Vão-se os tiranos, os democratas, fica a Aliança? Será? É hora de LOGH no Anime21!

Como o Yang se vê é algo bom para entendermos melhor o personagem, pois a partir do momento em que ele tenta separar a figura histórica da pessoa isso é ele tentando distanciar a imagem que criam, o herói, do humano real que se distancia do elogio e da pompa para não cair em tentação, não se tornar o que abomina.

Existem pessoas como o Yang? É claro que existem, o difícil é elas chegarem nas cabeças em qualquer ambiente e se isso aconteceu na Aliança, honestamente, me parece um sinal de que nem tudo está perdido, que corrupção e má gestão são sim problemas graves que devem ser combatidos, mas nada disso compensa a perda da liberdade. Jamais!

Yang é um personagem admirável não por ser bonzinho, mas por ser humano, por constantemente policiar a si mesmo sobre aquilo que teme, por não ser hipócrita e, mesmo assim, sempre estar inquieto, nunca se conformar com o que é e o que faz. Duvido que o Reinhard seja assim, ainda que, a sua maneira, eu também o ache digno de certa admiração.

Enfim, a libertação de Shampool foi o trecho suave do episódio, com direito a beijinho e tudo, mas demorou pouco e que bom que foi assim, pois a deserção do Comandante Baghdash deu uma apimentada boa. Inclusive, tive minha expectativa traída sobre ele, logo a frente comentarei isso. E a Frederica saiu de cena por cautela, o Yang não dá ponto sem nó, né…

Que bom que o Yang é forte e não cansa de ensinar ao Julian seus valores.

A guerra no espaço, bem mais comum do que eu esperava que fosse, foi um derramamento indiscriminado de sangue aparentemente pior do que houve no Império no episódio anterior? Sim, mas o que o Yang podia fazer? Nada. Posso questionar a convicção de seguir um ideal austero desses para quem até outro dia fazia parte de uma democracia?

Não sei, mas será que isso serve mesmo para militares que já são treinados psicologicamente para morrer se os for ordenado, ainda que vivam em uma pátria livre? É, responder uma pergunta com outra não é legal, mas tirando esse questionamento não tenho o que reclamar do que vi nesse trecho. Aliás, eu não duvido que essa derrota seja só isso mesmo.

Por quê? Porque esse episódio foi bem mais “preto no branco” do que eu esperava e isso ficou bem evidente nas situações que se seguiram, com o comandante de moral para lá de Baghdash e o que aconteceu com a Jessica. Aliás, quer mais tragédia do que o fim que ela teve? Para a Aliança agora não imagino, então o próximo episódio será do Império?

Enfim, a conversa do Yang com o Comandante foi tão lúcida da parte dele que chego a acreditar que ele manteve a munição na arma do patife e correu risco de vida por ter plena convicção do que pensa sobre a figura. Se somarmos a impressão do Yang a desconfiança que o desertor demonstrou ao adentrar a cúpula do lugar, fica fácil pensar em algo a mais…

O que não se comprovou, ao menos não ainda, e tal quebra de expectativa eu achei muito proveitosa.

Levante sua arma pela vida, nunca para a morte, não se há outra opção.

O protesto nada pacífico em Heinessen foi outra que me chateou pela perda de uma personagem que eu tinha em alta conta, mas ao mesmo tempo me agradou porque é o tipo de situação que quase sempre, ou talvez sempre mesmo, ocorre em uma guerra política como a que rola internamente na Aliança; a formação de um(a) mártir.

A última eleição para presidente do Brasil se resolveu praticamente por isso, mas no caso da Aliança a coisa é bem diferente, porque se dissocia da figura política, tratando da ideia. Jessica morreu a fim de defender seus ideais, a tal liberdade e fraternidade que levaram tanto ela quanto Yang (idealistas sim, mas ainda mais competentes) a altas posições.

Se a Aliança é esse lixo todo que o movimento tirano pinta, por que tantas pessoas, e muitas delas brilhantes a sua maneira, pensam o contrário? E melhor, se propõem a crítica, buscam a reflexão e com ela o entendimento em prol da melhoria. Não se faz liberdade sem discussão, sem contrariedade, ir de conflito a isso foi um tiro no pé dessa rebelião.

Um caso isolado de um estúpido ou isso só ocorreu porque o militar sentiu-se livre, com poder e direito, para tanto? Nem preciso responder essa, né? Sabe o que é melhor? Esses acontecimentos, a morte da Jessica e o massacre no estádio, foram como se eu estivesse lendo um livro de história. Por quê? Porque tenho a sensação de que algo assim já ocorreu.

O mundo muda, as pessoas mudam, mas seus erros, infelizmente, não parecem mudar muito não…

Sempre acontece e, infelizmente, com a loucura que o mundo está atualmente (Nem a Europa tem escapado de governos que flertam perigosamente com o autoritarismo e outras mil ideias esdrúxulas) tenho medo de que continuem a ocorrer. Em proporção menor de perdas, espero, mas com o mesmo pano de fundo trágico quase que anunciado.

Sonhava com uma Aliança reconstruída pelas mãos do Yang e da Jessica e quase lamento isso não acontecer, mas, na verdade, foi melhor assim, e sabe por quê? Porque esse desenrolar foi bem mais realista do que se tudo tivesse dado certo com a comodidade que seria ter duas pessoas de princípios e qualificação para guiar um processo democrático.

Não dizem que os bons morrem cedo? Vimos um exemplo disso esse episódio. Por que o Yang não morreu então? Porque, como escrevi em algum comentário anterior, sua bondade e sagacidade andam de mãos dadas. Andam juntas no recreio. E nem vou questionar a lógica da afronta da Jessica, o aprendizado por suas palavras é maior que tudo!

Em um episódio plano demais e anormalmente bom também por isso, o que vimos foi o horror da guerra, mas também a beleza do ser humano; no que fala, no que faz, no que evoca e acredita. Pessoas como Yang e Jessica, certamente o símbolo da Aliança que o Yang deve remendar, são o contraponto necessário a verdadeira reflexão construtiva que carece a nação.

Isso se conseguir continuar sendo uma nação, o que veremos após ou com a tal “tragédia” anunciada.

Até a próxima!

  1. Yang é extremamente hipócrita, e esse é de longe a maior falha do personagem. Eu sou um enorme fã do OVA original de 88 e poderia dar vários exemplos disso mas seria spoiler

    E usar LOGH para demonizar Autoritarismo é como usar Nietzsche para defender a Bíblia

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