Birdie Wing: Golf Girls’ Story é um anime original do estúdio Bandai Namco Pictures (um estúdio derivado do Sunrise) cuja temática é o golfe. Segue abaixo a sinopse extraída da Crunchyroll (o streaming oficial do anime).

 

“Depois de perder para Aoi em sua primeira partida, Eve estava ansiosa para ir à desforra numa revanche. Ambas as garotas são golfistas extremamente únicas e talentosas – e acima de tudo, competitivas. Sonhando em se destacar no circuito profissional, as duas rivais entram com tudo nos maiores torneios para provar quem é a melhor.”

 

Golfe nunca foi um esporte do meu interesse, muito porque é elitista, muito porque não é coletivo, duas coisas que esse anime quebra um pouco ao tanto nos apresentar a uma heroína pobre, que literalmente joga para sobreviver, como torná-la um pacote, uma dupla.

Eve e Lily arrumam adversários e empregadores e arrancam uma grana deles com um golfe selvagem e pouco recursado, mas extremamente eficiente para o objetivo, que é acertar a bola dentro do buraco ou chegar o mais próximo disso, como uma bala acertando o alvo.

Sim, não sou fã de dar uma roupagem de “poderzinho” aos gestos técnicos da protagonista na hora de bater na bola ou da própria fama que ela tem, algo um tanto caricato. Contudo, acabou que isso tornou a experiência mais divertida, mais “inocente”, para mim.

A Eve tem muitas responsabilidades nas costas, mas ainda é imatura em alguns aspectos, o que a torna uma personagem extremamente gostável pelo menos para mim, que valorizo essa história, ainda que clichê, de quem começa de baixo e faz tudo pela família.

Além disso, os gestos técnicos, as tacadas dela, me empolgaram. Gostei da vibe, acho que combinou para um anime esportivo tão competitivo como deve ser esse (afinal, a tensão se constrói de oponente para oponente), e que conseguiu ser bonito mesmo sem esbanjar em animação.

Voltando ao núcleo da trama, o contraste que a Eve traz para um esporte tão mal visto por ser tipicamente jogado pela elite é super válido, ainda mais quando ela se dá bem justamente arrancando dinheiro de trouxas riquinhos que não querem ter o orgulho esmagado.

Ao mesmo tempo, a própria Eve é orgulhosa, um dos sinais de imaturidade que citei mais acima, coisa que conseguimos ver bem na cena em que ela joga a grana que ganhou da jogara que substituiu no policial. Eve é muito sangue quente para quem é pobre.

Essa dicotomia entre maturidade, imposta pelas circunstâncias, e imaturidade, coisa natural para uma adolescente, a tornam uma heroína minimamente complexa, o ideal para que role a empatia necessária para que o público vá além da estreia e veja o anime todo.

E, claro, não é só da Eve que a gente precisa gostar, mas da Aoi também. Mas antes de falar dela eu pergunto, você curtiu a sequência de insert song + cenas (quase que um videoclipe) que surgiu meio que do nada depois da curta cena com o policial? Eu gostei, mas foi “engraçada”.

Digo, ela foi encaixada onde era possível, mas não pareceu deslocada do que veio antes e depois? O diretor não tem esse currículo todo, mas também não é novato, então foi engraçado ver certas escolhas de direção, que considerei bregas ou estranhas, dele.

Tem umas cenas na reta final do episódio que são bregas de doer, mas ao mesmo tempo evocam esse sentimento jovem, quase infantil, do esporte, da rivalidade, do desejo de ser a melhor que se demonstra através de nomes, do orgulho, da predileção pela vitória.

Se por um lado achei o anime meio bobinho por causa de certas cenas ou desenrolares, por outro isso acabou me divertindo, tornando a experiência inesperadamente agradável. Repito, vim ver Birdie Wing com certo preconceito com o esporte e sai curtindo de verdade.

Por quê? Porque por mais que certas ideias pudessem ser sofisticadas a fim de apresentar um produto final mais rebuscado, todas as ideias que mas importam estão ali e foram trabalhadas de maneira razoavelmente boa e divertida, principalmente no que se refere a protagonista.

A Lily mesmo é um bom suporte a Eve por como ela arruma os trouxas dos quais a heroína arranca a grana, é alívio cômico e até dá tacadas também, se tornando mais que apenas uma “manager” da… irmã? Aliás, faltou isso ao anime, explicar direito as circunstâncias familiares.

Espero que isso seja feito ao longo dos próximos episódios, nos quais também devemos conhecer melhor a Aoi, que, diferente da Eve, já é rica e não joga por grana ou sobrevivência, mas teve uma apresentação suave, até boa, se pensarmos em como ela também surpreende a rival.

A sinopse entrega, ela vai vencer a Eve e isso motivará a protagonista a competir de forma séria, o que deve expandir seus horizontes e mudar a sua relação com o golfe. Ainda assim, mesmo que ela passe a jogar por “orgulho”, certamente não deixará a grana de lado.

Enfim, ainda há alguns pontos que gostaria de abordar dessa estreia, e um deles é o da garota que disputa com a Eve, mas desiste antes mesmo de fazer alguma coisa. Pareceu que ela estava saindo com o rabinho entre as pernas, mas não, a questão que ela levanta é interessante.

Se ela competisse com a Eve e perdesse, isso provavelmente a desmotivaria e bagunçaria seu golfe porque a Eve não é nada como o que ela vai enfrentar no campeonato, e isso mesmo que enfrente a Aoi, que é melhor que ela, mas segue as regras e dogmas do gole como a maioria.

A Eve tem uma selvageria, uma meninice, que à torna um diamante bruto a ser lapidado porque qualidade ela tem de sobra, a falta objetivo e experiência; coisas que ela vai começar a adquirir ao perder pela primeira vez e então competir com adversárias da sua idade/nível.

Essa estreia foi muito boa no que se refere as situações abordadas e a caracterização das personagens, não posso dizer o mesmo do tom de certas cenas ou de ideias gerais do enredo, mas acho que, ao pôr na balança, o saldo é positivo, pois foi uma estreia prazerosa de ver.

Claro, entendendo que a trama não é inovadora (afinal, apela para vários clichês), mas consegue, mesmo assim, entregar um conflito plausível. Aliás, taco de golfe deve ser muito caro, né? A Eve só usa três, sendo o “7” o predileto, imagina o estrago que ela pode fazer com mais?

Por fim, sugiro que faça pelo menos a regra dos 3 episódios com esse aqui, ele tem potencial para ser divertido, ainda que nada muito fora da curva. Pelo menos não é esportivo de clube e nem tem uma riquinha orgulhosa como protagonista. Rainbow Bullet é uma heroína do povo!

Até a próxima!

P.S.: Não poderia deixar de lado a referência a Gundam no “Gunpla” que a Lily cita, e é muito melhor que apostar a própria virgindade, ufa. Segundo a otakusfera br teve mais referência a Gundam em outra cena, mas se é desse episódio de estreia juro que não vi, my bad.

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