Taimadou Gakuen 35 Shiken Shoutai é uma light novel de autoria de Touki Yanagami e ilustrações de Kippu. A obra já se encontra finalizada com 13 volumes, teve adaptações para mangá e uma adaptação para anime de 12 episódios feita pelo estúdio Silver Link.

Foi justamente pelo anime que conheci a obra, me apaixonei por sua abertura e encerramento, principalmente esse último, que é cantado pela Itou Kanako; mas também me apaixonei pela história e seus personagens. Que guilty pleasure que nada, Taimadou é bom sim e reforço essa minha opinião após ler o primeiro volume do material original. Vamos nessa!

Na história somos apresentados a um mundo antes devastado pela magia de bruxas, as quais, no período atual em que se encontra a história, são caçadas por um órgão militar chamado de Inquisição.

Mas os personagens principais são estudantes colegiais que integram a Academia Antimagia e sonham em se tornarem oficiais da Inquisição. E como em praticamente toda obra de ficção, eles têm algo de especial em si, têm talento, mas são muito desastrados. Reunidos compõem o 35º pelotão de peixes pequenos. É quando Ouka Ootori se junta a esse pelotão que a história de Taimadou Gakuen começa!

Light novels realmente costumam ser livros com uma composição mais leve, mais objetiva. Isso é algo que pode ser sentido no decorrer da leitura do primeiro livro dessa série e é algo que considero bom já que torna tudo muito dinâmico. O que não é cena de ação não cansa e as cenas de ação em si são boas.

Poderiam ser melhores, com mais detalhes? Poderiam, mas a intenção da light novel é justamente dar o mínimo para o leitor, mostrar uma ou outra cena por meio de imagens e deixar sua imaginação fazer o serviço mais legal de todos: imaginar. Aliás, as ilustrações são belíssimas, não acha?

Quanto a história, somos apresentados a um grupo disfuncional de organismos talentosos, mas que não conseguem trabalhar em conjunto. Não exatamente por terem desavenças de algum tipo, mas porque suas personalidades são “defeituosas’.

Acho que essa é a primeira coisa que gostei na história, o fato desses personagens serem um misto de qualidades e defeitos. Eles precisam mais de autoconfiança que técnica, e a chegada da novata vem justamente para incentivá-los a mudarem, a tornar aquele ambiente baixo astral em um lugar no qual outra desajeitada vai se sentir incluída e passará a tratá-los como iguais, como camaradas.

Além de que, Ouka agrega força de combate a um grupo que precisa realizar missões envolvendo a captura de artefatos mágicos para se graduar e assim seguirem seus caminhos dentro da Inquisição.

Não é o dia a dia descontraído de estudantes colegiais, é uma obra de violência constante, cheia de missões, drama e personagens que têm suas próprias motivações, mas, ao menos no caso do pelotão dos peixes pequenos, as ajustam ao objetivo do grupo.

Outra coisa bem bacana em Taimadou é que nem o fanservice e nem a comédia romântica têm mais espaço do que deveriam ter nesse primeiro volume, são apenas bem secundários mesmo.

Se você viu o anime sabe que tem mais desses elementos nas novels seguintes que foram adaptadas. O anime adaptou 5 light novels e um pouco do material da novel spin-off de histórias complementares, mas não acho que isso será um problema quando eu ler, pois em uma novel de 100 capítulos não dá para ter ação e tensão toda hora, né?

É importante saber a hora de descontrair e fazer isso, mas mais ainda é fazer uma apresentação digna que exponha bem o conflito dos personagens. Senão de todos, ao menos de um ou dois dos protagonistas, e é isso que ocorre no volume inicial.

A proposta dele é apresentar a personagem Ouka, expor seu trama e objetivo, mostrar a ação do chefe de pelotão, Takeru Kusanagi, para lidar com isso e como são as atitudes dele que ajudam Ouka a dar o primeiro passo rumo à mudança, a integração com o pelotão do qual passou a fazer parte.

No final, a novel dá ao leitor aquilo que ele poderia e deveria esperar dela. Acho o drama da Ouka bem pesado, mas não é como se me surpreendesse, afinal, ela é uma adolescente que trabalhava em um exército de inquisidores para caçar bruxas e seu objetivo é o de perpetrar uma vingança contra toda e qualquer bruxa.

Takeru fica um pouco de lado nesse sentido, mas são dadas pistas mais do que suficientes de sua situação, fica bem claro do porquê quer se tornar um inquisidor, além disso, o contraste entre ele, um espadachim, em uma Era comandada pelas armas de fogo é uma coisa bem bacana na história.

As companheiras de pelotão, Usagi Saionji e Ikaruga Suginami, são as que menos têm espaço nesse início, mas como são heroínas, é claro que vão ter seus próprios volumes de desenvolvimento. Se você viu o anime sabe bem do que estou tratando. Isso vale também para a outra heroína que apenas aparece fazendo algo e há Lapis Lazuli, ou apenas Lapis, a contratante de Takeru. É, o grupo aumenta.

Gosto disso em qualquer tipo de série em qualquer mídia, porque dá uma ideia de progressão interessante. Novos integrantes em um grupo aumentam as possibilidades de desenvolvimento desses personagens.

Apenas Ouka e Takeru têm um desenvolvimento interessante no começo, mas que desenvolvimento legal o deles, hein! Ouka é solitária porque ela decidiu se vingar das atrocidades que as bruxas cometeram com ela e sua família, e Takeru é um one-of-a-kind (alguém único, raro) que com certeza é mais do que sua motivação inicial, o dinheiro, dá a entender.

Ela precisa de alguém para dividir consigo o fardo pesado que carrega, o outro precisa se afirmar como capitão para também se afirmar como um guerreiro, afinal, ele mesmo entende que armas de fogo deixam espadas no chinelo, mas, ainda assim, não desiste de seu caminho como espadachim.

Um ponto excelente sobre a caracterização de ambos é como eles são personagens coerentes mesmo nas piores situações possíveis.

Ouka rejeita um contrato completo com a existência que a garantiria o poder para exterminar bruxas mais facilmente, o que é compreensível para quem tem uma aversão profunda a magia e a quem a usava originalmente, e Takeru é, nos mínimos detalhes, a pessoa que melhor se encaixa nas características da existência com a qual firma seu contrato.

Há um esforço do autor em fazer tudo parecer o menos conveniente possível. Isso é auxiliado pelo diretor e pai adotivo de Ouka, Sougetsu Ootori. Ele é o tipo de personagem misterioso e imprevisível que manipula o ambiente e as pessoas ao seu redor facilmente.

Sendo assim, eu consigo comprar a ideia de que a grande ameaça que surge nesse primeiro volume é resolvida por estudantes e que dois deles têm relíquias que só deveriam pertencer a profissionais.

Sei que é o velho caso dos personagens principais se destacarem mais que todos, independentemente de qualquer outro motivo, mas se você cria condições para que essa situação seja minimamente aceitável, já é o suficiente dentro da ficção.

Aliás, quem gostaria que fosse de outra forma, que os protagonistas não se destacassem, né?

Contudo, isso também comporta um defeito desse primeiro volume, o que também é uma de suas qualidades, o dinamismo. As coisas acabam acontecendo relativamente rápido, não há tanto tempo para aprofundar os personagens.

Acho que deve melhorar nos volumes seguintes, pois entendo que a intenção era chamar o leitor e ele deu o mínimo para isso, mas se tivesse escrito um pouco mais a novel me passaria uma sensação mais contundente de completude. Até porque é um universo interessante o criado, há magia e há aqueles que não são bruxas, mas se valem dessa magia a fim de lidar com os problemas causados por ela.

Os inquisidores seriam como policiais em uma Era ainda mais moderna em comparação a que vivemos, em um mundo que sobreviveu ao seu próprio apocalipse, mas por lidarem com atividades que mais remetem a guerra que a violência social com a qual estamos acostumados, até mesmo nas grandes cidades, acredito que o elemento militar seja mais preponderante.

Há uma organização de bruxas envolta em mistério que ainda deve atazanar muito o 35º pelotão de peixes pequenos até o final da obra e, eventualmente, devo ler os outros volumes, pois como escrevi no começo do artigo, Taimadou Gakuen é um verdadeiro xodó para mim.

Uma obra que sequer considero o melhor que poderia ser, mas me cativa de formas que nem sei explicar. É algo que você também já deve ter passado ou ainda vai passar, seja com uma obra ou com várias; meu caso.

É aqui que me despeço. Se quer conhecer a obra, mas não quer ler a light novel, o anime se encontra disponível no Crunchyroll. De toda forma, dê uma chance ao original, é até bom para treinar seu inglês!

Até a próxima!

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