ace, e trocando a perna de apoio no meio do golpe, decidiu que daria um soco de esquerda, não de direita. Um lutador melhor talvez tivesse acabado com o Joe nesse movimento.

Acabou

Ao final do episódio o próximo conflito já se apresentou: como eu havia imaginado, o Fujimaki dizer que só queria que o Joe chegasse ao Megalonia, e não que o vencesse, era mesmo suspeito. Como eu havia especulado, se o sujeito ganha tanto dinheiro manipulando lutas ilegais entre boxeadores que sequer têm identidade, quanto ele não pode ganhar manipulando uma luta no Megalonia? Imagino se irão lidar com o mafioso na próxima luta ou se vão dar um passa-moleque nele (algo como o Nanbu deixar o Joe vencer e aplacar a ira do Fujimaki dizendo algo como “você vai ganhar muito mais com a final!”). Prefiro e aposto na primeira alternativa: a luta entre Joe e Yuri tem que ser só entre eles, entre o que acreditam e o que representam, e mais nada.

  1. Grande “Mexicano”!!!
    Bem foi a resolução classica que esperavamos…O proximo ep é mais instigante no aguardo da resenha!!!
    E não falei que o Fujimaki ia dar as caras e parece que “as cartas” nesse jogo….
    Mas insisto este vai ser tornar um classico de geração assim como foi para mim Yamato e Cowboy Bebop…
    Nos vemos na proxima resenha e a todos se lembrem:
    “Deus aperta, mas não afoga”

    Not dead yet…

    • Fábio "Mexicano" Godoy

      Gostei da resolução da luta entre o Joe e o Mikio. Não posso dizer o mesmo sobre o conflito pessoal do Mikio, ainda acho que foi muito apressado, mas acho que esse é um mal inevitável dada a pouca quantidade de episódios e o consequente tempo reduzido para desenvolver cada personagem.

      Sobre clássico, er … eu “respondi” isso no artigo do último episódio =D

      Obrigado pela visita e pelo comentário!

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