Lycoris Recoil é um anime de ação e mistério original do estúdio A-1 Pictures. Segue abaixo a sinopse extraída da Crunchyroll (o streaming oficial do anime).

 

“Se há paz no mundo, é graças à Lycoris, uma organização secreta de combate ao crime composta apenas por garotas. Suas agentes mais poderosas são a despreocupada Chisato e a talentosa e misteriosa Takina. Juntas, elas trabalham em um café, servindo bebidas e doces, cuidando de bebês, fazendo compras e ensinando japonês. Confira a vida caótica desta dupla improvável!”

 

Eu entendo que matar pessoas na surdina seja mais fácil para mulheres do que para homens, mas, ainda assim, por que não faz muito sentido que colegiais sejam as vigilantes do Japão? Eu sei que elas são órfãs, mas não existem órfãos homens então?

Digo, não é ilógico arriscar vidas de mulheres, que são as únicas capazes de reproduzir a espécie? Homens, nesse sentido de sobrevivência, são descartáveis; o que não as impediria de desempenhar papeis específicos, mas sustentar toda uma organização?

Em todo caso, o importante é que mesmo se apoiando nessa bullshit clichê de garotas fofas fazendo coisas que garotas fofas normalmente não fariam, o anime acerta ao focar não no exato dia a dia de uma Lycoris, mas no dia a dia das desajustadas entre elas.

Mizuki já se aposentou e está em uma espécie de crise de meia-idade ao buscar um relacionamento. Chisato, como demonstrou mais tarde nessa estreia, têm um modus operandi que a diferencia das demais Lycoris. Takina faz o tipo introvertida deslocada lógica demais.

Todas não se encaixam no padrão da organização, por isso se reúnem no café LycoReco, uma espécie de “clínica de reabilitação” (ou seria um serviço de Lycoris não ortodoxo?) para Lycoris “diferentonas” e/ou botes expiatórios dos erros de terceiros (caso da Takina).

Somando essa perspectiva minimamente interessante a uma bela e consistente animação, além de boas atuações de voz (principalmente da alegre, mas inteligente, Chisato), não é tão difícil superar a desconfiança inicial e ver valor na história, mesmo sendo ela clichê.

Digo, o caso do stalker ter “coincidentemente” a ver com o roubo de armas forçou um pouco, mas ao mesmo tempo não incomodou pelo que de bom trouxe a trama. Foi bom ver a racionalidade perigosa da Takina sendo reforçada, além de termos visto a Chisato agir.

Inclusive, deve ser por isso que ela foi dispensada da AD. Como uma assassina do governo não quer matar seus alvos? Além disso, quanto graciosidade e, principalmente, sensibilidade e inteligência a dela? Ela vai bem com as armas e as palavras também.

Porque, apesar de se dispor a ajudar a nova amiga a ser readmitida, a Chisato sabe como a organização age, transformando seus erros em acertos, o que pode ser bom por um aspecto, mas por outro “sacrifica” as pessoas que expõem esses erros.

Vai ser interessante se o anime conseguir se aprofundar minimamente no núcleo da organização (na parte problemática dela) sem deixar de focar no LycoReco e no desenvolvimento das heroínas principais, além de falar do “outro lado” desse ofício.

É que, no fim das contas, mesmo que ajam de modo diferente, o propósito é o mesmo, ajudar a sociedade, então por que, com o tempo, a Takina não pode entender e concordar com o que a Chisato faz? Prefiro a filosofia dela, de evitar mortes quando possível.

Além disso, a Chisato critica a ordem social na qual ela mesma se insere, o que a Takina pode vir a fazer por influência da parceira. E o melhor de tudo será vermos onde as Lycoris convencionais não vão, ajudando pessoas e resolvendo casos sem tanta violência.

Por fim, apesar dos clichês e da premissa trair a razão para vender waifus (o que a maioria faz, né), me surpreendi positivamente com a construção de personagem das heroínas (principalmente a Chisato, que não é só uma boba alegre) e a perspectiva abordada.

Enquanto isso, a Takina é aquela personagem que deve mudar ao longo da jornada. O quanto e como só saberemos assistindo, afinal, é um anime original. Felizmente, dessa vez o A-1 Pictures nos apresentou a um que parece mais promissor como ideia e execução.

Até a próxima!

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